segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O programa de Governo de Alexis Tsipras


O programa de Governo anunciado pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, foi copiado do programa de Tessalónica que o Syriza apresentou aos eleitores gregos. Grande parte das medidas carece de quantificação realista e é rara a calendarização.

Vejamos um resumo:

  • Restaurar o limiar do IRS de 12.000 euros por ano. Quem ganhar menos fica isento do pagamento de impostos — o tecto de isenção actual é 5000 euros.

  • Substituir o imposto unificado sobre os imóveis (ENFIA) por um novo imposto dirigido aos grandes proprietários (Igreja Ortodoxa também?)

  • Restaurar o salário mínimo universal — valor actual 586 euros (510 euros para menores de vinte e cinco anos) — de 751 euros até 2016.

  • Restituir o subsídio de Natal aos pensionistas que recebem menos de 700 euros por mês: vão receber um 13º cheque mensal.

  • Restaurar as convenções colectivas seguindo recomendações do conselho da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

  • Prolongar a proibição actual de penhoras sobre a primeira habitação.

  • Suspender das privatizações, mas as concessões podem ser alargadas quando forem de interesse nacional.

  • Alterar a legislação para permitir ao Fundo Helénico de Estabilização Financeira (HFSF) exercer o pleno direito de voto, sem restrições, na gestão de bancos recapitalizados.

  • Introduzir um novo sistema fiscal "estável, simples e justo" — em particular, eliminando o imposto especial na electricidade — e combater a evasão fiscal e a corrupção.

  • Introduzir uma reforma global do sector público grego.

  • Vender metade da frota automóvel — 7500 veículos, incluindo um carro de 700 mil euros — e um dos 3 jactos do governo.

  • Reduzir os orçamentos do Parlamento em 30% e o de segurança em 40%.

  • Não aceitar mais empréstimos sem garantia.

  • Criar uma comissão para perceber o que levou a Grécia à beira da falência e para investigar os responsáveis pelo estado do país.

Durante o discurso no parlamento grego, no domingo, Alexis Tsipras prometeu que o Governo irá reabrir a televisão pública ERT (encerrada em 2013 por ser despesista).

Prometeu também eliminar o imposto especial na electricidade que foi criado pela dificuldade do Governo anterior em fazer a colecta fiscal, sempre muito baixa porque os gregos pressupõem alguma flexibilidade ou mudança nas regras, sobretudo em vésperas de eleições, que lhes permita pagar menos.

Prometeu ainda investigar “listas com grandes depósitos”. Referia-se, certamente, a listas como a enviada em 2010 por Christine Lagarde, então ministra das Finanças de França, ao seu homólogo grego, que continha os nomes de mais de 2000 gregos com contas na filial suíça do britânico HSBC, por isso suspeitos de evasão fiscal.
A lista foi perdida, houve nomes que desapareceram na cópia que circulou e o jornalista que a revelou foi duas vezes julgado por esse facto. No final, apenas Giorgios Papaconstantinou, ministro das Finanças do governo socialista (2009-2012), está a ser julgado.


*


Que um partido de um país do Sul da Europa ganhe eleições e pretenda cumprir as promessas feitas, é uma atitude digna de louvor. A questão é se esse partido devia ter feito determinadas promessas que só pode cumprir com o dinheiro dos outros Estados-membros da Zona Euro.

Vamos por partes. Manter a proibição actual de penhoras sobre a primeira habitação, introduzir um novo sistema fiscal "simples e justo", combater a evasão fiscal e a corrupção, cortar o orçamento do parlamento grego em 30%, vender metade de uma frota de 7500 automóveis e um dos 3 jactos do governo, de acordo.
Até se podia melhorar. Por que não diminuir o número de deputados? 300 deputados é obviamente demais. Por que não vender os 3 jactos do governo? Porventura os outros governos da Zona Euro têm jactos privativos?

