terça-feira, 1 de outubro de 2013

O declínio do Bloco de Esquerda


Apesar do desaire eleitoral nas eleições autárquicas do passado domingo, João Semedo, um dos coordenadores do Bloco de Esquerda, diz que “não vê qualquer razão” para pôr em causa a coordenação, a direcção ou a sua estratégia política.
Mas promete que se alguém no partido quiser discutir os resultados “encontrará espaço para o fazer com toda a naturalidade, sem discriminação ou preconceito”.

Definimos, para estas eleições, quatro objectivos e ficámos longe de os alcançar; só alcançámos um deles. Não conseguimos manter a Câmara de Salvaterra de Magos; não elegemos um vereador [o próprio Semedo] em Lisboa por 52 votos; tivemos menos 45 mil votos, baixámos 0,62%, e perdemos mandatos nas câmaras, embora tenhamos conseguido nas freguesias”, enumerou João Semedo.

A única vitória foi a das coligações anti-Jardim, onde derrotámos estrondosamente o jardinismo no Funchal”.

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Se os bloquistas forem capazes de reflectir sobre os comentários à notícia, talvez percebam por que motivos os seus eleitores se afastaram:


Luis Martins 15:33
Não deixa de ser irónico o BE pedir ao governo que se demita depois do desaire eleitoral e eles (que foram quem mais perdeu depois do PSD) assobiem para o lado, como se nada tivesse acontecido, dando "liberdade" para discutir, mas avisam à partida que essa discussão não terá consequências (isto é que é respeito democrático!).
Espero, contudo, que este fracasso sirva para que esta gente do BE deixe de falar pelo povo português, como se fossem donos da moral e da vontade do povo. Por mim não fala e por estas (como pelas anteriores) eleições pode dizer-se que não fala por quase ninguém.

Anónimo 16:15
O BE perdeu porque está a ser um partido igual aos outros, não luta por nenhum dos interesses do povo e não dá o exemplo. Como exemplo, deveria lutar para acabar com as ajudas aos partidos, regalias, assessores, carros com motoristas, ajudas, subvenções aos políticos e magistrados, regabofes, viagens e todos os benefícios dados aos partidos, fundações e políticos em geral.
Na Suécia, os juízes e parlamentares vão trabalhar com os próprios carros, não possuem ajudas, nem motoristas, nem assessores e o país funciona melhor que o nosso.
Portanto devem dar o exemplo. As pessoas só vão votar no BE em massa quando resolverem fazer isso.

Aleximandros
Setúbal 16:48
Vamos ser isentos, mas práticos: o problema do pessoal do BE, sobretudo a nível local, é que são uma "nata", a parte da sociedade sempre com ideias muito avant-garde mas quando se trata de trabalhar, ali no terreno, junto do povo que tanto apregoam, "tá quieto"...
E esta é a realidade do militante "médio" bloquista: para estarem num bar ou num café até às tantas da manhã a discutir em torno de uma mesa de cervejas e cigarros os "grandes rumos" servem, mas para estarem às 6h da manhã para abrir o mercado local, todos os dias, como acontece em algumas juntas, já não estão para isso...
Este contexto é um metaforismo para compreenderem melhor o meu pensamento, sou absolutamente neutro em relação ao espectro partidário português.

Alexandre Paris 17:03
O Bloco falhou naquela que seria a sua missão histórica: conseguir unificar a esquerda, excepto o PCP por razões óbvias, e viabilizar governos de esquerda com o PS.
O Bloco é dirigido por uma esquerda complexada, agarrada ao PREC, saudosista, olhando para o passado em vez de olhar para o futuro. Não compreendeu até hoje as aspirações democráticas e reformistas do seu eleitorado. Este retribui-lhe e nas próximas legislativas deverá desaparecer da Assembleia da República.
O Bloco deixou de fazer diferença, ouvir o seu discurso e o do PCP é a mesma cassete. Para isso o eleitorado prefere a cassete PCP, sempre tem garantia de antiguidade.

LuísP 17:59
O Bloco perdeu e perderá cada vez mais porque não tem credibilidade. Não a tem porque não quer. Louçã, a única figura credível, eclipsou-se. Cada vez mais dá a impressão de terem acabado todos o liceu anteontem.
A incapacidade de identificar causas maioritárias é preocupante. O discurso social-compassivo e o ar de fraternidade Erasmus — "vamos fazer coisas!" — não casam. Põem umas garotas a falar do desemprego, com um ar esperto e conscientes disso.
Por duas vezes, partilhei locais públicos com altos dirigentes desse partido. Numa, discutiam aos gritos divergências internas, no pressuposto talvez de que uma esplanada repleta equivalia a um plenário. Na outra, uma deputada, mencionando nomes, alardeava em voz alta certos podres parlamentares e o seu desprezo pela função representativa.

Andrade 20:59
Ficamos a saber que foi o BE que derrotou Jardim.


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