sábado, 30 de maio de 2015

11 anos de construção do One World Trade Center em 2 minutos


É sempre um prazer observar a construção de um belo arranha-céus de 104 andares e 417 m de altura.

Entre Outubro de 2004 e Maio de 2015, centenas de milhares de imagens de alta definição foram capturadas durante a preparação do local e construção do One World Trade Center que agora foram usadas na produção deste filme em time-lapse:





domingo, 24 de maio de 2015

A entrevista de Marinho e Pinto ao Público


Nesta entrevista ao jornal Público, Marinho e Pinto, líder do Partido Democrático e Republicano, adoptou um discurso social-democrata, habitualmente conotado com o centro-esquerda:

O PDR é de esquerda ou direita?
Não nos preocupa essa definição porque a geometria tradicional está em constante transformação. Que sentido tem falar de esquerda e direita, quando os dois partidos de esquerda se aliaram com os dois de direita para derrotarem um Governo de centro-esquerda?

Mas qual é a ideologia do PDR?
A ideologia é democrática e republicana. Defendemos os valores da democracia e dos modernos Estados democráticos e republicanos. A liberdade, acima de tudo. A justiça, no seu sentido concreto e amplo de justiça social, de todos participarem no progresso e desenvolvimento. E a solidariedade, enquanto operativo ético-político dos Estados modernos. Não na dimensão assistencialista, caritativa, associada às religiões, mas no sentido político. O Estado tem o dever de permitir condições de dignidade aos sectores mais frágeis.

Aproxima-se da social-democracia? Do liberalismo?
Estamos numa óptica de social-democracia, defendendo uma economia de mercado, a liberdade de empresa e de investimento. A ideia que o Estado socialista conduzia à abundância morreu. A dignidade dos cidadãos depende do emprego e quem o faz são empresas privadas. Mas o Estado não abandona o mercado às suas leis, como tem havido em Portugal. Portanto, mais regulação e intervenção do Estado, não para intervir na dinâmica do mercado, mas para moderar os seus excessos e suprir as suas deficiências. O Estado não dá tudo, não traz tudo.

Fundou o PDR com o objectivo de participar num Governo. Não é desejo de poder a mais?
Não tenho desejo de poder. Não foi por isso que decidi fundar o PDR aos 63 anos, a dois anos da reforma. Fundámos o PDR não para engrossar o folclore partidário, mas para, justamente, ter soluções de Governo. O país tem tido bloqueios graves na governação. O PS não pode fazer coligações, à direita tem o seu principal adversário, à esquerda uma muralha de aço. O PSD, que tem dimensões sociais-democratas relevantes, teve de as anular e foi capturado por uma lógica direitista do CDS. É preciso criar alternativas que desbloqueiem esta situação que tem causado graves entorses ao funcionamento do regime democrático. Há metade do eleitorado que já não vota nas legislativas, dois terços nas europeias. O objectivo essencial é mobilizar esse eleitorado.

Como o mobiliza, na condição de muleta de partidos instalados?
Nunca seremos muleta de qualquer desses partidos.

Mas está disponível para fazer coligações com ambos?
Isso, no concreto, vamos ver. Estamos disponíveis para encontrar soluções para os graves problemas do país. Aqueles que pensam que vão conseguir o apoio do PDR apenas dando lugares estão enganados.

Não terá ministros?
Teremos, ou não, consoante aceitarem determinadas regras que são fundamentais, a definição de políticas e não a distribuição de lugares. O que tem havido até agora é: "Eu dou-te isto, tu levas aquelas empresas públicas e fazemos aquilo". Tenho dito repetidamente e di-lo-ei no congresso: quem entrou para este partido convencido que vai ter lugar enganou-se.

Não se vê como ministro?
Vejo-me nos lugares onde possa ser útil a resolver este problema.

Vai abandonar as suas crónicas?
Temos um prazo de validade, faço 65 anos dentro de alguns meses. Digo, sinceramente, estou a ficar cansado, estas coisas cansam.

Antes que fique cansado, está disponível para ser ministro se for útil, foi o que disse?
Não. Estou disponível para ocupar os cargos no Governo ou na oposição que possam contribuir para a solução dos problemas nacionais.

Mas que cargos no Governo?
O que for, eu sei lá. Vou candidatar-me a primeiro-ministro.

Como todos.
Como todos. Fundámos um partido, não para o folclore partidário. É para ser poder.

