Nascido na Foz do Douro, no Porto, a 3 de Janeiro de 1942, Vasco Navarro Graça Moura licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Exerceu a advocacia entre 1966 e 1983 e, a partir de então, enveredou pela carreira literária.
No início do processo democrático filiou-se no PPD, actual PSD, tendo desempenhado os cargos de secretário de Estado da Segurança Social no IV governo provisório (Março a Agosto de 1975) do general Vasco Gonçalves e secretário de Estado dos Retornados no VI governo provisório (Setembro de 1975 a Julho de 1976) liderado pelo almirante Pinheiro de Azevedo.
No entanto, embora fosse amigo de Francisco Sá Carneiro, cedo se desfiliou do partido para recuperar a independência de espírito que demonstrou nas eleições presidenciais de 1980, quando decidiu apoiar Ramalho Eanes contra Soares Carneiro. Teve, porém, especial simpatia por Cavaco Silva.
No entanto, embora fosse amigo de Francisco Sá Carneiro, cedo se desfiliou do partido para recuperar a independência de espírito que demonstrou nas eleições presidenciais de 1980, quando decidiu apoiar Ramalho Eanes contra Soares Carneiro. Teve, porém, especial simpatia por Cavaco Silva.
Foi administrador da Imprensa-Nacional Casa da Moeda (1979-1989) onde se esforçou por combater o progressivo esquecimento dos grandes escritores portugueses de antanho, comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha, de 1988 a 1992, e presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos, entre 1989 e 1995. A partir de 1996, foi director do serviço de bibliotecas e apoio à leitura da Fundação Calouste Gulbenkian.
Entre 1999 e 2009 regressou à política e foi eleito deputado ao Parlamento Europeu como independente nas listas do partido social-democrata.
Vasco Graça Moura foi um vulto cultural de primeira grandeza, deixando uma vasta obra literária com mais de meia centena de livros.
Destacamos os romances Quatro Últimas Canções (1987) e Meu Amor Era de Noite (2001) e, na poesia, Uma Carta no Inverno (1997), que recebeu o prémio da Associação Portuguesa de Escritores, e Poemas com Pessoas (1997), de entre quase trinta livros de poemas, que vão de Modo Mudando (1963) a O Caderno da Casa das Nuvens (2010).
No ensaio publicou obras como Luís de Camões, Alguns Desafios (1980), Camões e a Divina Proporção (1985), Os Penhascos e a Serpente (1987) e Sobre Camões, Gândavo e Outras Personagens (2000) que lhe dão um lugar relevante entre os cultores contemporâneos de Camões. Escreveu sobre temas tão variados como os Descobrimentos, a pintura portuguesa da Renascença, a pintura de Graça Morais, a literatura de David Mourão-Ferreira ou de Vitorino Nemésio e a vernaculidade da língua portuguesa à qual dedicou, em 2008, o ensaio Acordo Ortográfico: a Perspectiva do Desastre.
Da sua bibliografia há que fazer ainda referência à sua passagem pela dramaturgia com a peça Ronda dos Meninos Expostos (1987) e a sátira Auto de Mofino Mendes (1994) e às crónicas reunidas em Circunstâncias Vividas (1995), Papéis de Jornal e Outros Materiais (1997), Contra Bernardo Soares e Outras Observações (1999).
Mas o domínio onde se celebrizou foi como tradutor insigne que conseguia respeitar a métrica e a rima e aprimorar a obra traduzida, quer fosse a Divina Comédia e a Vita Nuova de Dante, ou as Rimas e Triunfos de Francesco Petrarca, ou os Testamentos de François Villon, ou ainda a integral dos Sonetos de Shakespeare.
Além de satisfazer o seu fino gosto estético, Graça Moura empenhou-se, como tradutor, para enriquecer o património literário disponível em língua portuguesa.
Poliglota notável — falava espanhol, francês, italiano, inglês e alemão—, traduziu também poetas como Pierre Ronsard, Rainer Maria Rilke, Gottfried Benn, Walter Benjamin, Federico García Lorca, Jaime Sabines, H. M. Enzensberger ou Seamus Heaney. E ainda as peças mais importantes de Corneille, Molière e Racine, os três grandes dramaturgos franceses do século XVII.
Poliglota notável — falava espanhol, francês, italiano, inglês e alemão—, traduziu também poetas como Pierre Ronsard, Rainer Maria Rilke, Gottfried Benn, Walter Benjamin, Federico García Lorca, Jaime Sabines, H. M. Enzensberger ou Seamus Heaney. E ainda as peças mais importantes de Corneille, Molière e Racine, os três grandes dramaturgos franceses do século XVII.
O Prémio Pessoa (1995) e a medalha de ouro de 1998 da Comuna de Florença foram atribuídos à sua tradução da Divina Comédia. Mas a maior distinção foi o Prémio Nacional de Tradução (2007) do Ministério da Cultura de Itália, por decisão unânime do júri, pela sua “rica e vasta actividade como tradutor, que contribuiu de forma especial para a divulgação, em Portugal e nos países lusófonos, das mais marcantes obras da literatura italiana, em versões de alta qualidade estética e de escrupuloso respeito pelos originais”.
Com uma profunda cultura humanística, foi naturalmente uma das vozes mais críticas dentro do conjunto de portugueses que defendem a língua portuguesa contra a mutilação perpetrada pelo Acordo Ortográfico de 1990, que considerava um crime de lesa-língua que apenas “serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo".
Em coerência, quando foi nomeado, em Janeiro de 2012, para a presidência da Fundação Centro Cultural de Belém, função que desempenhou quase até ao último dia de vida, deu instruções aos serviços para não aplicarem o Acordo Ortográfico e para que os conversores nele baseados fossem desinstalados de todos os computadores da fundação.
Sem comentários:
Enviar um comentário