quinta-feira, 30 de setembro de 2010

E agora, portugueses?


Os políticos falharam e mentiram. "Portugal vai iniciar um novo ciclo recessivo", afirma o director do Jornal de Negócios em


"Acabou. Começou.
30 Setembro 2010, 09:01 por Pedro Santos Guerreiro

É um acordar violento. Uma sova de 19 murros no estômago, tantos quantas as medidas apresentadas ontem.

Os políticos falharam-nos. O Governo errou. Sócrates mentiu. Mas ontem isso acabou. Agora nós.

Nós. Nós não temos crédito nem temos credibilidade. É criminoso ter esperado tanto tempo para assumir o problema. Porque agora a cura é mais dura. É um corte profundo, a sangue frio.

Portugal vai iniciar um novo ciclo recessivo. Economia em queda, falências, desemprego, tudo o que esconjurámos. Os aumentos do IVA, os limites das deduções fiscais, os congelamentos das pensões transferem a crise dos desempregados para os empregados. Mas não havia alternativa. Não hoje. Não depois de dois anos perdidos sem fazer contas e a fazer de conta, para ganhar umas eleições e não cair noutras.

Ontem, Sócrates não caiu em si. Ontem, Sócrates caiu de si. Da sua pose impossível, que em vez de inspirar um optimismo reprodutivo transmitiu um irrealismo consumista. Este não é o Orçamento de Sócrates, é o Orçamento de Teixeira dos Santos. Foi o ministro das Finanças quem ontem governou. E só temos a desejar que continue a sê-lo. Porque este pacote acalma os mercados, mas não os faz retroceder de supetão. É preciso que o Parlamento aprove estas medidas, que o PSD obviamente viabilizará, com mais ou menos negociação. E é preciso concretizar as medidas e obter resultados.

Este ano estamos safos. A Portugal Telecom não paga um cêntimo de impostos pelo fabuloso lucro da Vivo, mas paga 750 milhões de euros para tapar o seu fundo de pensões e transferi-lo para o Estado, salvando o défice de 2010. A receita extraordinária de outros tempos, que funciona como antecipação de receitas. O Governo tentara com a banca, mas sem sucesso. Conseguiu com a PT.

É talvez falta de imaginação: receitas extraordinárias de um lado, aumento de IVA do outro. Mas há também o que nunca houve: a redução média de 5% da massa salarial na Função Pública. É quase como perder o subsídio de Natal a partir do próximo ano, mas em prestações mensais. Os funcionários públicos foram sacrificados por causa da incompetência acumulada e consecutiva dos seus gestores, sempre de cima para baixo. Mas só havia outra alternativa: cortar nas pensões. Era pior.

Nos próximos dias, milhares de economistas, comentadores e políticos desfilarão a glória de terem dito que assim seria: eis o Armagedão. Sim, foram milhares. E isso de nada serviu. Hoje somos um país falido. Mas não somos um país falhado. Porque apesar de tanta incompetência governativa, de tanta corrupção, nepotismo, grupos de interesse, de tantos escândalos silenciados, organizações subsidiadas, estranhos financiamentos partidários, mordomias e regalias, ineficiências e má gestão, temos outras coisas de que nos orgulhar. Sobretudo as que não dependem do Estado. Casos de inovação, exportação, investimento, descoberta.

Sim, é um acordar violento. Isto não é o princípio de um pesadelo, é o fim de um sonho. Sem pradarias nem trevas, apenas os pés no chão. O que fazer? Dizia ontem o ministro das Finanças: "estamos todos juntos nisto." Nestas alturas, somos sempre todos iguais. Eles contam connosco. E nós não contamos com mais ninguém.

Mãos à obra. Eles não fizeram o seu trabalho. Façamos nós o nosso. Restamo-nos. Bastemo-nos."