Tem preferência em coligar-se com o PS ou com o PSD?
Tenho dito que nos aliamos ao diabo, se for útil ao país.

Tem criticado o PS e o PSD por serem partidos clientelares.
Se o eleitorado nos der responsabilidades políticas, seremos criteriosos. Não estamos disponíveis para tudo.

Não será um "queijo limiano"?
Não há trocas dessas, não há tráficos. Vamos fazer política. Muitas vezes é fácil confrontar esses partidos, pegar nos programas e dizer: "Prometeu isto? Então vamos fazê-lo".

Qual é o projecto de país que defende? Dizer liberdade, justiça e solidariedade é muito vago.
Estranho ouvir isso de um jornalista. A liberdade não é uma coisa muito vaga.

Concretize. Por exemplo: defende o ensino público, o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social?
Sim, sim. O Estado tem a obrigação de garantir determinados bens: o ensino, a saúde, os transportes públicos.

Os transportes devem continuar públicos?
Todos não, mas o Estado pode concorrer com os privados nos transportes. Nos serviços postais, nas telecomunicações, na distribuição da água, na produção da energia. O Estado não pode abdicar esses sectores à voracidade do sector privado.

É contra a privatização de sectores estratégicos como a água e os transportes aéreos?
Os transportes aéreos é diferente da água, mas a privatização da água é uma traição. Não podemos entregar um recurso público, que é de todos, à iniciativa privada. Por que é que a iniciativa privada pega nisso? Porque dá lucro. Por que é que o Estado não é capaz de ficar com esses lucros, de gerir essas coisas? A questão da CP é paradigmática. O Governo prepara-se para privatizar as linhas de Cascais e Sintra, que dão lucros enormes. E as outras? Pagamos todos. Está absolutamente errado. Por que é que o Estado privatizou os CTT, uma empresa como a EDP, uma privatização aliás estranha, pois foi vendida a um país estrangeiro. Hoje, a EDP está ao serviço do povo chinês, não ao serviço do povo português.

E a TAP concorda?
Não, claro que não. É mais um passo na estratégia de traição nacional. Puseram este país em saldo. Um país que tem cinco milhões de portugueses espalhados pelo mundo, Canadá, Estados Unidos, Venezuela, Brasil, África do Sul, Angola, Moçambique, Austrália, França, Luxemburgo, Alemanha, não tem que ter uma transportadora aérea? Devia ter, é um imperativo nacional. Era uma situação de respeito para com os emigrantes.

Como financia o Estado social?
Respondo com uma frase: com a economia. O Estado social paga-se com a criação de condições para que haja desenvolvimento, paga-se com os impostos de todos, através de cuja cobrança se realiza uma das dimensões fundamentais do Estado social, que é a justiça social e a repartição.

É o que diz António Costa.
Ele não diz só asneiras, ele não diz só mentiras.

Concretizando: em que aspectos diminuiria a austeridade?
Não concordo com a parte da política de austeridade em que ela foi além do que era necessário.

Defende o memorando?
Parte do memorando. Não podemos ter sessenta e tal por cento do PIB em dívida. Aprendi aos 20 anos que para ser independente tinha de pagar as minhas despesas, a vida ensinou-me isso, e fui trabalhar. Pagava os sapatos, as calças que vestia, as cervejas que bebia, os cigarros que fumava, pagava tudo. E aí, sim, fui independente. As empresas e o Estado são assim. Os Estados só são independentes quando pagarem as suas despesas. Não pode o Estado estar permanentemente a pedir dinheiro emprestado e dizer: "Depois se vê se se paga". Não. Isso acabou. Isso é pura demagogia.

Admite a renegociação da dívida?
Somos devedores; os devedores não podem ter a arrogância de alguns credores. Quem pediu dinheiro emprestado e gastou não pode portar-se como o caloteiro sem vergonha nenhuma que diz: "Não pago".

Renegociar não é não pagar.
A renegociação da dívida não depende dos devedores, depende dos credores. Mas isto não é para o debate eleitoral, é, com humildade e decência, sentar à mesa com os credores e discutir.

Mais uma semelhança com António Costa?
António Costa está a "virar" esquerdista, está a prometer tudo e o seu contrário.

O Tratado Orçamental deve ser revisto?
Sim. Mas a sua revisão não depende só de nós. Depende da capacidade que tivermos de sensibilizar outros. Mas não é com o discurso populista e demagógico de certa esquerda, porque não tem outras bandeiras para pegar.

