quinta-feira, 14 de abril de 2011

As opções energéticas dependem da mentalidade dos povos


Resolver a questão da opção energética é fundamental para retomar o crescimento da Economia, mas é assunto que levar-nos-á longe.

Confrontado com as necessidades energéticas do país, Salazar confiou a resolução do problema a um grupo de engenheiros que optaram por uma fonte de energia renovável — a hídrica —, tendo sido construído um conjunto de barragens que garantiram a nossa auto-suficiência durante vários anos.
Com o advento da indústria química, cimenteira e siderúrgica cresceu exponencialmente o consumo de energia que foi colmatado através da construção de centrais térmicas.

Na segunda metade do séc. XX, surgiram centrais que usavam uma nova fonte de energia — o urânio — e, não obstante a desvantagem de produzirem resíduos radioactivos altamente poluentes, o reduzido custo da energia levou a maioria dos países em desenvolvimento a optar pela energia nuclear.
Vimos as economias dos países do norte e centro da Europa prosperarem com a energia eléctrica barata produzida em centrais de cisão nuclear. EUA, Canadá, Coreia do Sul, Japão, até Espanha. Ficámos para trás.
A Europa setentrional e central é, porém, uma região sem actividade sísmica, ao contrário de Portugal que tem a fronteira entre duas placas tectónicas, a Eurasiática e a Africana, a passar a sul do país. Embora não seja uma zona de subducção, como sucede no Japão, o país já sofreu um violento terramoto em 1755.
Devemos lamentar esta opção?




Lembro-me do controlo rigoroso naquele laboratório de Física Atómica e Molecular da velha Faculdade de Ciências da rua da Escola Politécnica, apesar de só lá entrar gente de enorme responsabilidade.
Lembro-me daquela fonte radioactiva com a espessura de um cabelo, tão minúscula que não a conseguíamos ver, fixada no centro de um disco para não se perder. Do ruído ensurdecedor no contador Geiger quando ela era retirada do gigantesco bloco de betão onde estava sempre guardada.

Não, não lamento esta opção energética, o nuclear exige um profundo conhecimento e sentido de responsabilidade. O que lamento é que o povo português tenha depositado o destino do País nas mãos de políticos que, segundo Alexandre Soares dos Santos, se comportam assim:
"O transporte de rede em média tensão aumentou 40% para as nossas empresas em Portugal. O senhor ministro da Economia não sabia, não acreditou quando lho disse e tive de mandar a factura. Não respondeu."

A solução a longo prazo será uma central de fusão nuclear porque as reacções de fusão nuclear não produzem núcleos radioactivos. O protótipo europeu está a ser testado em Cadarache, no sul de França, e prevê-se que possa começar a ser explorado comercialmente dentro de três décadas:





No entanto, a alternativa às centrais nucleares actuais não é a energia eólica escolhida pelos governos de José Sócrates porque bom vento só temos no offshore e não sabemos fabricar turbinas eólicas, fomos comprá-las à Dinamarca. Além de que há uma correlação entre vento e chuva e, quando podemos transformar a energia eólica em energia eléctrica, estão cheias as albufeiras das barragens sendo necessário fazer descargas. Um desperdício obsceno!

Sobre a energia das ondas, nem vale a pena falar: aquela monstruosa e cara serpente marinha, arrastada com pompa e circunstância por uma lancha da Marinha fretada pelo ex-ministro Manuel Pinho, rapidamente virou sucata...

Convém lembrar também que a energia eléctrica não resolve tudo: os comboios não vão substituir todos os outros meios de transporte. Os automóveis podem passar dos combustíveis fósseis para a energia eléctrica, logo que haja um significativo avanço tecnológico na fabrico das baterias de iões de lítio, mas os aviões, não.





Os EUA estão a apostar nos biocombustíveis como substitutos dos destilados do petróleo consumidos pelas lanchas e navios da Marinha de Guerra.
Se os centros de investigação nacionais fossem incentivados a desenvolver este tipo de biotecnologia que usa variadas espécies de microalgas para provocar a fermentação da celulose, poderíamos converter em compostos similares aos do petróleo a biomassa da nossa floresta, em vez de andarmos a vê-la ser pasto das chamas no Verão.
Note-se que a combustão dos biocombustíveis vai produzir a mesma quantidade de dióxido de carbono que as plantas extraíram da atmosfera durante o crescimento, logo não causa acréscimo do dióxido de carbono no ambiente.





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