Claro que a moralização política é uma boa medida. No entanto, há outros problemas de fundo.
A evasão fiscal é um deles e atravessa a sociedade grega de alto a baixo. O imposto especial na electricidade foi criado pelo Governo anterior face à dificuldade em fazer a colecta fiscal, tradicionalmente de valor baixo, mas que atinge níveis reduzidíssimos na época das eleições porque os gregos estão habituados a alguma flexibilidade que lhes permita pagar menos.
Outro problema de fundo é a cleptocracia e não é exclusivo da Grécia. Os países mediterrânicos são especialistas na cunha, no compadrio, no nepotismo e na corrupção. Na Alemanha houve condenações relativas ao negócio de venda de dois submarinos a Portugal, mas no nosso País nem uma até agora. Por cá o mérito não é louvado e há alguma predisposição mental para a corrupção que só é vista como má quando são os outros a fazer, se for o cidadão anónimo é percebida com um direito. Não vale a pena culpar o sistema: o sistema somos nós.

Quanto ao salário mínimo de 751 euros pago 14 vezes por ano — o que dá uma média de 876,17 euros mensais —, há que olhar para os salários mínimos no contexto europeu:



Solidariedade para com a Grécia? Entre empréstimos e garantias, a exposição portuguesa à Grécia é 1100 milhões de euros. E não desembolsámos mais porque Portugal teve de pedir assistência financeira em Maio de 2011.
No que respeita aos países europeus, a minha solidariedade, em primeiro lugar vai para a Lituânia, a Roménia, a Bulgária, o Montenegro, a Sérvia, a Albânia e a Macedónia que têm, em 2015, um salário mínimo nacional inferior a 300 euros. A seguir vai para os meus compatriotas que ganham o salário mínimo nacional que, apesar do aumento deste ano, continua a ser inferior ao grego.



Em 2015, o salário mínimo em Portugal é 505 x 14 / 12 = 589,17 euros. Noutros países europeus: Table


A notícia buliu com os comentadores do Público. Um deles resolveu medir a solidariedade para com a Grécia, tendo inquirido quem estava disposto a pagar mais um imposto para anular a dívida pública grega. A resposta foi... Bem, o melhor é ler:


vinha2100
08/02/2015 22:28
O problema da Grécia é não ter dinheiro para pagar ao merceeiro, e achar que são os vizinhos que lhe devem pagar as contas. Na sua embriaguez, acha que não tem responsabilidades pela sua indigência.
Por que deveria ser a Grécia privilegiada na ajuda, quando há tantos países em África e na Ásia onde as pessoas vivem com menos de um décimo dos rendimentos da Grécia? Se Portugal e a Irlanda puderam ajustar as suas contas, por que não pode a Grécia? Por que são o contribuintes portugueses, alemães ou irlandeses a pagar a prodigalidade da Grécia? Quando se convencerão os gregos que têm responsabilidades na própria desgraça? Quando se convencerão que têm que pagar impostos e reformar aos 65 anos?
  • tripeiro
    08/02/2015 22:33
    Oh meu amigo, porque apareceu com verdades tão inconvenientes para estragar a noite de domingo da nossa brigada vermelha? Isso não se faz!
  • Luis Marques
    IT Consultant, Manchester 08/02/2015 22:36
    Os Gregos estão a jogar o jogo do coitadinho, a esquerda gosta muito dessas vítimas mas para o centro/direito isso não cola. Vamos ver.
  • Marco Oliveira
    08/02/2015 22:46
    E lembrar que foi o único país que votou contra a entrada de Portugal no euro, achando que Portugal não tinha condições para entrar para a moeda única...
  • oliveira
    08/02/2015 23:00
    sempre um coitadinho, se á paises na africa com menos possibilidade de compra não os ajude com dinheiro como fizeram aos países de que se queixa, ajudeos com encomendas para que gerem riqueza e não com empréstimos, quer-lhes fazer o mesmo que á Grécia LOL, quem deu o dinheiro para que os países europeus estejam bem foi a grécia e outros que lhes encomendaram bens ,carros eletrodomésticos etc , e que fizeram com que gerassem superavites , aviam de ir ajudar outros que não lhes deram nada a ganhar porquê ? acha que merecem mais ? a Grécia não se endividou e vendeu tudo o que tinha para que esse dinheiro engordasse as contas dos outros países europeus e os tonasse ricos , comeram-lhes a carne ? comam o resto , não será ? se vires um homem com fome não lhe dez dinheiro , dá-lhe trabalho !
  • jojoratazana
    09/02/2015 00:15
    "Oh meu amigo, porque apareceu com verdades tão inconvenientes para estragar a noite de domingo da nossa brigada vermelha?" Nada dá mais gosto, que ler afirmações de um convencido, futilidades.
  • Manuel Caetano
    09/02/2015 00:33
    Ao alinhar na tese da “culpa dos gregos” o que o vinha2100 faz é ocultar e branquear “alguns gregos” (os gregos do “arco da (des)governação”, os gregos da “economia de casino”, os gregos da especulação financeira, os gregos dos paraísos fiscais, os gregos da fuga aos impostos…), os verdadeiros responsáveis pelo descalabro da Grécia. Desmascarou-se, meu caro. Provavelmente nunca andou mascarado eu, na minha ingenuidade, é que o imaginei uma pessoa diferente. Vivendo e aprendendo - Mea culpa!
  • tripeiro
    09/02/2015 00:43
    Senhor Manuel Caetano, para o exterior não há os gregos da classe A, os gregos da classe B, o povo, o governo ou os oligarcas, há sim o Estado Grego e as suas responsabilidades e compromissos que não desaparecem só porque foi eleito um novo governo com promessas que dependem do dinheiro dos outros! Quem elegeu o governo A ou o governo B foram, pasme-se, os gregos! Se houve gregos que roubaram, outros que especularam e outros que jogaram no casino, se há uma densidade anormal de cegos ou de paralíticos que só existem ou existiam para sacar mais um subsidiozito, se só existem meia dúzia de piscinas declaradas quando elas existem aos milhares, ... , bem, tudo isso é um problema interno dos gregos.
  • Tiago
    09/02/2015 01:15
    Dizer que a Grécia chegou a este ponto (apenas) por culpa própria é ignorar tudo o que é noticia nos últimos 3 ou 4 anos. A Grécia começa a ter bastantes semelhanças com alguns países africanos, asiáticos e latinos no momento em que começou a ser fustigada por uma praga chamada FMI, da qual Bruxelas tem sido um excelente aliado. Será ou não melhor deixar a Grécia levantar-se para reunir condições de devolver "empréstimos" ou é melhor continuar no caminho que levava? Deverá continuar subsídio-dependente com juros impossíveis de manter? Quanto a "brigada vermelha" não sei se merece esse nome, mas ela parece fazer bastante mais sentido do que o extremismo do centro europeu.
  • Manuel Caetano
    09/02/2015 01:27
    Senhor tripeiro, a melhor forma de ocultar verdadeiros culpados é (sempre foi) culpar todos. A técnica é velhinha mas eficaz.
  • MCA
    Cidadã da finis terræ 09/02/2015 08:13
    Estou, desta feita, com Manuel Caetano, não esperava este comentário de vinha2100, até me parecia outro a escrever e não o nosso vinha...
  • tripeiro
    09/02/2015 09:52
    Tem toda a razão, senhor Manuel Caetano, a culpa pelo endividamento do Estado Grego é dos outros e não do Estado Grego. O meu vizinho também tem muitas culpas no cartório por muitas das asneiras que eu eventualmente faça.
    E convenhamos que culpar os outros é um óptimo alivio à nossa consciência, pelo que sim, culparei o meu vizinho com todas as minhas forças.
  • vinha2100
    09/02/2015 10:24
    Caros amigos, obrigado pelo debate independentemente das vossas posições.
    Caros Manuel e MCA, permitam-me sublinhar que eu quero uma solução para a Grécia, que seja justa para todos. Essa solução, porém, começa nos próprios gregos.
    Por ser alguém que trabalhou grande parte da vida em desenvolvimento, acredito que é preciso dar uma cana de pesca para aprender a pescar, e não o peixe. Ora a Grécia está viciada em receber, e quer mais. A pergunta que devemos fazer é o que pode a Grécia fazer por ela própria. E aí podemos ajudar. Se tivermos um amigo alcoólico, o nosso dever é dar-lhe mais dinheiro que saberemos que vai acabar em álcool, ou levá-lo aos AAs e ajudá-lo enquanto recupera?
  • MCA
    Cidadã da finis terræ 09/02/2015 12:08
    "A Grécia viciada em receber e quer mais", pode ser dito o mesmo em relação a Portugal. É a teoria que tem vingado nos países fora dos PIGS mas não sabia que encontrava no caro vinha um adepto. Acha que é esse o problema? Mas as contas mostram que a Grécia já começou até a ter excedentes. A dívida é que rola imparável e todos sabemos que quem tem pouco e quer crescer precisa de se endividar. Quem está em cima pode sempre empurrar os de baixo ainda mais para baixo, e é o que o norte da Europa tem feito ao sul. O mundo é dos que têm tudo, para os outros escravidão!
  • Manuel Caetano
    09/02/2015 13:02
    Senhor tripeiro, as nações criaram os Estados (a super-estrutura organizativa que permite a governança de uma comunidade nacional – o povo) para afirmar a sua autonomia e independência no contexto das nações mas quem gere essa super-estrutura (o Estado) são os governos. Em última análise a responsabilidade por tudo o que acontece de bom e de mau na gestão de um país (o conjunto da nação/povo, estado e governo) é sempre dos governos. Na Grécia, como em qualquer outro país do mundo, essa responsabilidade tem rostos e nomes (não é uma abstracção). Saber quem são os responsáveis nunca é irrelevante, bem pelo contrário. As questões resultantes das interacções entre a Grécia e os outros países do “projecto europeu” já outra questão.
  • vinha2100
    09/02/2015 13:31
    O que diz é verdade, MCA. Mas não deve a Grécia também ajudar-se a ela própria? A evasão fiscal bateu recordes nos últimos dois meses. O salário mínimo aumentado vai apenas mandar mais gente para a economia paralela a receber 300 e 400 euros por mês. Mais acima, eu lancei um desafio: estou disposto a contribuir com mais impostos meus para os nossos amigos gregos, para lhes dar tempo a ajustarem-se. Sei perfeitamente que quer o bem da Grécia. É possível uma solução.