*

E o que dizem os portugueses? Vejamos:


jamnf 30 Setembro 2010
A cobardia
Mais uma vez vamos fazer das tripas coração e ultrapassar esta crise.
Acreditamos que no fim algo se vai alterar? Não!
Temos alternativa? Não!
Façamos o que temos que fazer, mas ao menos que, desta vez, os responsáveis por tudo isto sejam castigados! Que deixem de ser cobardes como até aqui e assumam as suas responsabilidades.
E já agora que tenham coragem de ir mais longe, que tenham coragem para cortar nos subsídios para Fundações e quejandos, que tenham coragem de fazer avaliações sérias, isentas e rápidas à função pública e despedir onde estão a mais e admitir onde estão a menos, premiar os bons e punir os maus, que tenham coragem para pôr um travão fortíssimo aos desmandos das autarquias que mais não têm feito que esbanjar com a criação de — entre outras — as chamadas empresas municipais, que tenham coragem de reduzir os serviços e pessoal dos governos civis, protecção civil e outros pseudo organismos que pouco ou nenhum rendimento dão, tenham a coragem de acabar com obras megalómanas, autênticos sorvedouros de dinheiros que não temos, enfim, tenham a coragem de — pela primeira vez! — se assumirem como homens que realmente querem fazer alguma coisa pelo País. E olhem que só isso já é trabalho gigantesco ! E nós cá estaremos, como sempre, para ajudar nessa obra, mesmo pagando a factura mais cara. Mas não se iludam, no fim exigiremos responsabilidades a quem não quis e depois não soube, evitar atempadamente todo este verdadeiro filme de terror em que nos meteram.

riccool 30 Setembro 2010
Isso não é bem assim
Vamos por pontos:
  1. Ficou finalmente à vista para os que ainda tivessem dúvidas sobre a incompetência deste governo.
  2. Sócrates mentiu diz o Pedro e agora é arregaçar as mangas e vamos trabalhar. Peço desculpa mas não partilho dessa visão. Aliás o facto de Portugal ser um país adiado há mais de 25 anos deve-se ao facto de implementarmos esse raciocínio "Está feito, não há nada a fazer, temos é de trabalhar". Peço desculpa mas isto tem de mudar. Um PM e Ministro das Finanças nitidamente incapaz e que mentem descaradamente até à desgraça final devem ser julgados por crimes contra a pátria, como se de um crime se tratasse. Porque na realidade o que se tem passado em Portugal desde Agosto de 2009 é um crime. Como tal deve ir a julgamento.
  3. Como se resolve o problema financeiro ? Mais uma vez repito, com redução de todos os gastos inúteis e não reprodutivos do Estado (e eles são muitos) e a posterior redução de impostos.

surpreso 30 Setembro 2010
Paleio
Ó Guerreiro, você andava assim tão distraído? Tudo isto era expectável, àparte a burla com o Fundo da PT. Este país já não tem futuro porque está corroído em todas as áreas, da educação à justiça, da agricultura ao mar. Se tem filhos, procure que emigrem.

AtomSmith 30 Setembro 2010
Concordo com riccool
A mentira e a hipocrisia são um dos problemas culturais mais graves do nosso país, não afectam apenas os governantes mas têm de começar a ser combatidos em algum lado. Devia haver sanções graves para a mentira.

raiano 30 Setembro 2010
Velhos do Restelo!
Desta vez os velhos do Restelo tiveram razão! Há anos que muitas vozes se levantaram contra um governo que, afirmavam, não governava mas sim gastava á tripa forra em megalomanias, mordomias e clientelismo politico. Digo políticos responsáveis porque o povo, que deveria ter opinião, não tem opinião. Para terem opinião era preciso ter acesso a noticiários, a debates públicos e, desta forma, aprender a pensar, mas, infelizmente, dão-lhe novelas e futebol e quem quer estar mais informado tem que ter dinheiro para pagar a TV por cabo.
Os rosas diziam que havia país para além do deficit. Agora foi o deficit que determinou o colapso! Será que essa gente poderá dormir tranquila?
O problema é que a despesa do estado continua a não ter correspondência com as receitas e a divida publica já excede os 100% do PIB. Esta situação, se não houver uma forte recuperação económica, vai-se manter e eu pergunto: Será que vai haver mais Fundos de Pensões, neste caso 2,490 mil milhões de euros da PT, para continuar a cobrir os deficits dos anos vindouros? Isto é dinheiro que pura e simplesmente vai ser absorvido em 3 meses e fica à responsabilidade futura da Seg. Social assumir reformas, algumas delas impensáveis na função publica, e que todos os portugueses terão que pagar em gerações futuras.
Resta ainda o aumento da tributação em sede de IVA que porá Portugal com o imposto mais caro (23%) da UE. Com esta medida vamos ter a forte concorrência dos espanhóis com o IVA de 18%.
Nos próximos tempos vamos assistir a mais desemprego, mais insolvências, mais insegurança. A pouca classe média existente, terá menos poder de compra e não passaremos de um país envergonhado na UE. Portugueses! Acordem!

