terça-feira, 25 de setembro de 2012

No país das fundações - I


O Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, acordado com a UE, o FMI e o BCE, determina uma análise detalhada das entidades das administrações públicas para decidir a sua manutenção ou extinção.

Por outro lado, o programa do Governo tem como prioridades a redução da estrutura organizativa do Estado e seus custos, bem como a promoção de uma maior eficiência operacional e uma maior eficácia governativa, com redução do denominado «Estado Paralelo» onde se encontram as fundações públicas.

Na consecução deste compromisso, a Assembleia da República, através da Lei 1/2012 determinou a realização de um censo dirigido às fundações, nacionais ou estrangeiras, que prossigam os seus fins em território nacional, com vista a avaliar o respectivo custo/benefício e viabilidade financeira e decidir sobre a sua manutenção ou extinção, tratando-se de fundações públicas, sobre a continuação, redução ou cessação dos apoios financeiros concedidos, bem como sobre a manutenção ou cancelamento do estatuto de utilidade pública, tratando-se de todo o tipo de fundações.

Relativamente às 230 fundações avaliadas, a Resolução do Conselho de Ministros 79-A/2012, hoje publicada, decide a manutenção de 92 fundações e, para as restantes, aprova as decisões seguintes:

  • O Governo vai extinguir 4 fundações:
    Fundação Cidade de Guimarães
    Fundação Museu do Douro
    Côa Parque — Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa
    Fundação para a Protecção e Gestão Ambiental das Salinas do Samouco

  • Vai cortar a totalidade dos apoios financeiros públicos a 10 fundações:
    Fundação Casa de Mateus
    Fundação Oriente
    Fundação Casa de Bragança
    Fundação Luso Africana para a Cultura
    Fundação D. Manuel II
    Fundação Vox Populli
    Fundação para as Comunicações Móveis
    Fundação Alter Real
    Fundação Mata do Buçaco
    Fundação Convento da Orada

  • Vai reduzir 50% dos apoios à
    Fundação Portuguesa das Comunicações (através da ANACOM e CTT)

  • Vai reduzir 30% dos apoios a outras 38:
    Fundação para os Estudos e Formação Autárquica - Fundação CEFA
    Fundação da Juventude
    Fundação Arpad Szénes – Vieira da Silva
    Fundação Casa da Música
    Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo
    Fundação de Serralves
    Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva
    Fundação Conservatório Regional de Gaia
    Fundação Bracara Augusta
    Fundação Batalha de Aljubarrota
    Fundação Pedro Ruivo
    Fundação de Assistência Médica Internacional
    Fundação Mário Soares
    Fundação Inês de Castro
    Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado
    Fundação do Gil
    Fundação Manuel Viegas Guerreiro
    Solidários – Fundação para o Desenvolvimento Cooperativo e Comunitário
    Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita Carvalho
    Fundação Casa Museu Maurício Penha
    Fundação Amadeu Dias
    Fundação António Quadros – Cultura e Pensamento
    Fundação das Universidades Portuguesas
    Fundação Eça de Queiroz
    Fundação Engenheiro António de Almeida
    Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva – Universidade do Porto
    Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral
    Fundação Minerva – Cultura – Ensino e Investigação Científica
    Fundação Professor Francisco Pulido Valente
    Fundação Económicas – Fundação para o desenvolvimento das ciências económicas, financeiras e empresariais
    Fundação Conservatório de Música da Maia
    Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa
    Asilo de Santo António do Estoril
    Fundação Denise Lester
    IFEC - Fundação Rodrigues da Silveira
    Pro Dignitate - Fundação de Direitos Humanos
    Fundação INATEL
    Fundação Aga Khan Portugal

  • Vai reduzir 20% dos apoios financeiros públicos
    Fundação Centro Cultural de Belém

  • Manter apenas os apoios financeiros públicos associados a contratos plurianuais de parcerias em execução a 3 fundações:
    Fundação Cidade de Lisboa
    Fundação Portugal-África
    Instituto Marquês de Valle Flor.

  • Vai cancelar o estatuto de utilidade pública a 3 fundações:
    Fundação Manuel Simões
    Fundação Frei Pedro
    Fundação Manuel Leão

  • Vai recomendar às instituições de ensino superior públicas fundadoras a extinção de 13 fundações:
    Fundação Carlos Lloyd de Braga (Universidade do Minho)
    Fundação Cultural da Universidade de Coimbra (Universidade de Coimbra)
    Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Universidade de Lisboa)
    Fundação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (Universidade Nova de Lisboa)
    Fundação da Universidade de Lisboa (Universidade de Lisboa)
    Fundação Fernão de Magalhães para o Desenvolvimento (Instituto Politécnico de Viana do Castelo)
    Fundação Gomes Teixeira (Fundação da Universidade do Porto)
    Fundação Instituto Politécnico do Porto (Instituto Politécnico do Porto)
    Fundação João Jacinto de Magalhães (Fundação da Universidade de Aveiro)
    Fundação Luis de Molina (Universidade de Évora)
    Fundação Museu da Ciência (Universidade de Coimbra)
    FNE — Fundação Nova Europa (Universidade da Beira Interior)
    Fundação para o Desenvolvimento da Universidade do Algarve (Universidade do Algarve)

  • Vai recomendar à CGD a redução de 30% dos apoios financeiros às fundações:
    Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest
    Fundação Júlio Pomar

