sexta-feira, 17 de abril de 2015

O êxodo africano para a Europa - I


Doze imigrantes ilegais foram atirados ao mar por outros clandestinos, durante uma discussão por motivos religiosos a bordo do bote em que todos tentavam chegar à Europa.


17 Abr, 2015, 13:55


Logo que desembarcaram em solo italiano, quinze muçulmanos da Costa do Marfim, Mali e Senegal foram detidos pelo assassínio dos doze cristãos, oriundos do Gana e da Nigéria, e acusados de homicídio agravado por ódio religioso.

É mais uma história dramática dos imigrantes oriundos de países da África subsaariana e da Síria que todos os dias continuam a chegar à Europa. Só nas últimas duas semanas, as autoridades resgataram do mar mais de 13 mil pessoas.

As equipas da ONU, que estão a acolher os imigrantes, tiveram de encaminhar para os hospitais vários queimados numa explosão que foram impedidos de receber assistência médica e obrigados a embarcar pelos traficantes.


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No final da primeira guerra mundial, os vencedores impuseram à Alemanha a perda das colónias. Estávamos em 1918. Mas poucos anos mais os outros países europeus permaneceram em África. A partir da segunda guerra mundial, Itália, Inglaterra, França, Espanha e Bélgica foram, sucessivamente, dando a independência aos territórios por si governados e saindo do continente africano. Portugal encerrou esta debandada em 1975.

Era, e ainda é, um continente bafejado pela sorte de possuir imensos recursos naturais. Os novos senhores dos países africanos foram bem sucedidos em explorar esses recursos, porém, em benefício próprio. Aliados a empresários sem consciência social das antigas potências colonialistas, os governantes autóctones enriqueceram e formaram elites opulentas enquanto os seus compatriotas definham numa miséria inimaginável há meio século atrás.
Houve algumas excepções. Léopold Senghor foi uma e, graças ao respeito mútuo e intercâmbio cultural com a antiga potência colonizadora, sem esquecer a exaltação da negritude, o Senegal é o País africano que tem desfrutado de maior estabilidade política e vida democrática.

África é hoje um continente retalhado de países dominados pelo Islão fanático e pela violência islamista ou por conflitos internos criados pela ganância de opositores que nada mais pretendem senão substituir os actuais governantes por novos oligarcas que mantenham os regimes plutocratas instalados.

Do outro lado do Mediterrâneo, está a Europa. A região mais rica do mundo apenas a uma centena de quilómetros das costas da Tunísia. A população africana pega nos parcos haveres e dá tudo o que tem para cumprir o sonho de chegar a solo europeu e enriquecer na terra da bem-aventurança. Mas quem realmente prospera são os traficantes sem escrúpulos que criaram as redes de emigração clandestina.

Entretanto a marinha italiana vai multiplicando as missões de recolha dos náufragos e alargando os centros de acolhimento de imigrantes em Lampedusa, a sua ilha mais meridional. A solução para o êxodo africano não está, porém, na transferência segura dos 1100 milhões de africanos para casa dos 740 milhões de europeus. A atitude certa será retirar apoio aos corruptos governantes dos países africanos, promover a educação das populações e impulsionar o desenvolvimento das suas incipientes economias.



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