vinha2100
09/02/2015 11:06
Eu, como Português estou disposto a contribuir para a Grécia, que é um País amigo. Estou disposto a pagar mais impostos para isso. Quem mais está?
  • tripeiro
    09/02/2015 11:24
    Enquanto os gregos não se convencerem que nada pode ficar como dantes, tendo, eventualmente, que substituir bifes por latas de conserva, não estou nada disposto a financiá-los.
  • Daniel Blum
    09/02/2015 11:26
    Eu, como Alemão também estou. Só não vai mudar o problema no médio ou longo prazo. A Grécia tem que fazer as reformas estruturais. Eu estou disposto de dar suporte a um governo grego que faz tais reformas.
  • ana cristina
    consultora, Lisboa 09/02/2015 11:37
    O problema em passar a esponja sobre a dívida grega não está em conseguir encher o cestinho das esmolas. Parece-me que está é no facto de ninguém mais querer emprestar dinheiro a ninguém.
  • Luis Martins
    Lisboa 09/02/2015 11:50
    Caro vinha2100, eu sou um Português escravizado por impostos e não estou disposto a pagar mais impostos para alimentar países como Portugal ou Grécia que são governados por gatunos e corruptos. Portanto não estou mais disponível para continuar a ser roubado e em 2016 irei deslocalizar a minha empresa, o meu salário e o pagamento de impostos para longe da zona euro.
  • José
    09/02/2015 12:09
    Caro vinha2100, a questão não deve ser colocada nesses termos. A Grécia deverá resolver os seus problemas com o sistema financeiro. Houve "negócios" entre os bancos e o Estado grego. Esse negócio para ser honesto deveria ter um risco assumido em igualdade pelas partes. Os bancos deveriam estudar e assumir a viabilidade dos seus negócios e o Estado grego as perspectivas de pagamento. Se o negócio correu mal a responsabilidade deve ser repartida, porque houve erros de avaliação, coisa que nunca acontece por parte dos bancos. Não é legítimo fazer as populações pagar os erros de avaliação dos bancos que atualmente nada assumem. A desigualdade de poder das partes perante um negócio não é tolerável.
  • vinha2100
    09/02/2015 13:25
    Caros amigos, muito obrigado. Acho que exprimi mais claramente o que pensava.
  • tripeiro
    09/02/2015 15:23
    Esperava uma romaria da brigada vermelha a este post a atropelarem-se uns aos outros a ver quem ajudava melhor e mais depressa, mas qual quê, nem só um "unzinho". Ah, já percebi, altruísmo só com o dinheiro dos outros.
  • vinha2100
    09/02/2015 19:46
    Caro tripeiro, descobriu-me a careca, eh, eh, eh. Um grande abraço!
  • MCA
    Cidadã da finis terræ 09/02/2015 21:33
    Caro vinha, sim, prefiro pagar mais impostos para os países periféricos ficarem melhor e menos juros para quem já tem a carteira a transbordar.
  • vinha2100
    10/02/2015 08:42
    Absolutamente de acordo, MCA.

