Um documento confidencial publicado pelo jornal britânico The Guardien demonstra que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos pôs sob escuta os telefones de 35 líderes mundiais.
Um memorando confidencial, obtido através do analista informático Edward Snowden que trabalhou para a NSA, revela que esta agência incentiva altos funcionários dos departamentos seus "clientes" — a Casa Branca, o Departamento de Estado e o Pentágono —, a partilhar as "Agendas de telefones" com a agência para que esta possa acrescentar os números de telefone de líderes políticos estrangeiros aos seus sistemas de vigilância.
Eis o teor do memorando:
Os clientes podem ajudar o SID [Direcção de Informação de Sinal] a obter números de telefone alvo
Data: 10 de Outubro de 2006
Num caso recente, um funcionário dos EUA forneceu à NSA 200 números de telefone de 35 líderes mundiais. Os operadores de S2 entregaram imediatamente esta informação aos centros de produção do S2 (PCs). Apesar da maioria, provavelmente, estar disponível em fonte aberta, os PCs anotaram 43 números de telefone previamente desconhecidos. Esses números, além de vários outros, têm sido monitorizados pelo OCTAVE.
Até agora, os PCs anotaram pouca informação reportável a partir destes números específicos, que parece não terem ser usados para discussões sensíveis. No entanto, estes números têm fornecido informações sobre outros números que, posteriormente, foram monitorizados.
Este sucesso leva o S2 a perguntar se existem ligações da NSA cujos clientes podem estar dispostos a partilhar as suas 'Agendas de telefones' ou listas de telefones com a NSA como fontes potenciais de informação. O S2 acolhe com prazer tal informação!
Segundo o jornal Público, a NSA não pretendia com este memorando sugerir uma nova prática, mas relembrar procedimentos enraizados: “De tempo a tempo, é disponibilizado à SID acesso às listas de contactos pessoais de funcionários dos EUA. Tais agendas de telefone podem conter informações sobre os contactos de líderes políticos ou militares estrangeiros, incluindo linha directa, fax, morada e números de telemóveis.”
Portanto tal vigilância não foi um acto isolado. A agência não só tem por rotina a função de escutar os líderes mundiais, como também pede a ajuda dos “clientes” para fazê-lo.
Os aliados europeus dos EUA não gostaram de saber que têm os telefones sob escuta. Mesmo que Obama tenha acabado com esta prática da administração Bush quando chegou à Casa Branca em 2009, algo que não está garantido, como actual presidente dos EUA devia ter apresentado desculpas aos líderes dos países aliados que têm ou, pelo menos, tiveram os telefones sob escuta.
A chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou a Barack Obama para manifestar o seu desagrado. Para aliviar a tensão, a Casa Branca emitiu um comunicado de imprensa através do seu porta-voz: “O Presidente garantiu que os Estados Unidos não estão a monitorizar, nem vão monitorizar as comunicações [da chanceler]". Mas não conseguiu resolver o assunto, porque os EUA não negaram ter escutado o telefone no passado.
Chegada a Bruxelas para uma reunião cimeira da União Europeia, Merkel acusou os EUA de quebra de confiança. "Precisamos de confiar nos nossos aliados e parceiros, e isso deve ser estabelecido novamente. Repito que a espionagem entre amigos não é de todo aceitável contra qualquer pessoa, o que abrange todos os cidadãos da Alemanha."
REUTERS/Tobias Schwarz
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