terça-feira, 24 de abril de 2012

In Memoriam Miguel Portas


Miguel Portas (1958-2012)
Nascido em Lisboa em 1 de Maio de 1958, Miguel Sacadura Cabral Portas licenciou-se em Economia no Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade Técnica de Lisboa, em 1986. Começou por se dedicar ao jornalismo, tendo dirigido a revista Contraste (1986), sido redactor no semanário Expresso (1988) e na sua Revista (1992-94) e director do semanário (1995). Publicou três livros — "E o resto é paisagem" (2002), "No Labirinto" (2006), sobre o Líbano, e "Périplo" (2009), resultado de longas viagens que efectuou pelos países do mar Mediterrâneo — e foi co-autor e apresentador de duas séries documentais para televisão — "Mar das Índias", em 2000, e "Périplo", 2005. Iniciou a sua vida política quando aderiu à União dos Estudantes Comunistas em 1973 e foi militante do PCP de 1974 a 1989. Miguel Portas integrou então a Terceira Via, grupo de militantes comunistas que se opunham à direcção, a maioria dos quais abandonou o partido após o golpe de Estado de 20 de Agosto de 1991 que conduziu à implosão da União Soviética, em protesto contra o apoio que a direcção do partido deu aos golpistas. Neste processo seriam expulsos do PCP figuras como Barros Moura, Raimundo Narciso e Mário Lino. Em 1989 foi co-fundador da Plataforma de Esquerda e, entre 1990 e 1991, assessor do então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Jorge Sampaio. Em 1994 criou a Política XXI, uma das formações políticas que se fundiram para dar origem, em 1999, ao Bloco de Esquerda (BE), partido onde ganhou notoriedade pública. Em 2004 tornou-se o primeiro deputado a ser eleito pelo BE para o Parlamento Europeu, com 4,9% dos votos, e em 2009 foi de novo o cabeça de lista do Bloco, que conseguiu ser o terceiro partido mais votado, com 10,7% dos votos e elegendo três deputados. No Parlamento Europeu, trabalhou em vários domínios tendo, na primeira legislatura, sido autor de um relatório sobre a integração dos imigrantes na Europa e, na actual, relator sobre o financiamento e funcionamento do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização. Faleceu esta tarde no Hospital ZNA Middelheim, em Antuérpia, Bélgica, de cancro do pulmão, doença que lhe foi diagnosticada em 2010. Culto, frontal, honesto, idealista utópico, acreditava na possibilidade de construir uma sociedade igualitária e multicultural e lutou até ao fim pelas suas convicções.

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