Consta que o júri do concurso para a subconcessão dos terrenos e infra-estruturas dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) vai propor a esta empresa estatal a adjudicação da operação à Martifer.
Este concurso envolve uma área total de 245.162 m² para o "exercício da indústria de construção e reparação de navios, podendo ainda ser utilizada para a instalação de indústria de fabricação de componentes para aerogeradores eólicos e para o exercício da indústria metalomecânica".
Decorreu até 23 de Setembro e tinha apenas dois critérios de avaliação, ambos de cariz financeiro.
O primeiro era a renda anual proposta por cada concorrente pelos terrenos e infra-estruturas a subconcessionar pela administração dos ENVC até 31 de Março de 2031, com um peso de 70% na avaliação do júri.
O segundo exigia o pagamento de uma caução, que "não poderá ser inferior a 5% da soma das rendas anuais propostas durante todo o período da subconcessão", num total de 209 meses (17,42 anos), pesando o montante proposto 30% na avaliação.
Das oito entidades nacionais e estrangeiras que levantaram o caderno de encargos do concurso, apenas apresentaram propostas a Martifer e a A.K. do magnata russo Andrey Kiselev, empresário que já tinha concorrido ao frustrado concurso de privatização daqueles estaleiros.
A concorrente A.K. Portugal — Consultoria de Gestão foi agora excluída pelo júri porque apresentou uma garantia bancária de um banco russo com notação de risco B+ quando o concurso exigia uma notação mínima BB-.
Ontem terminava o prazo de cinco dias adicionais para entregar nova garantia bancária, mas a A.K. apresentou apenas um requerimento a pedir mais dez dias úteis, o que não foi aceite.
Portanto o júri só validou a proposta subscrita pela Martifer Energy Systems e pela sua participada Navalria.
A Navalria explora os estaleiros navais de Aveiro donde já saíram os últimos navios da Douro Azul, a operadora turística do rio Douro detida pelo empresário Mário Ferreira que mandou construir mais duas embarcações.
Anónimo 15:19
Essa dupla não é aquela que levou a Martifer para a bolsa a € 8,00 por acção e hoje vale quanto? Noooossa, ... € 0,57. Parabéns!
- Anónimo 15:50
Os € 8,00 foi no tempo da teta socializante... Aliás, em que mamavam por todos os lados, sem olhar a meios. Entretanto a teta esvaziou...
Saraiva14 15:22
O quê? Entregar os ENVC à Martifer, uma empresa falida?
Quem se deveria ter apresentado a concurso era o Partido Comunista Português e explorava aquilo em conjunto com os 'camaradas' que já lá tem! Quando falisse, falia e o Estado não tinha que lá pôr mais dinheiro!
Mário Raposo@Facebook 15:43
A proposta vencedora do concurso é subscrita pela Martifer e a sua participada Navalria, que explora os estaleiros navais de Aveiro, de onde saíram os últimos navios da Douro Azul e que está a construir mais duas embarcações para a operadora turística detida pelo empresário Mário Ferreira. Segundo, informações o consórcio tem trabalho em carteira. Uma decisão acertada, o tempo dirá!
Anónimo 15:48
Pode ser este o último negócio destes pistoleiros... Os Russos tinham uma garantia bancária BB-, mas quem é que emitiu a garantia bancária da Martifer? Neste momento há algum banco disponível para isso?
inguias 16:17
Se bem me lembro a Martifer ganhou também o concurso das minas de Aljustrel, durante o governo Sócrates. É bom sinal que não mais se tenha ouvido falar disso mas seria interessante uma reportagem a pesquisar como as coisas estão.
José Pereira 18:47
Quantos estaleiros navais, até com melhores condições, estão fechados na Europa? O grupo russo seria melhor solução? Conhecem esse grupo? A Martifer pode não ser a solução ideal mas são portugueses, penso ser positivo.
A situação internacional não é favorável para investimentos nesta área de negócio. Conheço vários estaleiros em Itália, Espanha, França que apenas se dedicam a reparar e, mesmo assim, com grandes dificuldades. Desejo sucesso à nova administração. Seria bom para a região e para Portugal.
Teixeira 19:20
Ficar em mãos Portuguesas? Grande mer$da! Se ficasse em mãos do norte da Europa, Leste, eram navios que vinham dessas paragens para serem arranjados aqui.
Onde vão estes metralhas, que se metem em tudo e mais alguma coisa — minas, construção naval, painéis solares, energia das ondas, construção metálica, centros comerciais —, buscar receitas para financiar isto tudo e encomendas para alimentar dois estaleiros navais? Onde?
- Carlinhos o grande! 20:20
É fácil... Normalmente quando se deve muito, não se pensa no pagamento. O problema deixa de ser do devedor e passa a ser do credor!