Tem criticado o modelo de poder europeu. Defende mais federalismo?
Mais democracia.

A que nível?
O povo ser chamado a pronunciar-se.

Propõe referendos?
Claro. Quem tem medo do povo, quem tem medo dos referendos? A questão é esta. Toda a estrutura de poder da União Europeia foi feita pelas cúpulas, pelas elites, fogem do referendo como o diabo da cruz, têm medo do povo, não têm confiança no povo. Esta Europa não tem futuro enquanto estiver distanciada, como está, dos povos europeus. Por isso mesmo, muitos discursos populistas e de extrema-direita e até de extrema-esquerda têm tido algum sucesso.

Tem caracterizado o Parlamento Europeu como "um faz-de-conta muito bem pago". Mas continua lá. Não teme que pensem que está lá pelo ordenado?
Não temo nada. Nunca me guiei pelo que as pessoas pensam. Nunca fez essa pergunta a quem esteve calado, a quem está lá há anos calado.

Não dizem que é faz-de-conta...
Está a misturar. Deixe-me dizer, com toda a frontalidade, que essa pergunta tem pressupostos de ordem moralista e não política.

Mas é o que evoca.
Como político, evoquei uma situação política. Que é indecente que representantes de um povo, cujo salário mínimo seja 500 euros, ganhem mais de 20 mil euros por mês. E atiram-me: "Então o que vai fazer com esse dinheiro, porque não se vem embora?" Isso é a abordagem moralista de um problema político. Faço do dinheiro que ganho o que quero, se é ganho licitamente.

Não sente que atira a pedra e esconde a mão?
Não. Dei a cara. Estou a dizer que é uma ignomínia que um deputado eleito pelo PE tem um vencimento que é uma indecência comparado com um povo que tem 500 euros de salário mínimo e a maior parte dele é esmagada com impostos. E os eurodeputados estão isentos de impostos.

Fala de moralismo. Quando diz que os políticos têm privilegiado os seus interesses e enriquecido, não faz uma generalização irresponsável?
Não faço. Quando digo que biliões de dólares resultam do tráfico de droga, outros tantos resultam de carne de branca, não tenho que apresentar nomes.

Não?
Não. Há entidades públicas encarregadas pelos Estados de descobrir. Constato a existência de um problema, seja no campo da corrupção, seja no campo do tráfico de droga, do tráfico de armas ou da exploração da prostituição, e não tenho que estar a apontar. Tenho que debater politicamente as situações.

Tem dito que há partidos e políticos corruptos. Por que não apresenta provas?
Não tenho provas.

Mas tem certezas.
Uma coisa é ter provas processuais. Sou contra o enriquecimento ilícito porque distorce as regras sãs do verdadeiro processo penal democrático. Mas é óbvio que, politicamente, apoio. Algum político que tenha adquirido um património enorme, devia justificá-lo politicamente na Assembleia. Esta devia-lhe pedir. Não nos tribunais, porque só a palavra ilícito é uma presunção de culpa, de culpabilidade. O debate político é uma coisa, o moralista é outra, e o debate jurídico é outro. Sempre sobre o mesmo facto.

Por que é que os eleitores devem achar que a sua candidatura é diferente?
Até por isto. Procuro fazer rupturas criadoras. Procuro desestabilizar aquilo que está demasiado estável e debaixo do qual se escondem essas coisas todas. Que todos sabemos, a começar pelos jornalistas.

Propõe apenas um abanão, ou quer construir alguma coisa?
Proponho a transparência até aos limites mais inacessíveis do segredo de Estado. Por que é que a Assembleia não divulga todos os anos as subvenções que dá aos partidos?

Estão nas contas da Assembleia.
Estão no Orçamento do Estado.

Pois e nas contas da Assembleia.
Ninguém sabe, ninguém sabe.

Queria que fizessem cartazes?
Que pusessem lá que o partido tal recebeu tanto, uma lista.

Está no site da Assembleia.
Os vencimentos de todos os cargos políticos por que é que não estão? Se são cargos de representação política, deviam estar.

Não sabe quanto ganha o primeiro-ministro?
Sabia quanto ganhava um deputado ao Parlamento Europeu antes de eu ir para lá? Havia um partido que dizia que era 12 mil euros, um escândalo, e todos se calaram. É mais de 20 mil. Primeiro, transparência. Segundo, responsabilidade. Ninguém é responsável, as pessoas depois de eleitas deixam de ter qualquer responsabilidade com quem os elegeu, só têm compromissos com quem os escolheu como candidatos, porque os partidos têm o monopólio absoluto sobre a actividade política.