DNG - A TAP é Portugal no mundo.
Lisboa. 09/02/2015 11:55
Choca a miséria moral e a intelectualidade monocelular dos que reduzem a questão Grega ao emprestar ou não emprestar dinheiro. Evidência um mundo duro, egoísta, sem condescendência, incapaz de problematizar, de olhar o outro. É um mundo redutor que comprime a realidade a conceitos menores. Desgraçadamente sem complexidade ao sabor de uma moral fascizante sem qualquer dor perante as consequências. Diria selvagem. E quantos desta cor, desta raça, vegetam neste espaço dizendo barbaridades sem coração, sem humanismo, sem a razoabilidade? É o português ressabiado tipo PSD que quer ordem e sossego, refém do seu conforto cobarde, instalado, que não olha aos destroços sociais da crise, desta imensa crise de valores que assola esta Europa perdida.
  • Andrade
    09/02/2015 12:14
    Antes de colar egoísmos a ideologias e espingardar contra quem tem opinião diferente, convinha responder aos seguintes factos. Se é uma questão de coração, existem mais de 150 países a ajudar antes de chegar a vez da Grécia. Acontece que em todos esses países, incluindo a Grécia, existem muitas pessoas a viver melhor do que muitas de quem quer exigir dinheiro, basicamente uma solidariedade dos mais pobres para com os mais ricos. Pode esquecer os países mais pobres e exigir a pessoas mais pobres que ajudem pessoas mais ricas, mas não precisa de insultar quem assim não pensa.
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 09/02/2015 12:25
    Resposta que não passa de uma tentativa de dissolução do problema, relativização para baixo. Quem pensa assim não resolve nada, não se mexe para nada. O que aqui se discute é o problema concreto da Grécia e não, a pretexto do mundo imundo em que se vive, não fazer nada por ela. É o exemplo negativo pantanoso que usa o mal maior para não fazer nada pelo mal menor. É para seu conforto que diz essas vulgaridades. Já desmontadas!
  • ana cristina
    consultora, Lisboa 09/02/2015 12:38
    O Andrade tem razão. Se é caridade, há outras prioridades. Só que não é uma questão de emprestar ou não, perdoar compromissos ou não. A questão é que os gregos, tal como os portugueses, têm de encontrar forma de viver bem sem ter de andar a mendigar.
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 09/02/2015 12:42
    O senhor acha este comentário um insulto? E o insulto encapotado na indiferença daqueles que acham justo 25.000 gregos a dormir nas ruas de Atenas, as centenas de milhar sem luz em casa, aqueles que ficam sem saúde após 2 meses de desemprego e outras variantes de miséria moral que impuseram aos gregos em nome do ajustamento. A Grécia pode não ser um país bombardeado dentro do significado clássico do termo, mas é um país destroçado pela forma geopolítica actual de guerrear os Estados, de os enfraquecer e dominar pela agiotagem internacional dos mercados e dos usurários que com eles colaboram.
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 09/02/2015 12:48
    Sem problemas pensei no Oldvic e no Tripeiro quando escrevi este comentário, e para meu desgosto em si também Cristina. Francamente não a percebo. Todos acham que os Gregos devem ser mais rigorosos mas, o que se esconde atrás desse julgamento é o pretexto menor para justificar uma enorme selvajaria. Quero lá saber se não concorda comigo!
  • Andrade
    09/02/2015 13:22
    Uma opinião solta pode ser resultado de precipitação ou até pensada e sem qualquer razão de suporte, quando as opiniões se dividem alguma razão estará do outro lado. Se o DNG para conseguir ter razão acrescenta ao que os outros dizem o que não está lá e esquece parte do que está, no que me diz respeito, a partir daí conversar é tempo perdido.
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 9/02/2015 13:26
    Obviamente Andrade, tempo perdido...
  • ana cristina
    consultora, lisboa 09/02/2015 13:52
    Discutir ideias nunca é tempo perdido. Se nos sentimos incompreendidos, explicamo-nos melhor.
  • tripeiro
    09/02/2015 15:26
    Se o nosso estimado DNG está certíssimo quando afirma que o cidadão 44 deve ter tratamento privilegiado em relação a qualquer outro cidadão, porque não pode também estar certíssimo sobre qualquer outro assunto?
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 09/02/2015 16:11
    Quem é Tripeiro? Tripeiro é um famoso intelectual das terras do "carágo", popularucho que consagra a famosa e deliciosa dobrada que, reduz subprime, Ninja, derivados tóxicos, dívida soberana, ajustamento, deflação, recessão, Grexit, mercados, democracia, Hedge Funds, imparidades bancárias, à simples relação entre dois vizinhos em que um empresta umas patacas ao outro e é considerado devedor. É complexa a perturbante capacidade de reduzir de Tripeiro...
  • tripeiro
    09/02/2015 16:28
    Sim, DNG, quem diria que o princípio devedor/credor é tão simples e anda o DNG a complicá-lo com a sua habitual profundidade superficial.

