terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fumo branco em Bruxelas


O ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, o primeiro-ministro, Lucas Papademos, e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, optimistas antes do início da reunião do Eurogrupo de 20 de Fevereiro de 2012


Alta madrugada, depois de treze horas de conversações, os ministros das Finanças da Zona Euro chegaram a acordo para assegurar um empréstimo de 130 mil milhões de euros à Grécia que vai permitir ao país cumprir o reembolso de obrigações de dívida soberana no próximo mês.
O prémio que acresce as taxas de juro dos empréstimos à Grécia vai ter um limite máximo de 150 pontos base. Certamente que este limite será também aplicado aos restantes países resgatados, pelo que é uma boa notícia para Portugal.

O ministro das Finanças holandês Jan Kees de Jager foi dos que mais lutaram pelo estabelecimento de uma missão de vigilância permanente em Atenas para evitar que se repita o fracasso do primeiro empréstimo de 110 mil milhões de euros, concedido em Maio de 2010.

Os investidores privados aceitaram um perdão de 53,5% do valor nominal da dívida, ou seja, 107 mil milhões de euros, cerca de metade do PIB da Grécia, e o BCE vai entregar os lucros potenciais com as obrigações soberanas da Grécia que comprou no mercado secundário para ajudar a reduzir a dívida pública grega a 120,5% do PIB em 2020.
Os títulos que os investidores privados detêm actualmente serão trocados por novas obrigações gregas e títulos de dívida a emitir pelo FEEF. Os novos títulos vão pagar uma taxa de cupão de 2% nos primeiros três anos, 3% nos cinco anos seguintes e depois 4,3% nos vinte e dois restantes. A taxa média de cupão será 3,65% nos trinta anos.

A maioria dos fundos do empréstimo de 130 mil milhões de euros vai servir para financiar a troca de obrigações e assegurar a estabilidade do sistema bancário grego: cerca de 30 mil milhões de euros destinam-se a "adoçantes" para obter o acordo do sector privado na troca, 23 mil milhões vão recapitalizar os bancos gregos e mais 35 mil milhões vão permitir à Grécia financiar a recompra de títulos. O restante, quase nada, vai ajudar directamente a economia grega.

Embora menos violentos, mantêm-se os protestos de milhares de manifestantes nas ruas de Atenas.


Evangelos Venizelos e Lucas Papademos na conferência de imprensa conjunta hoje de madrugada


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