Apesar do desaire eleitoral nas eleições autárquicas do passado domingo, João Semedo, um dos coordenadores do Bloco de Esquerda, diz que “não vê qualquer razão” para pôr em causa a coordenação, a direcção ou a sua estratégia política.
Mas promete que se alguém no partido quiser discutir os resultados “encontrará espaço para o fazer com toda a naturalidade, sem discriminação ou preconceito”.
“Definimos, para estas eleições, quatro objectivos e ficámos longe de os alcançar; só alcançámos um deles. Não conseguimos manter a Câmara de Salvaterra de Magos; não elegemos um vereador [o próprio Semedo] em Lisboa por 52 votos; tivemos menos 45 mil votos, baixámos 0,62%, e perdemos mandatos nas câmaras, embora tenhamos conseguido nas freguesias”, enumerou João Semedo.
“A única vitória foi a das coligações anti-Jardim, onde derrotámos estrondosamente o jardinismo no Funchal”.
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Se os bloquistas forem capazes de reflectir sobre os comentários à notícia, talvez percebam por que motivos os seus eleitores se afastaram:
Luis Martins 15:33
Não deixa de ser irónico o BE pedir ao governo que se demita depois do desaire eleitoral e eles (que foram quem mais perdeu depois do PSD) assobiem para o lado, como se nada tivesse acontecido, dando "liberdade" para discutir, mas avisam à partida que essa discussão não terá consequências (isto é que é respeito democrático!).
Espero, contudo, que este fracasso sirva para que esta gente do BE deixe de falar pelo povo português, como se fossem donos da moral e da vontade do povo. Por mim não fala e por estas (como pelas anteriores) eleições pode dizer-se que não fala por quase ninguém.
Anónimo 16:15
O BE perdeu porque está a ser um partido igual aos outros, não luta por nenhum dos interesses do povo e não dá o exemplo. Como exemplo, deveria lutar para acabar com as ajudas aos partidos, regalias, assessores, carros com motoristas, ajudas, subvenções aos políticos e magistrados, regabofes, viagens e todos os benefícios dados aos partidos, fundações e políticos em geral.
Na Suécia, os juízes e parlamentares vão trabalhar com os próprios carros, não possuem ajudas, nem motoristas, nem assessores e o país funciona melhor que o nosso.
Portanto devem dar o exemplo. As pessoas só vão votar no BE em massa quando resolverem fazer isso.
Aleximandros
Setúbal 16:48
Vamos ser isentos, mas práticos: o problema do pessoal do BE, sobretudo a nível local, é que são uma "nata", a parte da sociedade sempre com ideias muito avant-garde mas quando se trata de trabalhar, ali no terreno, junto do povo que tanto apregoam, "tá quieto"...
E esta é a realidade do militante "médio" bloquista: para estarem num bar ou num café até às tantas da manhã a discutir em torno de uma mesa de cervejas e cigarros os "grandes rumos" servem, mas para estarem às 6h da manhã para abrir o mercado local, todos os dias, como acontece em algumas juntas, já não estão para isso...
Este contexto é um metaforismo para compreenderem melhor o meu pensamento, sou absolutamente neutro em relação ao espectro partidário português.
Alexandre Paris 17:03
O Bloco falhou naquela que seria a sua missão histórica: conseguir unificar a esquerda, excepto o PCP por razões óbvias, e viabilizar governos de esquerda com o PS.
O Bloco é dirigido por uma esquerda complexada, agarrada ao PREC, saudosista, olhando para o passado em vez de olhar para o futuro. Não compreendeu até hoje as aspirações democráticas e reformistas do seu eleitorado. Este retribui-lhe e nas próximas legislativas deverá desaparecer da Assembleia da República.
O Bloco deixou de fazer diferença, ouvir o seu discurso e o do PCP é a mesma cassete. Para isso o eleitorado prefere a cassete PCP, sempre tem garantia de antiguidade.
LuísP 17:59
O Bloco perdeu e perderá cada vez mais porque não tem credibilidade. Não a tem porque não quer. Louçã, a única figura credível, eclipsou-se. Cada vez mais dá a impressão de terem acabado todos o liceu anteontem.
A incapacidade de identificar causas maioritárias é preocupante. O discurso social-compassivo e o ar de fraternidade Erasmus — "vamos fazer coisas!" — não casam. Põem umas garotas a falar do desemprego, com um ar esperto e conscientes disso.
Por duas vezes, partilhei locais públicos com altos dirigentes desse partido. Numa, discutiam aos gritos divergências internas, no pressuposto talvez de que uma esplanada repleta equivalia a um plenário. Na outra, uma deputada, mencionando nomes, alardeava em voz alta certos podres parlamentares e o seu desprezo pela função representativa.
Andrade 20:59
Ficamos a saber que foi o BE que derrotou Jardim.
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