sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O lado bom da recessão que aí vem




vl1950 07 Outubro 2010 - 17:27
2 erros primários de análise ...
... por preconceito.

Sr. Camilo Lourenço:
O seu primeiro erro está em reduzir o mercado interno aos não transaccionáveis. Daqui resulta que para si só podemos melhorar a nossa economia através das exportações, o que constitui o segundo erro.

Ora acontece que o mercado interno tem muito por onde se desenvolver: cinco exemplos para perceber melhor a minha crítica ... construtiva.
1º Podemos ter um forte sector de produção de medicamentos genéricos virado para o espaço interno e lusófono, com grandes poupanças a nível do orçamento de Estado e das importações. Na Alemanha os genéricos representam uns 50% do mercado de medicamentos. Sabia?
2º Somos o terceiro consumidor mundial de peixe (depois do Japão e Noruega), mas pescamos talvez um quinto do que consumimos. Temos costa e ilhas onde nos podemos transformar num grande produtor de aquacultura. As poupanças são incríveis. Ok?
3º Com uma redução no desperdício alimentar (não menos de 30%) podemos apostar na agricultura biológica, que é mais cara mas mais saudável. Ok?
4º O nosso maior consumidor de energia primária é o sector de transportes rodoviários (mais de 6 milhões de toneladas anuais de petróleo equivalente, para apenas 60 000 t na ferrovia!). Com uma política de desincentivo do uso do transporte individual e oferta de um sistema de transportes colectivos, públicos e privados, estaremos a obter eficiências e poupanças que pode imaginar e contabilizar. Ok?
5º Sabe qual é a posição de Portugal no consumo de água per capita? O sexto a nível mundial! Sabe o que isso significa em termos de desperdício? 3 500 milhões de m³/ano, ou seja, 0,6% do PIB (se tiver dúvidas perante o gigantismo dos números, consulte o Ministério do Ambiente e um estudo feito pelo Governo em 2001).

Meu caro, tudo isto sem depender das exportações mas substituindo importações, diminuindo o endividamento externo e criando emprego local.
E não me venha agora com o argumento de que não temos empresários para isso, porque lhe respondo por antecipação. Se não temos para isto teremos para apostar nas "suas" exportações?
Não lhe dou mais exemplos, que os há, porque espero que estes sejam suficientes para entender o meu ponto.

Portanto há outras soluções. Não são fáceis, mas são ... incrivelmente simples de perceber.

Cumprimentos


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