sábado, 8 de agosto de 2015

Os cartazes da campanha do PS


Os cartazes da campanha de António Costa para as legislativas 2015 estão a revelar-se um monumental fiasco.

A polémica em redor dos cartazes do PS começou com um outdoor onde o partido anuncia que “é tempo de confiança”, mostrando a imagem de uma mulher a virar a página de um céu carregado de nuvens negras.




Inspirado nos cartazes de igrejas evangélicas, não só foi ridicularizado nas redes sociais mas também recebeu críticas negativas no interior do próprio partido. E despertou a criatividade dos humoristas para irem buscar os fantasmas que assombram os corredores socialistas, a começar pelo líder António José Seguro, afastado por uma golpada dos socratistas,



e pelo próprio José Sócrates:



António Costa também não foi esquecido:




Mas o pior estava para vir com a nova série de cartazes.





Eu não estou desempregada desde 2012. Não me podem envolver desta maneira. Aqueles dados são mentira”, diz Maria João Pinto, a jovem de 29 anos cuja fotografia aparece neste cartaz do PS associada à frase “Estou desempregada desde 2012″.

Estou revoltadíssima”, desabafa, esclarecendo que, desde 2012, já esteve desempregada e também já trabalhou. Mas não esteve desempregada desde 2012, nem estava quando, na quinta-feira da semana passada, tirou as fotografias para a campanha eleitoral do PS. Tinha suspendido o subsídio de desemprego — que recebia apenas desde 2014 — para poder abrir actividade e passar recibos à Junta de Freguesia de Arroios onde prestava serviço na área da comunicação.

Na manhã desse dia 30 de Julho, último dia em que esteve na Junta, foi chamada ao gabinete da presidente Margarida Martins, ex-líder da Abraço e candidata independente nas listas do PS, que lhe pediu para tirar “uma foto para a campanha do António Costa”.
Apanhada de surpresa, tanto pelo pedido como pelo aparecimento do fotógrafo logo a seguir ao almoço, deixou-se fotografar, pensando tratar-se de uma fotografia para usar em cartazes com muitas caras, e esperou pelo pedido de autorização para a utilização da foto: “Foi uma autorização para uma fotografia, mas pensei que haveria o processo a seguir.

Os comentários dos amigos na sua página do Facebook, onde tem publicadas poucas fotos do rosto, alertaram-na para o facto de que tinha a cara espalhada pelo país.

Questionada se a autorização verbal não levaria a pressupor que estava disposta a ceder os direitos de imagem, reitera que não assinou o documento necessário para que o PS pudesse usar a sua fotografia: “Não foi um consentimento. Foi-me tirada uma fotografia, mas nunca pensei que não haveria o passo a seguir que era dizerem-me para o que era e pedirem-me para assinar um papel de cedência de imagem.
Explica que não autorizou a utilização dada à fotografia, nem nunca autorizaria se soubesse como seria utilizada, justificando: “Eu não me exponho e eles expõem-me em outdoors gigantes” e ainda por cima com “uma frase falsa.”

Dois outros cartazes também têm fotografias de trabalhadores da mesma Junta cuja vida não corresponde à história pela qual dão a cara nos cartazes.



Francisco Garcês, o jovem que neste cartaz diz ter sido “obrigado” a emigrar em 2012, mora em Lisboa e trabalha na mesma Junta de Freguesia de Arroios.




Adelaide, a senhora que diz estar “desempregada há 5 anos sem qualquer subsídio ou apoio” neste cartaz, também trabalha na mesma Junta de Freguesia de Arroios através de um programa do Centro de Emprego.

No entanto, o mais caricato neste cartaz do partido socialista da campanha das legislativas 2015 é que refere uma situação de desemprego ocorrida há 5 anos, portanto em 2010 quando o país era gerido pelo... governo socialista de José Sócrates. Um verdadeiro tiro nos pés da equipa de António Costa!


*





Os cartazes onde as histórias contadas não correspondiam às pessoas foram zurzidos em todo o espectro político. Depois de ter ensaiado, em vão, outras saídas, o PS acabou por pedir desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas em cartazes do partido que não deram autorização para a sua cara ser usada naquela campanha.

Agora só falta António Costa pedir desculpa pelo governo socialista de José Sócrates ter imposto cortes aos salários da função pública em Janeiro de 2011 e igualmente pretender cortar as pensões em 2012.

A opinião dos outros:


Luis Marques
Javali profissional, Manchester 07/08/2015 23:24
É nos pequenos pormenores que se vê o que realmente valem as organizações e partidos. Num país com 600 mil desempregados, não conseguiria o PS arranjar algum que quisesse dar a cara, contar a sua história? Num país com milhares de pessoas com falsos recibos verdes, não seria possível encontrar algum disponível?
O PS ao proceder desta forma, ao utilizar caras que não têm qualquer correspondência com a realidade descrita, gozam com quem vive essas situações na pele e só demonstram o desprezo que têm pela população portuguesa e a facilidade com que mentem e tentam enganar os portugueses.
O PS está muito preocupado com os desempregados? Até pode estar, mas aparentemente tem mais que fazer que procurar e falar com eles. Já vi candidatos a associações de estudantes de secundárias menos amadores.

MCA
Cidadã da finis terræ 07:52
Precisamos mesmo, como país, de estoirar dinheiro em campanhas eleitorais? É tudo uma mentira pegada, jogos de cintura, lixo nas ruas, sorrisos plásticos, braços no ar bem ensaiados e cronometrados...
Já estamos todos fartos disso. Parem de fazer de todos os cidadãos parvos.

Aliocha
08:23
Que vergonha! Isto assim é o descrédito total! O PS só perde com este tipo de campanha. Como votar num partido que engana às escancaras? O que não enganará, depois, nos bastidores?
Por mim, já tinham acabado as campanhas de folclore na caça ao voto. Já que desperdiçam dinheiro, ao menos sejam inteligentes!


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