Acusa genericamente políticos e partidos por convicção e não por provas, porque é judicial. Mas é bastante veemente quando diz que o ex-primeiro-ministro José Sócrates não devia estar preso porque não há provas. Onde estão as provas?
A acusação há-de ser feita. O que digo é que, quando houver provas, prendam.

É contra a prisão preventiva?
Tenho muitas reservas, a prisão preventiva devia ser o último recurso, a última maneira de prender um cidadão. Um arguido é acusado disto e daquilo e depois vai preso porque pode perturbar o inquérito, pode chatear o Ministério Público quando está a investigá-lo? Prenderam Sócrates e andam à procura das provas para o manter preso, para salvar a própria face.

Quando diz que os partidos e os políticos são corruptos...
Não digo que os partidos são corruptos, disse que tem havido demasiada corrupção na política. Há políticos muito sérios, pelos quais eu tenho o máximo respeito.

Mas faz a acusação genérica.
É como quando digo que há tráfico de droga em Portugal. Há políticos corruptos, mas não são todos.

Mas não diz os nomes.
Não tenho de dizer os nomes, por amor de Deus! Eu não sou polícia nem tenho de andar a investigar. Tenho a minha percepção como cidadão, tenho as minhas fontes como político e como cidadão.

Que reforma propõe do sistema partidário?
Uma reforma que responsabilize os eleitos perante os eleitores. Para nós, não há democracia sem partidos, mas nenhuma democracia é saudável se os partidos tiverem o monopólio absoluto da actividade política. Defendemos um sistema misto de representação proporcional e de responsabilização maioritário. Em que 115 deputados sejam eleitos por sistema proporcional com listas partidárias, num círculo único nacional. Mas os outros 115 sejam eleitos em 115 círculos uninominais pelo sistema maioritário, em uma ou duas voltas, consoante os resultados.

Defende a limitação de mandatos?
O período do Presidente é adequado. Admito que para um órgão como a Assembleia possa ser três mandatos. E uma rigorosa estrutura de incompatibilidades, nomeadamente para aquelas profissões que trabalham com as leis feitas pela Assembleia. O dr. Paulo Rangel escreveu um artigo a tapar o sol com a peneira, a dizer que os médicos e os arquitectos podem ficar, só saem os advogados. Saem os advogados porquê? Porque a função deles é aplicarem as leis.

Há 20 anos, o "pacote da transparência" proposto por Fernando Nogueira, quando líder do PSD, previa o conflito de interesses dos advogados e um dos primeiros despachos do dr. Almeida Santos, como presidente da AR, foi a revogar a aplicação da norma aos advogados.
Sabe por que é que ele fez isso? Porque o dr. Almeida Santos é advogado e foi um dos advogados que mais negócios fizeram neste país à custa do que é público. Não estou a dizer isto em off, é em on: o dr. Almeida Santos é um advogado de negócios e é uma das pessoas que mais negócios fizeram em Portugal na sua condição de líder político e de advogado, mesmo que tenha tido em alguns momentos a sua inscrição na Ordem suspensa. É vergonhoso esse acto que ele praticou contra a essência da democracia, porque permite que a Assembleia se tenha transformado numa plataforma onde circulam interesses absolutamente opacos, muitas vezes ilegítimos, tráficos de influências. Vá ver o que foram os debates sobre amnistia...

O que aconteceu?
A última lei de amnistia e perdão de penas de 1999: os advogados até se arranhavam uns aos outros para meter crimes dos seus clientes que pagavam melhor ou que tinham mais poder. A lei foi aprovada em Assembleia e foi alterada na ida para a Presidência para promulgação. A lei aprovada que consta do boletim da Assembleia é diferente da que foi publicada no Diário da República e não é uma diferença só de correcções. Têm crimes diferentes abrangidos. Os advogados deputados que lá estão actuam muitas vezes mais em nome dos seus clientes privados do que do interesse público.

Como líder partidário, vai ser diferente?
Sim.

Que qualidade deve ter um líder?
Humildade. Saber ouvir.

É humilde?
Acho que sim. Apesar deste meu tom que classificam como truculento. Às vezes para percorrer 500 metros levo uma hora, porque sou abordado. Eu ouço as pessoas, tenho de ouvir. Mesmo que elas estejam a dizer uma coisa que eu já ouvi milhares de vezes. Aprendi isso no tribunal com os casos. Muitos advogados diziam: "Ah, isto é uma bagatela". Não. Cada caso, por muito insignificante que seja para nós, para a pessoa que lá está é muitas vezes a coisa mais importante da sua vida.

