sexta-feira, 19 de junho de 2015

As subconcessões da Carris e Metro de Lisboa - II


O grupo espanhol Avanza ficou classificado em primeiro lugar no relatório preliminar do júri do concurso para as subconcessões da Carris e do Metro de Lisboa, representando a sua proposta uma poupança para o Estado em mais de 215 milhões de euros.




O grupo espanhol Avanza que será responsável pela gestão do transporte público urbano de Lisboa divulgou em comunicado que vai receber 1075 milhões de euros do Estado pelos contratos das subconcessões da Carris e do Metro de Lisboa. Este montante inclui o custo por quilómetro percorrido e ainda 30% das receitas geradas pelas empresas de transporte público de Lisboa.

No caso da Carris, o contrato ascende a 625 milhões de euros e dura oito anos, contando a empresa com 2255 colaboradores, entre os quais 1353 motoristas e 138 guarda-freios para conduzir uma frota composta por 635 autocarros, 54 eléctricos, 3 ascensores e 1 elevador que serve 120 milhões de passageiros por ano.
No Metropolitano de Lisboa, o contrato é de 450 milhões de euros e prolonga-se por mais meio ano, dispondo a empresa de 334 carruagens para servir anualmente 140 milhões de passageiros.

Ao longo dos oito anos de contrato, os 70% das receitas representam 1713 milhões de euros — 833 milhões a gerar pela Carris e 880 milhões pelo Metro — a entregar pela Avanza ao Estado, o que significa que o Estado terá um encaixe de 638 milhões de euros.

O preço era o único critério do concurso para a entrega da operação das duas empresas de transporte público de Lisboa a privados, com o Governo a assumir a meta de atingir uma poupança de, pelo menos, 170 milhões de euros durante a vida destes contratos de concessão.
A proposta do grupo Avanza significa uma redução dos actuais encargos em mais de 215 milhões de euros durante o período das subconcessões.

O grupo Avanza foi uma das três empresas — a par da RATP-Régie Autonome des Transports Parisiens e da National Express — que apresentaram proposta conjunta para a Carris e para o Metro de Lisboa.

Controlado pelo grupo mexicano ADO, a Avanza é o maior operador privado de transporte público rodoviário em Espanha, tendo sido criado em 2002. No entanto, daquelas três empresas, era o concorrente de menor dimensão e de mais reduzida expansão internacional — apenas operava os transportes rodoviários urbanos de duas cidades portuguesas, Vila Real (Corgobus) e Covilhã (Covibus).
Tem 10 concessões de longa distância em Espanha, onde é o segundo maior operador a seguir à National Express, além da linha internacional que une Madrid e Lisboa.




Depois do júri do concurso apresentar o relatório preliminar, no qual propôs a ordenação das propostas, segue-se o período de audiência prévia aos cinco concorrentes, no final do qual será feito o relatório final. Esse documento será remetido ao conselho de administração da empresa Transportes de Lisboa a quem cabe aprovar a adjudicação.
O Governo tenciona assinar o contrato de subconcessão com o vencedor deste concurso até meados de Julho.

19 Jun, 2015, 20:50
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, revela que o caderno de encargos proíbe qualquer aumento extraordinário do preço dos bilhetes, ou seja, o preço dos bilhetes só pode aumentar à inflação. Caberá ao grupo Avanza a renovação da frota de autocarros, tendo de ser substituídos todos os autocarros com mais de 16 anos por outros com menos de 6 anos.

20 Jun, 2015, 13:32
Sérgio Monteiro sublinha a experiência do grupo Avanza na gestão dos transportes rodoviários da zona metropolitana de Madrid e um especialista em transportes do Instituto Superior Técnico prevê o despedimento de cerca de 560 trabalhadores nas empresas de transportes públicos de Lisboa. Um sindicalista da Federação dos Sindicatos de Transportes (FECTRANS) diz que o grupo Avanza receberá 50% das receitas de bilheteira da Carris e do Metropolitano de Lisboa (na verdade, são apenas 30%), daí concluindo que estas empresas públicas continuarão a endividar-se.


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O metro de Paris e também quase todas as linhas de eléctrico, uma parte das linhas de autocarro e duas linhas de comboio regional da Île-de-France, uma região administrativa que corresponde aproximadamente à zona metropolitana de Paris, são geridas pela RATP.
Trata-se de uma empresa pública francesa que tem um contrato de exploração com o Syndicat des transports d'Île-de-France (STIF), tendo obtido resultados positivos de 304 milhões de euros em 2013. Este sindicato é a autoridade que organiza os transportes da região Île-de-France, é dirigido pelo presidente do conselho regional e o seu objectivo é o bem-estar dos utentes. Era o meu concorrente preferido.

No Metropolitano de Lisboa o leque salarial ilíquido variava, em 2006, entre os 1000 e os 3500 euros pois os trabalhadores recebem, além dos salários base, uma componente variável que vai desde o subsídio de alimentação até ao de turno, passando por prémios de assiduidade e de desempenho. Os maquinistas, em especial, recebem subsídios de trabalho nocturno, subsídio de turno e subsídio pela abertura e fecho das portas que oscilava entre 317 euros e 475,50 euros mensais, entre outros.
Depois tentam desculpar-se com os swaps cujas perdas potenciais ascendiam a 1131 milhões de euros mas que não explicam, por si só, que o Metro de Lisboa tenha encerrado 2013 com uma dívida de 4281 milhões de euros.

Por que é que em Lisboa o objectivo dos sindicatos é dar mordomias escandalosas aos funcionários das empresas de transportes, empurrar os resultados destas para prejuízos e prejudicar os utentes com greves constantes?

Alguns comentários à notícia do Negócios:


Anónimo
14:12
O Partido Comunista e os sindicatos são os grandes perdedores ao não apresentarem propostas. As obras estão feitas e os espanhóis vão explorar. Os governos tiveram tempo de deixar as empresas nas mãos dos empresários portugueses.

Bom negócio
14:29
O Estado deixa de ter prejuízos gigantescos e ainda recebe 215 milhões! O medo dos sindicalistas compreende-se, pois só têm emprego os trabalhadores necessários, ah pois é! A mama acaba para muita gente. Ganham os utentes porque haverá menos greves.

Papão
14:49
A Avanza é especialista em transportes rodoviários, não tem experiência nenhuma em "metros" urbanos. Pode ser bom para a Carris, duvido seriamente que o Metro de Lisboa venha a beneficiar com este negócio.

Viva Portugal
15:19
Carris, Metro, TAP, Metro do Porto, STCP, o povo português começa a respirar de alívio ao fim de 40 anos de greves, prejuízos, dívida e mais dívida. Falta a vaca sagrada, RTP.


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