fmarnoto 30 Setembro 2010
Mas alguém acredita nisto?
O maior problema de Portugal é ter um governo com falta de seriedade e credibilidade!
Quanto à seriedade basta ver as declarações do PM desde o início de 2009 (onde o aproximar da tempestade já entrava pelos olhos dentro e o PM transmitia a ideia que não via um palmo à frente do nariz, com declarações completamente deslocadas da realidade).
Quanto à credibilidade basta ver a aplicação do PEC2 (paz à sua alma!) na parte de redução da despesa que falhou redondamente e lá vamos levar com o fundo de pensões da PT, que daqui a 5 anos vamos descobrir, muito "admirados", que afinal é mais um buraco negro, tipo as PPP que começarão o seu efeito a partir de 2014.
A minha expectativa é que este PEC3 volte a falhar no corte da despesa (que onde é mais urgente — “boysada” —, inacreditavelmente o PEC3 pouco refere) e até ao final de 2011 teremos cá o FMI/UE.

alexnt 30 Setembro 2010
Petição A Favor da Redução do Número de Deputados na Assembleia da República de 230 para 180
Assine.

"Há tantos burros mandando
em homens de inteligência,
que às vezes fico pensando,
se a burrice não será uma ciência."
António Aleixo

Hierarquia de prioridades
Deve dar-se prioridade: à extinção/fusão de uma centena de institutos públicos altamente despesistas, à diminuição do número de deputados de 230 para 180 e das respectivas assessorias e comissões de trabalho, aos cortes nos automóveis de luxo do Estado, nos telemóveis de serviço (com chamadas particulares), nas subsídios de representação de todas os dirigentes da função pública e políticos (subsídios para mudar de fato todos os meses, para almoçar e jantar?) e outras tantas mordomias injustificáveis em tempos de crise.

Deve-se promover o uso dos transportes públicos em todas as deslocações dos funcionários públicos (com a excepção daquelas que não sejam compatíveis com os horários existentes).
Deve-se promover o uso das novas tecnologias para reuniões online, sem a necessidade de fazer viagens!

Deve-se combater o despesismo de energia, a começar pela super-iluminação pública, muito mais forte e luminosa do que a existente dentro de muitas fábricas do tecido produtivo português (ganha-se ao candeeiro, em espaço público?)
A energia consumida nos incêndios florestais, dava para alimentar o País se fosse dirigida para centrais de biomassa e cadeias de valor do processo de limpeza e transformação dos resíduos florestais (o levantamento do cadastro florestal português urge, para poder colocar no mercado da produção florestal mais de 1/3 do território nacional que está ao abandono).

libertas 30 Setembro 2010
Mas só havia outra alternativa: cortar nas pensões. Era pior
Era pior porquê? É imoral que quem trabalhe fique sem ordenado e quem está «aposentado» desde os 52 anos de idade, com 2900 euros/mês — caso das professoras primárias — não seja afectado.

cad7 30 Setembro 2010
Pois....
"Porque apesar de tanta incompetência governativa, de tanta corrupção, nepotismo, grupos de interesse, de tantos escândalos silenciados, organizações subsidiadas, estranhos financiamentos partidários, mordomias e regalias, ineficiências e má gestão..."

Estas são razões bastantes para ficarmos todos a saber que a "coisa pública" foi simplesmente vilipendiada. Gente que se aproveitou da sua posição para cometer roubos, omissões e favorecimentos. Numa palavra: crimes. A pergunta é: os crimes são punidos em Portugal? Ou só há crimes se forem praticados pela plebe que assalta?

