quarta-feira, 25 de junho de 2014

Manifesto de socialistas diz que governo de Sócrates foi um desastre


Na guerra desencadeada pelos socratistas para conquistarem o poder dentro do PS, a tomada de posição destes senhores era expectável para quem esteja lembrado da dissolução do parlamento por Jorge Sampaio, no final de 2004, para permitir a chegada de José Sócrates a primeiro-ministro.
O seu sócio Vera Jardim foi o ministro da Justiça que deixou encher o código do processo penal com aquela sucessão infinita de recursos que tão bem tem permitido ao respectivo escritório de advogados defender os interesses nascidos e enraizados no país após o 25 Abril.
Almeida Santos é o presidente da assembleia geral da GEO Capital - Investimentos estratégicos S.A., com sede em Macau, território tutelado por Mário Soares, enquanto presidente da República, onde os soaristas criaram interesses.
Manuel Alegre deve a José Sócrates ter sido o candidato socialista às eleições presidenciais de 2011. Não é propriamente uma surpresa o seu alinhamento na contenda, embora destoe um pouco no grupo.

Acabam de receber a devida resposta de quatro antigos dirigentes do PS — Henrique Neto, Gomes Marques, Ventura Leite e Rómulo Machado — neste manifesto:


"Sejamos consequentes

Foi com alguma surpresa que na passada sexta-feira lemos em dois jornais, “Público” e i, que quatro notáveis militantes do Partido Socialista — Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Vera Jardim e Almeida Santos — tomaram uma posição pública na actual contenda partidária do PS, pedindo urgência na solução do diferendo, posição que, intencionalmente ou não, é nas actuais circunstâncias favorável à candidatura de António Costa, mas dizendo, apesar de tudo, o que deveria ser para todos óbvio: “um partido não existe para si mesmo” e que “a prioridade é sempre Portugal”.

É esta frase óbvia que nos obriga a publicar este texto. Porque dificilmente haveria um outro tempo em que a frase tivesse tido maior oportunidade em ser usada do que durante os seis trágicos anos do descalabro económico, financeiro e social, que foi a governação de José Sócrates. Infelizmente, estas quatro relevantes personalidades do Partido Socialista mantiveram-se quase sempre caladas durante esse período, ou pior, colaboraram com as diatribes do então secretário-geral e primeiro-ministro, incluindo actos pouco democráticos, como alguns dos protagonizados pelo Dr. Almeida Santos. Nesse período sempre verificámos com angústia, como certamente muitos outros portugueses e socialistas, que o interesse nacional andou a reboque dos interesses partidários do grupo no poder, sem que isso tivesse conduzido a uma posição tão relevante como a que agora foi tornada pública.

Temos a plena consciência de que esta nossa tomada de posição é impopular em muitos sectores, fora e dentro do PS, na justa medida em que nos habituámos a venerar acriticamente os nossos maiores, aqueles que com maior ou menor razão e justiça se guindaram ao topo do poder político em Portugal. Fazemo-lo porque, como alguns outros socialistas, ganhámos esse direito durante esses seis anos, porque como militantes socialistas fomos ignorados nas nossas críticas, frequentemente vilipendiados, apenas por denunciar os erros, os jogos de interesses e os estragos que a governação do PS estava a infligir a Portugal. Escrevemos dezenas de textos, participámos em dezenas de programas de rádio e de televisão e, como alguns outros, sofremos o silêncio cúmplice de quem tinha a obrigação e o poder de evitar que o PS conduzisse Portugal para os braços da dependência internacional e para o sacrifício de milhões de portugueses.

Sejamos sérios, o actual governo de maioria PSD/CDS é um mau governo, que não sabe ou não quer evitar mais sacrifícios aos portugueses, mas não foi este Governo que preparou o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições. Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal. Inversamente, fazer voltar ao poder político os mesmos que no PS conduziram Portugal para o desastre, é um crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista.

Lisboa, 24 de Junho de 2014
António Gomes Marques
Henrique Neto
Joaquim Ventura Leite
Rómulo Machado"


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