quarta-feira, 20 de abril de 2011

O défice sumiu


Peço alvíssaras, caro leitor, por esta notícia: a síntese da execução orçamental hoje publicada afirma que no primeiro trimestre de 2011 o défice dos subsectores Estado e SFA (Assembleia da República, CMVM, Serviço Nacional de Saúde e todos os institutos, fundações, agências e fundos públicos) reduziu-se a 148 M€ o que, comparado com os 1814 M€ do período homólogo de 2010, foi como se um encargo de 1800 euros se convertesse nuns míseros 150 euros!

O défice evaporou-se na atmosfera, dissolveu-se no oceano, fundiu como a neve na nossa serra da Estrela aos primeiros raios de Sol da Primavera. Enfim desapareceu, sumiu das nossas vidas.
O mesmo José Sócrates que ordenou o recomeço do programa de distribuição dos Magalhães às criancinhas nas escolas, pois navegar na internet é tudo o que o seu filho precisa de saber para um dia vir a ser doutor e ter uma vida de nababo, agora aguçou o seu engenho e, por artes mágicas, fez desaparecer o défice.

Em face desta boa nova, o leitor reconsiderou, já não se abstém e vai votar nele em 5 de Junho? Não se entusiasme tanto que isto de défices são como as marés, descem antes das eleições e sobem a seguir. É que há sempre umas facturas esquecidas nas gavetas das secretárias da Direcção-Geral do Orçamento...
Lembra-se do défice de 2009 que era 5,9% do PIB antes de 27 de Setembro e se transformou em 9,4% em Dezembro (agora corrigido para 10% pelo Eurostat)? Pois.

Só há uma nuvem negra no céu azul de José Sócrates: em 15 de Maio os ministros das Finanças da Zona Euro reúnem-se para aprovar as condições da ajuda financeira a Portugal que ele teve de pedir porque não havia dinheiro para pagar vencimentos ou para amortizar a dívida pública que vence em Junho.
Qual será a roca que ele vai usar para transformar o país no reino da Bela Adormecida nos 21 dias seguintes? Uma execução orçamental de Maio de encher o olho, com um superavit...


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