Convém lembrar que os juros da dívida soberana chegarão aos 5,5 mil milhões de euros este ano. É apenas mais de metade das receitas do IVA para o presente ano. Muito destes juros são o reflexo do financiamento de despesa totalmente improdutiva e da tomada de medidas tardias. Na verdade subsidiaram crimes também. Não há culpados?
Curioso ... na Islândia o PM já foi citado e ouvido pelo Tribunal.

Portugal e estes palhaços são um enorme circo. Com as medidas anunciadas para o aumento de IVA e aumento dos custos do trabalho, o crescimento económico fica completamente hipotecado, e o surto de insolvências é inevitável porque haverá uma redução enorme na procura interna. Com tais medidas cresce o desemprego e com este a falência de inúmeras famílias. O corporativismo e os seus beneficiários ficam incólumes?


vl1950 30 Setembro 2010
A penúltima ilusão ...
é fazer passar a mensagem de que estas medidas são destinadas a resolver a crise nacional!
Na realidade, foi mais um (não será, infelizmente, o último) gesto de J. Sócrates na sua táctica contra o PPC, e apenas uma medida de desespero porque o País estava a ficar sem crédito, com o qual tem vivido nos últimos anos.

Mas ainda não foi desta que um governo disse a verdade aos portugueses sobre a situação actual e o futuro previsível. Definitivamente os portugueses terão que saber da realidade através de si próprios. Isto porque temos um PM incompetente, política e intelectualmente desonesto, e apenas preocupado com a sua pele.
Na realidade, estas medidas mostram apenas que percorremos a penúltima etapa da ilusão em que o governo tem mantido o País.
Lembram-se de quem há poucos meses disse que Portugal tinha sido o primeiro país a sair da crise? Lembram-se de quem há poucos meses dizia que Portugal tinha sido o País que mais tinha crescido no primeiro trimestre? O que aconteceu em tão pouco tempo? O mundo está contra nós?

Com as medidas ontem anunciadas o governo consegue manter ainda a ilusão de que a crise estará agora a ser combatida. Mentira! Estas medidas são apenas para se manter o fluxo de crédito externo, que está a falhar, e limitar o aumento brutal dos juros.
Quando hoje os trabalhadores e pensionistas pedem aumentos, não se apercebem de que esses aumentos têm que ser parcialmente pagos com empréstimos alemães ou suíços!
E o que dizer das mordomias dos gestores públicos nomeados pelo poder político?
Sim, uma parte das despesas públicas é anualmente paga com empréstimos obtidos do exterior.
Temos um PIB em boa parte falso, porque só existe devido ao que gastamos internamente com dinheiro que nos é adiantado pelo exterior, mas que teremos que pagar no futuro.
Temos uma área comercial por 1000 habitantes que é mais do dobro da média da Europa! Foi construída com a riqueza produzida pelos trabalhadores de outros países. Mas isto vai terminar porque é irrealista.
As medidas anunciadas ontem apenas significam uma coisa: os portugueses ficarão mais despertos ainda para a verdadeira crise que agora se vai aprofundar. Sim, agora é que crise nacional mais profunda vai começar. É preciso os portugueses perceberem que o poder político em Portugal tem sido basicamente incompetente - não é só em Portugal, mas isso não é consolo.

Preferem a mentira e a ilusão do PM ou a dureza da verdade?
Acham que isto é pessimismo? Então esperem mais um pouco...


rmmo1959 30 Setembro 2010
O corte de salários ...
... é uma medida que por si só pode chegar, ora vejam:

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Fernando Pinto (TAP)
Faria Oliveira (CGD)
Guilherme Costa (RTP)
Carlos Tavares (CMVM)
Fernando Nogueira (ISP)
Amado Silva (Anacom)
Mara da Costa (CTT)
José Reis (Parpública)
António Fonseca (metro Porto)
Cardoso Reis (CP)
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total

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450.000
390.000
280.000
260.000
250.000
240.000
230.000
180.000
120.000
100.000
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2.500.000

2,5M€ + prémios + bónus + carrão + telelé + cartão crédito+ ...


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