José
09/02/2015 13:13
A grande diferença entre este governo Grego e o nosso é que o governo Grego pensa (e bem) que as negociações entre Estados e sistema financeiro devem ser feitas ao mesmo nível. Enquanto o nosso governo pensa que o sistema financeiro se deve colocar num plano superior e o Estado português, que representa, num plano inferior, como mero cumpridor de ordens e regras ditadas pelo primeiro.
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 09/02/2015 13:28
    Por isso o exemplo grego é tão perigoso politicamente para eles... é que a Grécia é governada por patriotas!
  • José
    09/02/2015 13:32
    Ora nem mais, DNG, essa é a grande, enorme, diferença.
  • vinha2100
    09/02/2015 13:36
    A grande diferença é antes que a Grécia vai acabar por sair do euro e Portugal não, se não se põe um pouco de água na fervura.
    O ideal seria encontrar uma solução em que o peso da dívida grega fosse aliviado (aumentar os prazos da dívida, que já são bastante extensos, e reduzir os juros, o que significa na prática uma redução dos encargos com a dívida), e dar algum dinheiro aos gregos para fazerem a ponte, em contrapartida a um efectivo combate à evasão fiscal e à corrupção e um equilíbrio das contas públicos. O último, infelizmente, não é muito compatível com grandes liberalidades, mas uma política de investimentos mais ambiciosa, ajudada pela Europa, poderia criar crescimento e emprego.
  • ana cristina
    consultora, Lisboa 09/02/2015 13:46
    O que está realmente em jogo quando se está numa comunidade de Estados é a competência dos governantes. Um governante português tem uma missão: gerir bem e negociar bem os interesses do seu pais (patriotismo, se quiserem....). só que negociar bem é sempre, como todos sabemos e poucos praticam, pensar no interesse do todo. A Merkel não é boa nisso. Anda a lixar a Europa no curto prazo e vai lixar-se no longo prazo. Os governantes portugueses que abrem mão dos nossos interesses fazem-nos por falta de competência e lixam o país e a coesão da Europa simultaneamente. Neste jogo comunitário cada um tem de saber ganhar e fazer ganhar o todo. Não há alternativa. Enquanto houver burricalhos (portugueses, luxemburgueses, alemães ou o que for) a lixarem-se e/ou a lixarem os outros, só perdemos.
  • José
    09/02/2015 13:55
    Eu não sou capaz de aceitar a subserviência do poder político ao financeiro. Corrijo, e atrevo-me até a dizer, é mais que subserviência é mesmo promiscuidade. Os poderes políticos na UE não estão a defender convenientemente os interesses públicos, estão a subverter o regime democrático, atacando os europeus em benefício dos interesses económicos e financeiros.
  • ana cristina
    consultora, Lisboa 09/02/2015 14:04
    José, ao poder financeiro, não. Mas à aritmética, sim.
  • José
    09/02/2015 14:25
    Cara ana, vou dizer-lhe uma coisa de uma forma muito simplista e que talvez não saiba, como quase ninguém sabe e os políticos escondem. É assim:
    É impossível, repito, impossível, todos os Estados-membros da UE pertencentes ao euro terem em simultâneo as suas contas equilibradas. É uma questão matemática. Logo nunca haverá paz nesta UE. Os grandes vão sempre endividar os pequenos. Antes, tal equilíbrio era conseguido com a ajuda das flutuações cambiais o que agora não é possível. Desta forma dentro da UE o cenário é negro para as economias mais frágeis como a nossa.
  • luamar
    09/02/2015 15:03
    Caro José, estou quase tentado a concordar consigo. Mas ainda sonho com uma Europa solidária: mais federalismo com um orçamento único para os 18 estados do euro e com a criação dos eurobonds. A partir dessa altura e desde que haja controlo sobre os gastos dos países tudo melhorará e o EURO será a moeda principal do mundo.
  • José
    09/02/2015 15:25
    Meu caro os projetos federalistas não me convencem, geram totalitarismos. A força da Europa nunca será a comunidade de Estados. Está precisamente nas diferenças culturais e geográficas, na afirmação e respeito pelas soberanias. A Europa deve caminhar no sentido da cooperação entre Estados independentes e não em criar um super Estado esmagador e triturador da matriz cultural europeia, subjugando os mais pequenos, reduzindo-os a pó. É como misturar peixes grandes e pequenos num mesmo viveiro, os grandes devoram os pequenos, não falha.
  • luamar
    09/02/2015 15:45
    Existem muitos países compostos por Estados federais: Brasil, E.U.A. etc. O que é preciso é saber respeitar as diferenças. Uma Europa grande, em todos os sentidos, seria um Bem para o mundo e para os europeus.