Quem deve suar todos os dias com o tamanho da imparidade, são os subempreiteiros, os fornecedores, os bancos, principalmente BES, Montepio e Banif... Há quem se gabe na Martifer dizendo "já fali mais um subempreiteiro".
A Martifer é uma casa para fechar, pela péssima gestão e pela falta de respeito básico pelos trabalhadores e pelos fornecedores. Não acredito que consiga voltar a ser uma boa empresa, ou pelo menos uma empresa saudável, enquanto for encabeçada por pessoas que premeiam a improficiência.
Anonymous 20:58
Garantias bancárias de magnatas, e gente estrangeira que investe no nosso país, não servem!
Aceitar garantias bancárias de bancos portugueses falidos e credores de uma dívida de centenas de milhões de euros da empresa ganhadora do concurso, sim! Onde está a coerência do concurso?
Vejo aqui comentários a criticar a Martifer, mas a Martifer é uma empresa grande, criada por estes dois senhores, com muitos empregados portugueses, cresceu obviamente com ajudas "políticas"...
O problema da empresa, hoje em dia, reside no facto destes senhores terem à sua volta pessoas que só lhes espetam facas nas costas e que pela frente se mostram verdadeiros "líderes". Está na altura dos manos abrirem os olhos e fazerem uma limpeza geral aos "velhinhos" da empresa, ou os accionistas se encarregarão de correr com eles de lá...
P.S.: Conheci Andrey Kisilev em 2010 e o Eng. Carlos Martins em 2011. Ambos inteligentes e ambiciosos, mas o primeiro tem o estilo russo frio e implacável, não se deixa rodear de chicos espertos nem de oportunistas.
*
Actualização em 4 de Outubro:
Martifer fica com os estaleiros de Viana, durante mais de 17 anos, por 415 mil euros anuais, metade do valor da renda proposta pelo grupo russo excluído do concurso.
Anónimo 08:54
Existem bares em Albufeira com rendas anuais mais elevadas...
Anónimo 17:20
Ao longo de vários anos da minha actividade profissional mantive muitos contactos com os ENVC. Conheci pessoas desde a Administração até ao porteiro. Pessoas como o Eng.Laranjeira (administração), Eng.Portela (div.cargos) e outros. Eram pessoas dedicadas e honestas.
Os operários eram boas pessoas mas comandados pelo PCP que lá, como em todos os locais de influência, trabalha para a instabilidade, para a distribuição antes da criação, para o confronto, para a miséria. Onde é que o PCP, alguma vez ou em qualquer momento, criou estabilidade laboral e prosperidade para as empresas ou seus trabalhadores? Na Coreia do Norte? Na Albânia? Na Bolívia? Em Cuba? Quem não sabe da miséria que lá existe e continuam a pregar e a intoxicar a população com as doutrinas socialistas. Ou a administração da Martifer entra a matar nos ENVC ou ao fim de pouco tempo acaba morta.
- antonio 17:26
Sem dúvida!
O principal cancro dos ENVC são mesmo os operários. Não por falta de competência, profissionalismo e vontade de trabalhar. Simplesmente porque estão mal sindicalizados. Aliás, pensam que estão sindicalizados e na realidade estão "associados" a uns tipos que os querem ver é na miséria!
Infelizmente devido aos "sindicatos" infelizes de Portugal, estes trabalhadores competentes e profissionais não terão qualquer futuro nos ENVC. Se a nova subconcessionária (Martifer) alguma vez ponderar a manutenção dos postos de trabalho nas condições actuais, estará a pôr em causa a viabilidade e competitividade dos estaleiros, pois lá no fundo money talks! Ou se fazem as coisas bem e com preços competitivos ou então... não falta quem faça noutras geografias!
- António André 23:33
Eu trabalhei nos Estaleiros da Setenave, uma empresa nacionalizada pelo governo de Vasco Gonçalves, e aconteceu neste estaleiro exactamente a mesma situação dos ENVC. Os sindicatos eram comunistas, a comissão de trabalhadores era comunista, e quem não fosse comunista era prejudicado, perseguido e ostracizado por eles.
Fazia-se todo o tipo de greves, manifs, chegou-se ao ponto dos armadores desistirem de colocar navios neste estaleiro, a empresa só tinha prejuízos acumulados e entrou em falência, eramos cerca de 5000 trabalhadores e chegámos a ter ordenados em atraso.
Este estaleiro entrou em rotura e foi entregue aos antigos donos que eram os da Lisnave.
A Lisnave fez uma limpeza, escolheu os trabalhadores que queria e dispensou os restantes. O Estado Português teve que indemnizar os restantes e ainda teve que pagar à Lisnave as mais valias pelo fecho do Estaleiro da Lisnave em Almada.
Sem comentários:
Enviar um comentário