Para si, o importante são as pessoas, é isso?
Aprendi no Direito que a primeira dimensão da ideia do Direito é o respeito absoluto pela pessoa humana.

O que pensa da Maçonaria?
Um sentimento contraditório. O seu ideário é do mais nobre do que pode ser gerado pelo ser humano, a sua prática transformou-se em muitos aspectos no pior do que pode haver numa sociedade humana. O que posso dizer de bom é que a Maçonaria não é diferente de outras organizações, tem bons e tem maus.

E o Opus Dei?
Eu não sou adepto. Sou ateu, não acredito em Deus, acho que Deus não acreditará muito em mim. Mas penso que os ideais que a Maçonaria pretende realizar são ideais de maior densidade humana, mais próprios dos problemas dos homens, mais dirigidos aos problemas dos homens, da liberdade, da igualdade da fraternidade, do que os do Opus Dei. O Opus Dei é mais a questão do poder. Conseguir o poder para servir a Deus.

Mas disse que a Maçonaria se transformou numa plataforma de negócios.
Temos hoje tantos exemplos de pessoas que dão mau exemplo quanto ao ideário da Maçonaria, são tantos os casos, que a própria Maçonaria devia fazer uma profunda reflexão interna e encarar a possibilidade de expulsar muitos dos seus membros. Agora eu não sou nem serei da Maçonaria, nem do Opus Dei.

Nunca será da Maçonaria?
Dentro do que se pode dizer, nunca, nunca serei. Já não estou na idade de me filiar. E há uma outra razão: ideais tão nobres como os que a Maçonaria defende e prossegue, pelo menos teoricamente, são para se defender em público e não através de uma forma discreta de organização.

Continua a defender o salário mínimo europeu? Quanto deve ser o seu valor?
A Europa devia definir um mínimo abaixo do qual seria indigno remunerar o trabalho humano. Depende das economias dos países. Pode ser 300 euros, pode ser 400 euros. A Europa devia fazer isso, assim como definir uma pensão mínima e alimentos mínimos para crianças.

Propõe um tecto para salário máximo. Como é que isso é compatível com a liberdade de mercado?
Não. As empresas podem pagar o que quiserem, agora o Estado pode tributar como quiser. Quando falo em vencimento máximo, é valor acima do qual o Estado criaria normas especiais de tributação. Sabe que na Inglaterra e nos países nórdicos há impostos que podem chegar aos 85%? Se uma pessoa ganha 300 mil euros por mês, não acha que devia ser tributada de forma especial? Suponha que se estabelece um valor máximo português de cem mil euros; o que ganharem acima disso será tributado com um imposto próprio. Agora, ninguém pode impor um salário máximo, é incompatível com a liberdade de mercado.

É opositor de que casais do mesmo sexo se candidatem à adopção de crianças. Por que considera que estes têm menos condições do que os casais de sexos diferentes?
A natureza ou Deus, para mim a evolução organizou as coisas em masculino e feminino. O homem e a mulher podem conceber. Entendo, por uma multidão infinita de razões, que uma criança necessita de um pai e de uma mãe, os afectos jogam-se no feminino e no masculino. Não nego que casais do mesmo sexo não sintam afectos.

Conhece os direitos individuais?
Conheço. Mas ninguém tem direito a adoptar, é um engano seu. As crianças têm direito a serem adoptadas e o mecanismo da adopção é criado para que possa ser dado à criança uma imagem da família natural que o gerou.

É essa a concepção que faz de adopção?
Nasceu assim. Não tem a ver com o direito das pessoas a casarem. Porque o casamento é uma instituição criada pelo homem para fins políticos, sociais, económicos. Por isso pode ser alterado pelo homem. Ninguém me pode impedir se eu quiser estabelecer uma comunhão de vida com outro homem.

E às mulheres e homens que tiveram casamentos, têm filhos e têm uma relação com pessoas do mesmo sexo?
Que sejam felizes mesmo com os filhos. O problema não está em dois homens viverem com o filho de um deles. É o padrasto. É o parceiro do meu pai, não é o meu segundo pai. Mãe há só uma. Pai há só um. Essa ideia de que pode ter dois pais e duas mães é uma lei perversa, é uma lei que viola as próprias leis naturais da evolução.

