sábado, 5 de outubro de 2019

Sabe como se converte os votos em deputados?


A campanha eleitoral terminou. Resta a ameaça dos socialistas de processarem Joaquim Gustavo Elias por difamação, porém, vai ser esquecida na noite de domingo.
Em primeiro lugar porque é verdade que António Costa meteu férias no rescaldo dos incêndios de Pedrógão Grande e do roubo do armamento de Tancos.
Por outro lado, a última coisa que o primeiro-ministro quer, durante o governo da geringonça 2.0, é ter de ouvir a comunicação social recordar os 115 mortos dos trágicos incêndios de 2017 sempre que noticiasse mais uma audiência do processo.

Portanto aproveitemos este sábado de reflexão antes do dia das eleições legislativas 2019 para percebermos como é feito o apuramento dos resultados eleitorais, quer nas eleições presidenciais, quer nas eleições legislativas.

Depois de uma campanha eleitoral tão tensa, será um prazer visionar este vídeo bem humorado, mas rigoroso, da responsabilidade do parlamento português:





Como vê, caro leitor, a Matemática é fundamental até para converter votos em deputados e não tem que ser um assunto enfadonho.


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Uma campanha eleitoral lamentável - II


Já foi identificado o idoso que criticou António Costa, na arruada de Lisboa, por ter metido férias no rescaldo dos incêndios de Pedrógão Grande em 2017. Miguel Coelho, autarca do PS, escreveu no Facebook:





O website do CDS-PP lista Joaquim Gustavo Pinto dos Santos Elias como candidato, em 2001, à assembleia da (antiga) Freguesia de São José, no concelho de Lisboa, na condição de independente. Um seu filho militante do CDS-PP, chamado José dos Santos Elias, foi o cabeça de lista.




Entretanto o CDS-PP divulgou um comunicado confirmando que o idoso foi um antigo autarca do partido, mas negando ter tido qualquer participação no incidente e condenando a irascibilidade de António Costa:
(...)

3. Confirmamos que há anos o senhor foi autarca do CDS numa Junta de Freguesia. Esclarecemos que a sua actuação não teve qualquer ligação, instrução ou articulação com o partido, que a ela é completamente alheio. Não criámos qualquer situação, não tivemos qualquer conhecimento nem fomos coniventes.

4. Rejeitamos e repudiamos qualquer acto de agressão, física ou verbal, em qualquer circunstância e mais ainda em período de campanha eleitoral, como de resto foi referido pela Presidente do CDS durante a campanha, ela própria alvo de vários ataques verbais e um também físico.

5. Se algum partido ou líder quer desculpar uma atitude menos reflectida, não procure no CDS uma justificação para o que é injustificável. Depois de uma atitude desproporcionada, António Costa decidiu acusar sem provas e de forma absolutamente reprovável um partido político fundador da democracia. Não vale tudo em campanha eleitoral. Nós honramos a herança que recebemos dos fundadores do nosso partido.


*

Esperava-se que a campanha eleitoral das eleições legislativas de 6 de Outubro fosse um espaço onde tanto os líderes como os especialistas em áreas primordiais dos maiores partidos políticos identificassem os problemas do País, apresentassem soluções e defendessem as suas propostas.
Não foi isso que sucedeu porque o superministro das Finanças, autor de políticas de ausência de investimento público num período de crescimento económico mundial e de cativações no sector da saúde altamente controversas, recusou participar nesse debate.

Contudo, pior que a inexistência de debate, foi o clima de tensão criado pelo partido socialista quando, após o primeiro confronto do seu líder e primeiro-ministro com o líder do maior partido da oposição, começou a cair nas sondagens e apercebeu-se que não conseguiria obter a tão ambicionada maioria absoluta.
Aliás, António Costa não só foi incapaz de sofrear o desvario dos militantes do seu partido, como ele próprio se desequilibra e reage com fúria a uma crítica pertinente — a questão das suas férias no rescaldo dos incêndios de Pedrógão Grande — na sua última arruada.

Chegamos ao fim da campanha eleitoral com uma bipolarização entre a esquerda e a direita numa altura em que a época das vacas gordas se aproxima do fim e algumas nuvens começam a aparecer no horizonte económico mundial. E impõe-se uma pergunta: será António Costa capaz de segurar o leme de um governo no meio de uma tempestade?


Uma campanha eleitoral lamentável


A campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2019, que hoje chega ao fim, decorreu num clima pouco democrático.

O primeiro caso foi a recusa de Mário Centeno, ministro das Finanças, para debater o cenário macroeconómico do programa do PSD com Álvaro Almeida, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e co-autor da parte económico-financeira desse programa, sendo grave ter ocultado os números correspondentes no programa socialista.

Depois, no parlamento, PS, BE e PCP uniram-se para rejeitar que a reunião da comissão permanente pedida pelo PSD para debater o encobrimento do roubo de armamento em Tancos se realizasse antes das eleições.

Finalmente, há a lamentar dois episódios violentos em arruadas. O primeiro ocorreu anteontem quando Assunção Cristas, líder do CDS-PP, foi empurrada por uma mulher numa arruada, no Porto, mas reagiu calmamente:




Atitude bem diferente teve António Costa, hoje, numa arruada em Lisboa. Quando um homem o criticou, lembrando que Costa tinha estado de férias durante os incêndios de Pedrógão Grande, o primeiro-ministro exaltou-se:




Neste vídeo pode assistir-se a toda a conversa, vendo-se António Costa a gritar repetidamente "É mentira":



Depois prossegue a arruada, mas vira-se para trás enfurecido e ainda chama "mentiroso" ao idoso que o questiona, sendo travado pela sua comitiva.

*

Dá a sensação que estamos a reviver o clima de tensão que existiu durante o ano 1975, naquele período que ficou conhecido como o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) quando o país esteve à beira de resvalar para uma ditadura de esquerda.