quarta-feira, 15 de abril de 2015

O terramoto de Lisboa de 1755 em vídeo


Na manhã de 1 de Novembro de 1755, pelas 09:40, um terramoto sacudiu Lisboa e zonas limítrofes durante 3,5 a 6 minutos, tendo aberto fissuras de 5 m e provocado o desmoronamento da maior parte dos edifícios.

Os sobreviventes refugiaram-se no espaço vazio à beira do rio Tejo e viram a água recuar. Cerca de 40 minutos após o terramoto, porém, um maremoto engoliu a área do porto e a baixa da cidade. Cidadãos britânicos residentes em Lisboa relataram que "várias pessoas que percorriam a cavalo a grande estrada para Belém, em que um dos lados desce para o rio, asseveraram depois que as águas corriam tão depressa que eles foram forçados a galopar tão rápido quanto possível para locais mais altos com medo de serem arrastados".

Era o feriado do dia de Todos-os-Santos e as velas que os fiéis tinham acendido nas igrejas tombaram, provocando incêndios por toda a cidade. Nos locais que não foram atingidos pelo maremoto, as chamas lavraram durante cinco dias.

Não foi possível quantificar quantas pessoas morreram nesse dia, mas as estimativas apontam para um número compreendido entre 40.000 e 50.000 vítimas, tornando-o num dos terramotos mais mortíferos da história.

Os sismólogos estimam que o terramoto de Lisboa teve a magnitude 8,7 na escala do Momento, com epicentro no Oceano Atlântico a cerca de 200 km a oeste-sudoeste do Cabo de São Vicente.

Animação ampliada aqui. Clique em Motion e deslize a seta para ver o movimento das placas tectónicas nos últimos 150 milhões de anos.
Clique em Maps e seleccione Boundaries e Names para ver a posição actual das placas. O terramoto de Lisboa resultou do movimento — convergente (seleccione Velocity) — entre as placas africana e euro-asiática.


Desprezado pela aristocracia por ser oriundo da pequena nobreza, o primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, mais tarde agraciado com o título de Marquês de Pombal, esteve à altura do acontecimento, mandando enterrar os mortos para evitar epidemias e organizando equipas de bombeiros para combater os incêndios.
E logo encomendou ao arquitecto real, Carlos Mardel, ao engenheiro-mor do reino, Manuel da Maia, e ao arquitecto do Senado de Lisboa, Eugénio dos Santos, um plano para a reconstrução de Lisboa com grandes praças e ruas largas e rectilíneas, de tal forma que o seu novo centro, hoje conhecido por Baixa Pombalina, é uma das zonas nobres da cidade e causa admiração aos estrangeiros que nos visitam ter sido edificada no século XVIII. Os edifícios serão também os primeiros do mundo a serem projectados à prova de sismos: as gaiolas de madeira foram testadas pondo tropas a marchar para simular as vibrações sísmicas.

O primeiro-ministro não se limitou a lançar a reconstrução da cidade. Enviou um inquérito a todas as paróquias do país para apurar as características do sismo com este tipo de questões:

Em que instante começou e quanto tempo durou o sismo?
O choque foi sentido como maior numa direcção do que noutra? Exemplo, de Norte para Sul? Parece que os edifícios caíram mais para um lado do que para o outro?
O mar subiu ou baixou em primeiro lugar, e quantos palmos subiu acima do normal?

As respostas ao inquérito foram arquivadas na Torre do Tombo e permitiram aos cientistas actuais recolherem dados fiáveis para reconstituírem o fenómeno numa perspectiva científica. Dado que é a primeira iniciativa de descrição objectiva no campo da sismologia, o Marquês de Pombal é considerado um precursor desta ciência.

Quase três séculos depois, o Instituto Smithsonian, um grupo público de museus e centros de investigação nos Estados Unidos, recriou em vídeo os eventos ocorridos em Lisboa nesse longínquo dia 1 de Novembro de 1755:




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