vinha2100
09/02/2015 14:55
Há um cenário que me ocorreu que poucos estão a considerar. Poderá Tsipras, tendo a oposição de mais de 70% dos gregos à saída do euro, estar a dramatizar o conflito com os parceiros europeus, fazendo exigências impossíveis de satisfazer, de forma a que seja precipitada uma crise bancária e financeira que determine a saída do euro e, em última análise, da União Europeia? Poderá isto fazer parte da estratégia de uma corrente radical europeia?
Gostaria de pensar que não. Porque se for o caso, uma saída do euro e da União Europeia acarretará uma argentinização da Grécia. Terá os seus amigos... Nunca vimos ideólogos preocuparem-se muito com a real situação do povo.
  • DNG - A TAP é Portugal no mundo.
    Lisboa. 09/02/2015 15:30
    Uma espécie de chantagem aos contrário... Mas, pense bem e veja se não se trata apenas de um extremo formado pelo outro extremo. Afinal de que forma os gregos podem sem mais humilhados? O Grexit é mau para eles mas é péssimo para a nossa reputação moral. Uma Europa com uma visão mais larga do que os interesses escondidos no Euro enquadra e reforma a Grécia sem a derrotar.
  • Luis Marques
    IT Consultant, Manchester 09/02/2015 16:07
    Os gregos não estão a ser humilhados. Os gregos estão apenas a ter as consequências das suas escolhas do passado. Essas histórias da humilhação, da vitimização, dos pobres gregos não colam...
  • luamar
    09/02/2015 16:48
    Caro Luís Marques, foi por não se ligar às histórias de humilhação dos povos que Hitler chegou ao poder através de eleições. Deixem andar, não façam nada que há outros pequenos Hitler, espalhados pela Europa, à espera da sua oportunidade.



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