segunda-feira, 6 de julho de 2015

Varoufakis sai, Tsakalotos passa para as Finanças gregas


O ministro suplente dos Negócios Estrangeiros grego, Euclides Tsakalotos, vai substituir Yanis Varoufakis que pediu a demissão.


O novo ministro das Finanças, Euclides Tsakalotos, (D) presta juramento durante a cerimónia de posse na presença do presidente Prokopis Pavlopoulos (C) e do primeiro-ministro Alexis Tsipras (E).
REUTERS/Alkis Konstantinidis

07 Jul, 2015, 08:21


Tal como sucedeu com a sua nomeação, foi Varoufakis quem anunciou a demissão no Twitter. E, na hora da saída, enalteceu a vitória no referendo, deixando uma alfinetada aos credores que, subtilmente, envolve Tsipras:
Já não sou ministro

O referendo de 5 de Julho vai ficar na história como um momento único em que uma pequena nação europeia se levantou contra a servidão da dívida.

Como todas as lutas pelos direitos democráticos, também esta histórica rejeição do ultimato do Eurogrupo de 25 de Junho tem um custo elevado. É, portanto, essencial que o enorme capital outorgado ao nosso governo pelo esplêndido voto no 'NÃO' seja imediatamente investido num 'SIM' a uma resolução adequada — num acordo que envolva a reestruturação da dívida, menos austeridade, redistribuição a favor dos necessitados e verdadeiras reformas.

Pouco depois do anúncio dos resultados do referendo, fizeram-me saber de uma certa preferência de alguns participantes do Eurogrupo, e vários 'parceiros', pela minha… 'ausência' das suas reuniões; uma ideia que o Primeiro-Ministro julgou ser potencialmente benéfica para poder chegar a um acordo. Por esta razão deixo hoje o Ministério das Finanças.

Considero ser meu dever ajudar Alexis Tsipras a tirar partido, como ele entender, do capital que o povo grego nos concedeu através do referendo de ontem.

Vou usar a aversão dos credores com orgulho.

Nós, da Esquerda, sabemos como agir colectivamente sem nos preocuparmos com os privilégios da função. Darei todo o meu apoio ao primeiro-ministro Tsipras, ao novo Ministro das Finanças e ao nosso governo.

O esforço sobre-humano para honrar o bravo povo da Grécia, e o famoso OXI [NÃO] que ele deu aos democratas de todo o mundo, está apenas a começar.

06 Jul, 2015, 20:39

A fascinação cultivada por Varoufakis havia sofrido um rombo com a entrevista ao Paris Match mas, apesar de ter sido relegado para segundo plano nas negociações dentro do Eurogrupo, conseguia permanecer no palco fornecido pela comunicação social.

Chamar terroristas, em entrevista ao El Mundo, aos colegas do Eurogrupo, aos líderes políticos europeus e aos responsáveis do BCE por se recusarem a aumentar o valor da assistência de liquidez de emergência (ELA) à banca grega, foi a gota de água que fez transbordar a impaciência dos líderes europeus e de... Tsipras.

O novo ministro das Finanças grego, Euclides Tsakalotos, já era, desde Abril, o responsável pela coordenação das negociações com os credores no Eurogrupo, sendo visto como um moderado.

Filho de um engenheiro naval, Tsakalotos nasceu em 1960 em Roterdão, nos Países Baixos, e cresceu no Reino Unido, tendo frequentado a privada e exclusiva St. Paul's School por onde passaram muitos ministros britânicos, incluindo o seu homólogo George Osborne. Casado com uma escocesa, estudou Política, Filosofia e Economia na universidade de Oxford onde fez o doutoramento em 1989. Perfilha a doutrina marxista e pertence ao comité central do Syriza, sendo próximo de Tsipras.

Vai desempenhar a função de construir pontes com os ministros das Finanças dos restantes 18 países da Zona Euro com o objectivo de, partindo da estaca zero, conseguir um acordo que permita à Grécia aceder a um terceiro resgate.

Reunidos hoje no Eliseu, François Hollande e Angela Merkel abriram as portas à negociação com a Grécia, deixando advertências:

06 Jul, 2015, 19:15


Para o presidente da França cabe agora ao governo de Alexis Tsipras "fazer propostas sérias que traduzam essa vontade de ficar na Zona Euro". Sublinhou que "a Europa é um conjunto fundado em valores e princípios, numa concepção do mundo. Nesta Europa há lugar para a solidariedade. Mas também há responsabilidade". O tempo urge: 20 de Julho é o fim da linha.

"A porta está aberta a conversações, mas neste momento ainda não temos condições para as iniciar. São precisas propostas concretas e de médio prazo que assegurem a estabilidade e a prosperidade da Grécia", repetiu a chanceler da Alemanha, tendo acrescentado: "Respeitamos a decisão do povo grego, mas temos de saber qual é a vontade dos outros 18 governos do euro que foram também eleitos democraticamente."


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