segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Egipto: a Internet está desactivada no país


O Egipto tem 20 milhões de cibernautas, cerca de um quarto da população, que são afectados pelo corte da Internet ordenado pelo Governo.
As redes de telemóvel também foram, pelo menos parcialmente, bloqueadas. Um comunicado da Vodafone local informa que todos os operadores móveis receberam instruções para cortar as comunicações em algumas zonas. Segundo dados da CIA, cerca de 55 milhões de egípcios (69 por cento da população) têm telemóvel.
É a população jovem — 46 por cento dos egípcios têm entre 10 e 34 anos — quem mais usa a Internet e os telemóveis para comunicar.

"Nós não saímos daqui enquanto Mubarak não deixar o país. Ficaremos dia e noite", diz Fatma, de 45 anos, professora, que está com um grupo que luta pelos direitos das mulheres. "O regime tem humilhado as pessoas. Conheço uma mulher cujo filho morreu no incêndio de uma escola. Morreram todos os alunos, porque era uma escola pública e, como tal, não tinha sistemas de segurança. Mas o Governo disse que a culpa foi das crianças. E recusava-se a entregar os corpos às famílias. Algumas mães decidiram assaltar a escola, roubando os corpos dos filhos, para lhes fazer o funeral. E foram espancadas pela polícia. É este o regime que temos. Por isso não saímos daqui. Já sofremos demasiado. Os helicópteros não nos temem medo."

Wael Abbas, jovem advogado, anda às voltas pela praça, a falar com uns e outros. "Quero auscultar as pessoas. Perceber o que elas pensam", diz ele. Wael é um dos activistas da página do Facebook designada Kolane Khaled Saied que foi fundamental no eclodir da revolta. O nome significa "Todos somos Khaled Saied", em homenagem a um activista e blogger que foi assassinado pela polícia em Junho do ano passado.

"Fomos nós que iniciámos esta revolução", diz Wael. "A nossa página e outras, como a 6 de Abril, foram conglomerando o descontentamento. Foi ali que nasceu a consciência de que era preciso mudar."

A Internet está desactivada no país, por ordem de Mubarak, e isso, admite Wael, "é um problema. Não temos forma de comunicar com as pessoas. Por isso fazemo-lo aqui. A Praça Al-Tahrir transformou-se numa rede social, num Facebook ao vivo. Eu ando a tentar recolher opiniões para perceber quais são os pontos comuns, as convergências, para podermos propor plataformas, ideias que depois apresentaremos aos políticos que nos representem".


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