  • Propõe às autarquias

    • a extinção de 21 fundações:
      Fundação ELA, Município de Vila Nova de Gaia
      Fundação PortoGaia para o Desenvolvimento Desportivo, Município de Vila Nova de Gaia
      Fundação Carnaval de Ovar, Município de Ovar
      Fundação Paula Rêgo, Município de Cascais
      Fundação D. Luís I, Município de Cascais
      Fundação Bienal de Arte de Cerveira, Município de Vila Nova de Cerveira
      Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto, Município do Porto
      Fundação Ciência e Desenvolvimento, Município do Porto
      Escola Profissional de Setúbal, Município de Setúbal
      Escola Profissional de Leiria, Município de Leiria
      Fundação de Ensino Profissional da Praia da Vitória, Município de Praia da Vitória
      Fundação Odemira, Município de Odemira
      Fundação Serrão Martins, Município de Mértola
      Fundação Dr. Elias de Aguiar, Município de Vila do Conde
      Fundação Comendador Manuel Correia Botelho, Município de Vila Real
      Fundação Robinson, Município de Portalegre
      Fundação António Aleixo, Município de Loulé
      Fundação Arquivo Paes Teles, Freguesia de Ervedal (Avis)
      Fundação Santo Thyrso, Município de Santo Tirso
      Fundação Marquês de Pombal, Município de Oeiras
      Fundação Cultura Juvenil Maestro José Pedro, Município de Viana do Castelo

    • o corte total de apoios a 4 fundações:
      Fundação Arbués Moreira, Município de Sintra
      Fundação Cultursintra, Município de Sintra
      Fundação Abel e João de Lacerda, Município de Tondela
      Fundação Terras de Santa Maria da Feira, Município de Santa Maria da Feira

    • o corte de 30% dos apoios a 12 fundações:
      Fundação Cascais, Município de Cascais
      Fundação Átrio da Música, Município de Viana do Castelo
      Fundação Gil Eannes, Município de Viana do Castelo
      Fundação Cidade Ammaia, Município de Marvão
      Fundação Os Nossos Livros, Município de Bragança
      Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende, Município de Gondomar
      Fundação A Lord, Freguesia do Lordelo (Paredes)
      Fundação João Carpinteiro, Município de Elvas
      Fundação Castro Alves, Município de Vila Nova de Famalicão
      Fundação Maria Ulrich, Município de Lisboa
      Fundação Manuel Cargaleiro, Município de Castelo Branco
      Fundação Frederic Velge, Município de Grândola

  • Foi proposta ao Governo Regional da Madeira a extinção da
    Fundação Madeira Classic

  • O Governo Regional dos Açores não aceitou as propostas relativas às fundações:
    Fundação Gaspar Frutuoso (extinção)
    Fundação Engenheiro José Cordeiro (redução de 30% dos apoios)
    Fundação Rebikoff-Niggeler (cancelamento do estatuto de utilidade pública)

  • Para as fundações que forneceram respostas incompletas e/ou não disponibilizaram documentação no âmbito do censo, o Governo determinou o seguinte:

    • Cancelamento do estatuto de utilidade pública:
      Fundação Hispano-Portuguesa Rei Afonso Henriques
      Fundação Nadir Afonso

    • Não atribuição de número de registo para efeitos de obtenção de apoios financeiros públicos:
      Armazém das Artes — Fundação Cultural
      Fundação Marion Ehrhardt
      Fundação D. António Ribeiro
      Fundação do Jardim José do Canto
      Fundação GDA

  • Por falta de reconhecimento como fundações, o Governo vai notificar o Instituto dos Registos e Notariado para que proceda ao cancelamento do registo,

    • com concomitante notificação ao Director-Geral do Tribunal de Contas para efeitos de apuramento de responsabilidade financeira dos titulares dos órgãos autárquicos que tenham deliberado favoravelmente a atribuição de apoios financeiros públicos, relativamente às seguintes entidades:

      Escola Profissional de Vila Franca do Campo, Município de Vila Franca do Campo
      Fundação de Ensino e Desenvolvimento de Paços de Brandão, Freguesia de Paços de Brandão (Santa Maria da Feira)
      Fundação Fausto Figueiredo, Município de Cascais
      Fundação La Salette, Município de Oliveira de Azeméis
      Navegar — Fundação para o Desenvolvimento Cultural, Artístico e Científico de Espinho, Município de Espinho

    • com concomitante notificação aos dirigentes e gestores públicos para cessarem a concessão da totalidade de apoios financeiros públicos, relativamente às seguintes entidades:

      FEDRAVE — Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro
      Fundação Associação Académica da Universidade do Minho (Universidade do Minho)
      Fundação Carlos Serrano
      Fundação Eurocrédito
      Fundação Gramaxo de Oliveira
      Fundação Hermínia Ester Lopes Tassara
      Fundação José Cardoso
      Fundação Maria Augusta de Brito Subtil
      Fundação Mater-Timor Loro’Sae
      Fundação Rei D. Dinis — UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

*

Amanhã, e dias seguintes, o Governo vai ficar debaixo do fogo de artilharia dos extintos, cortados, reduzidos, cancelados ou evaporados que vão jurar e trejurar que prestam serviços culturais essenciais à sobrevivência do país e exigir a demissão do Governo.
Com a família Soares (Fundação Mário Soares e Pro Dignitate - Fundação de Direitos Humanos) a comandar as operações. Apesar de muitas mordomias já recebidas.


2 comentários:

  1. Ainda bem que tomam esta ação... neste pais de chiquos espertos era só criarem fundações para receberem uns dinheirinhos...
    Alguém sabe por acaso o que é a Fundação Eurocrédito? E que fez com o dinheiro que recebeu? E tantas outras por ai...

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    1. Sem dúvida. O país não resvalou para a bancarrota por maldição divina, mas porque o Estado estava a assumir um peso excessivo e a esmagar a economia.
      Com esta decisão do governo só podemos concordar.

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