terça-feira, 15 de maio de 2012

Conversações e um bom jantar inauguram "Merkollande"




Depois de tomar posse no Palácio do Eliseu e do avião ser atingido por um raio, François Hollande chegou a Berlim, com um atraso de mais de uma hora, para o primeiro encontro bilateral com Angela Merkel.

Conforme esperado, ambos disseram na conferência conjunta que iam considerar medidas para estimular o crescimento económico na Grécia, desde que os gregos cumprissem o plano de austeridade exigido para permanecerem no euro.
"Vou respeitar o voto dos gregos, qualquer que seja", prometeu Hollande. "No entanto, tenho a responsabilidade de dar um sinal à Grécia. Vejo o sofrimento e os desafios que os gregos sentem. Os gregos precisam de saber que vão chegar medidas de crescimento que permitir-lhes-ão permanecer na zona euro."
Merkel concordou "que estamos preparados para ajudar a Grécia a superar os seus desafios estruturais, para ajudar com o crescimento" e "a Grécia pode ficar na zona euro [mas] é exactamente isso que os cidadãos gregos vão votar" nas próximas eleições de Junho.

O crescimento será um tema das conversações entre os líderes do euro em 23 de Maio e novamente no final de Junho, assegurou a chanceler alemã, reconhecendo que havia diferenças de ênfase sobre o crescimento com Hollande.
O presidente francês tinha pedido que o tratado europeu de inspiração alemã, que fixa limites para os défices orçamentais dos países da zona euro, fosse renegociado para que "aspectos de crescimento sejam reais e traduzíveis em realidade". Na cimeira de Junho, "tudo precisa ser colocado sobre a mesa", incluindo as despesas de investimento e a emissão conjunta de obrigações de dívida pública.
Merkel rejeita as "eurobonds" porque isso significava que os custos da dívida pública da França, que já perdeu o rating AAA, iriam cair sobre a Alemanha. Algo que os contribuintes alemães, já a suportarem as responsabilidades de três resgates — Grécia, Irlanda e Portugal —, nem querem ouvir falar.
Segundo uma pesquisa da revista Stern, 59% dos alemães rejeitam medidas para apoiar o crescimento económico que se traduzam em novas dívidas.

Hollande observou que líderes franceses e alemães de diferentes cores políticas tinham uma longa história de trabalho em conjunto para promover o projecto europeu comum: Schroeder e Jacques Chirac, bem como Helmut Kohl com François Mitterrand e Helmut Schmidt com Valéry Giscard d 'Estaing.





Depois da conferência de imprensa, o presidente Hollande e a chanceler Merkel jantaram costeletas de borrego e espargos no oitavo andar da Chancelaria, com vista para o parque Tiergartene e para o edifício do parlamento da Alemanha.
Os assessores dizem que eles tiveram uma conversa ampla sobre vários temas. Será que falaram da admirável confiança dos gregos na economia alemã, que vai levar ao colapso da banca pátria?


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