sábado, 25 de abril de 2015

Passos Coelho e Paulo Portas assinam compromisso para legislativas


Os presidentes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, Paulo Portas, escolherem o dia 25 de Abril para assinarem um compromisso que lhes permite concorrerem em coligação às próximas eleições legislativas e apoiar em conjunto aum candidato presidencial após essas eleições. Seguem-se as razões que cada um apresentou:

25 Abr, 2015, 20:46


O documento assinado contém 10 pontos:


  1. Decidimos propor aos órgãos nacionais do PSD e do CDS a formação de uma aliança para as eleições legislativas de 2015, visando garantir que Portugal terá, nos próximos 4 anos, um Governo estável e maioritário.

  2. Estamos convencidos que uma aliança entre o PSD e o CDS, aberta a independentes e com espírito de renovação, é a opção mais credível de governo para a próxima legislatura. Estamos em condições de propor aos portugueses um projecto mobilizador, capaz de acelerar o crescimento económico, incentivar a criação de emprego, eliminar, gradual mas firmemente, as medidas restritivas, sarar as feridas do ajustamento, realizar maior justiça social e, trabalhar para um país com oportunidades. Damos a garantia que outros não podem dar: as nossas propostas são viáveis, porque colocam Portugal sem défice excessivo e reduzem a dívida, cumprindo os nossos compromissos na União Europeia.

  3. A decisão de fazer esta proposta aos órgãos próprios do PSD e do CDS não foi tomada de ânimo leve. Realizar o bem comum é a missão essencial dos dirigentes políticos. Portugal sofreu muito na sua reputação com o que aconteceu em 2011; os Portugueses fizeram enormes esforços para salvar o país da bancarrota. Vivemos hoje um tempo em que Portugal recuperou a sua autonomia e é um país credível; os Portugueses podem finalmente aspirar a um tempo positivo e a uma vida melhor. Entendemos que o PSD e o CDS devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para vencer as próximas eleições, alargar a sua base de apoio e evitar o risco de Portugal desperdiçar o caminho feito e regressar a políticas erradas e ilusões perigosas. Os nossos eleitores não nos perdoariam se não fossemos capazes de colocar Portugal primeiro.

  4. Defenderemos com convicção esta proposta junto dos órgãos nacionais do PSD e do CDS. Os dois Partidos têm identidades diferentes e continuarão a honrar a sua história e a sua singularidade. Mas PSD e CDS têm experiência de Governo, cultura de compromisso e capacidade de entendimento. Essa mais valia não existe noutros sectores políticos.

  5. A aliança que proporemos ao PSD e ao CDS, envolve a constituição de listas eleitorais conjuntas. Serão baseadas na representação que os dois Partidos obtiveram nas últimas eleições legislativas, cumprirão os preceitos legais de igualdade de género e terão espaço para que sectores independentes e inovadores se juntem e contribuam para um projecto vencedor.

  6. A aliança que proporemos aos nossos Partidos, respeitará as autonomias regionais e incluirá o necessário diálogo para que, depois das eleições legislativas, apoiemos um candidato presidencial, tendo em atenção que as eleições presidenciais implicam decisões de vontade individual que não se esgotam nem dependem unicamente da esfera partidária.

  7. Na próxima semana PSD e CDS poderão debater e votar o projecto de acordo que apresentaremos. Se merecer aprovação como esperamos a nossa prioridade será apresentar aos Portugueses um programa orientado para o futuro, realista nas suas propostas, reformador na sua atitude e solidário nos seus objectivos. Esse programa reflectirá naturalmente os compromisso assumidos no Programa de Estabilidade e no Plano Nacional de Reformas mas deverá beneficiar ainda de contributos das equipas dos dois Partidos e de uma abordagem aberta e participada com a sociedade civil e as suas instituições.

  8. Consideramos muito importante para o interesse de Portugal poder aproveitar ao máximo os próximos 4 anos para o crescimento e o emprego: usar bem e a tempo os fundos europeus, agarrar com as duas mãos o momento de confiança que existe agora na economia portuguesa e acentuar as políticas que garantem o aumento do investimento e das exportações. Também contamos com a recuperação do consumo das famílias. Sublinhamos que este modelo, se for bem gerido, faz avançar a economia, dá margem para o desagravamento fiscal e permite melhorar a qualidade do serviço e do apoio nas políticas sociais. Pelo contrário, o regresso ao endividamento e ao despesismo do Estado comprometem a recuperação e viram-se contra a prioridade nacional que é a criação de emprego.

  9. Partimos com a ambição de vencer e sabemos que muitos Portugueses desejam um debate sério, profundo e rigoroso sobre as ideias das principais forças políticas. É por isso que tencionamos fazer uma campanha pela positiva que dignifique a democracia e seja sóbria nos recursos utilizados.

  10. Esta é a nossa posição. Acreditamos que a maioria dos Portugueses decidirá prestigiar Portugal e abrir um ciclo de merecida esperança. Contamos com cada Português e governaremos para todos com moderação, isenção e tolerância. Os Portugueses contam connosco.
    Lisboa, 25 de Abril de 2015

*

Percebe-se que o desgaste provocado pelos quatro anos de austeridade, provocados pela actuação irresponsável dos governos de José Sócrates que deixou descontrolar os défices públicos, obrigue PSD e CDS a concorrer coligados às eleições legislativas do próximo Outono.

No entanto, esta coligação corre o risco de empurrar para o voto nulo pessoas que não esqueceram a crise política desencadeada por Paulo Portas em Julho de 2013 com o objectivo de conseguir o cargo de vice-primeiro-ministro e que, por isso, não se revêem mesmo nada no dirigente do CDS.
Não obstante lhe reconhecermos intuição política — veja-se o espectacular resumo da declaração conjunta num mínimo de 4 pontos em linguagem de homem da rua —, penso que devemos recear as ambições políticas de Portas que, para já, consegue manter o peso eleitoral de Junho de 2011 na feitura das listas e escapar ao declínio do CDS evidenciado nas sondagens.

Claro que não podemos esquecer que no campo do PS está agora toda a quadrilha socratista — José Sócrates recebeu 25 milhões de euros em comissões de obras públicas e ninguém à sua volta ajudou e lucrou? — ansiosa por voltar a ter acesso aos cofres do ministério das Finanças. E que já revelou como tenciona chegar ao poder: acenando com um aumento fictício dos salários à custa da descapitalização da segurança social. Até o PCP percebeu.
Isto tornaria obrigatório não só um novo corte das pensões futuras, que aliás o projecto dos economistas do PS assume claramente, mas também a impossibilidade de pagamento das actuais pensões — porque são sustentadas pelas contribuições dos trabalhadores no activo —, o que iria impor o renascimento do PEC 4 socialista.


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