domingo, 5 de junho de 2011

Mudar, será possível?


Em tempos de crise as pessoas começam a definir prioridades e ir votar nos políticos portugueses não é, certamente, tarefa prioritária, pelo que era previsível que a abstenção iria aumentar.

Com quatro milhões de votos escrutinados está conhecido o resultado eleitoral:
  • CDS e PCP mantêm o seu eleitorado
  • BE cai fragorosamente devido aos votantes terem ido acudir ao PS
  • Apesar disso o PS tem uma queda abissal porque o eleitorado do centro deslocou-se maciçamente para o PSD
  • PSD é o claro vencedor destas eleições

Donde se conclui que é o eleitorado central, a classe média mais ou menos culta que até aprecia e reconhece valor ao investimento na investigação científica e ao desenvolvimento tecnológico, as grandes bandeiras do PS, mas não suporta que lhe vão ao bolso, quem decide as eleições entre os dois maiores partidos.

Esta bipolarização entre PSD e PS é boa para o País? Não, é péssima.
Das catorze eleições legislativas exactamente metade foram ganhas por cada um destes partidos.
Não é preciso escolher pessoas competentes para as listas de candidatos a deputados, não é preciso seleccionar, por mérito, os ministros, os secretários de Estado, os elementos dos gabinetes ministeriais. Tão certo como a noite suceder ao dia e o dia à noite, os dois maiores partidos revezam-se há 37 anos no governo do País, com os resultados que estão à vista: Portugal e a Grécia são os países mais pobres da zona euro.

O resultado das eleições legislativas 2011 é um bom resultado para o País? A saída de um primeiro-ministro completa e justamente descredibilizado, tanto a nível interno como no estrangeiro, porque deixou a dívida pública aumentar descontroladamente, será sempre salutar para Portugal.
Pior do que José Sócrates fez, com a complacência do presidente da República, note-se, deve ser difícil.

No entanto, não tenhamos ilusões: os bajuladores do costume já mudaram do servilismo à rosa para a subserviência laranja e fazem fila para receber as prebendas.
José Sócrates espatifou 75 mil milhões de euros em seis anos mas, nos próximos três anos, vai entrar dinheiro fresco: mais 78 mil milhões. Mas, ao contrário dos fundos comunitários do período 1985-95, não é oferta, é um empréstimo e a juros elevados. Novos “boys” se alevantam para o colher. Dentro de um par de meses vamos começar a ler os seus nomes publicados no Diário da República.
Os heróis do mar estão aposentados ou mortos. Os jovens licenciados de maior mérito vão continuar a emigrar.


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