Continua a considerar que a violência doméstica não deve ser crime público?
Continuo. Cada vez mais. Uma das causas deste aumento de mulheres assassinadas é o fundamentalismo das leis que regulam esse problema. Deixe-me perguntar-lhe: se a minha mulher me der uma bofetada em público, por que é que eu não posso desistir de um processo que alguém decidiu instaurar no Ministério Público?

Não faz parte dos comportamentos considerados normais estar a esbofetear. E estamos a falar de mortes. Quando recorre a uma caricatura de uma estalada, está a fazer um raciocínio intencional?
Não estou a fazer nenhum raciocínio enviesado que está a insinuar. Até lhe digo que a morte por violência doméstica é punida menos severamente que a por homicídio. Se da violência resultar a morte, é punido com uma pena até 10 ou 12 anos, o homicídio simples é punido de oito a 16.

Mas há mais crimes registados porque há mais visibilidade, mais preocupação...
Hoje nenhum homicídio fica sem ser registado. E há mais por causa do fundamentalismo das leis. A partir de um certo grau de violência, estamos a lidar com monstros e deve-se lidar de forma especial, não é como tem sido feito. Há casos de pessoas que são mortas depois de iniciados os processos, porque as coisas são conduzidas de uma forma fundamentalista, justiceira. E é preciso maleabilizar os processos. Há o crime semipúblico.

Era o regime anterior.
O que eu defendi é o crime semipúblico especial atípico. A queixa pode ser feita por qualquer cidadão, mas a vítima pode desistir, desde que o faça em liberdade, perante um juiz, porque há casos de coacção. Há crimes gravíssimos que se deixa ao critério da vítima, porque a publicidade do processo causa às vezes mais danos ou danos tão relevantes quanto o próprio crime. Na violação a vítima pode não querer procedimento criminal. Sabe qual é o massacre às vezes de uma vítima num julgamento? Deve deixar-se uma margem, não deixar aos profissionais da acusação, aos burocratas do Ministério Público o poder absoluto sobre o processo. Este crime só é público para os pobres. A juíza que foi espancada há uns anos em Coimbra e fugiu para casa dos pais é crime particular. Toda a gente soube, mas toda a gente abafou.

Lista de pedófilos, concorda?
Lembra os piores momentos da história da humanidade. Daqui a pouco só falta pôr campainhas ao pescoço de alguns criminosos ou de alguns doentes.


*

Era um advogado desconhecido que chegou a bastonário da ordem dos advogados graças à saturação do mercado que deixava sem trabalho milhares de jovens advogados de quem prometeu ser o tribuno. É certo que não pactuou com facilitismos e impôs exigência no exame de acesso à ordem.

No entanto foi o primeiro bastonário a exigir um salário, nem mais , nem menos do que 5000 euros, superior ao salário de um professor catedrático de Direito, algo que não acredito que alguma vez tenha alcançado por mérito profissional enquanto trabalhou na profissão. E os jovens advogados nada mais ganharam senão uma voz que falava contra os grandes escritórios de advogados que vivem à sombra do poder político na nossa peculiar democracia.

O cargo e o estilo truculento deu-lhe lugar nas televisões, tornou-o conhecido e agradou ao homem da rua. Isso permitiu-lhe catapultar um pequeno partido para o estrelato nas eleições para o parlamento europeu de 2014 e valeu-lhe o lugar de eurodeputado.

Antes disso apoiou a candidatura a bastonária de um elemento da equipa com que havia concorrido à ordem dos advogados e que alegadamente tinha prejudicado gravemente uma cliente por não cumprir o código deontológico da profissão. Algo que se tornou uma constante na advocacia portuguesa mas que não o incomodou.

Chegado a eurodeputado, teve um deslize num programa de rádio em que considerou excessivo um eurodeputado ganhar mais de 20.000 euros mas reduzido o salário dos nossos deputados, que ascende a cerca de 4000 euros, com o argumento de que não é possível viver em Lisboa por menos de 5000 euros mensais.

Os resultados obtidos nas eleições para o parlamento europeu decidiram-no a afastar-se do partido que lhe deu a possibilidade de sentar-se nas bancadas de Bruxelas e abalançou-se na criação de um partido de que seja o único dono.

Diz-se contra o comportamento dos autarcas, dos deputados, dos ministros e até um primeiro-ministro que, em geral, nada mais procuram na política senão poder e dinheiro e contra a corrupção que esses políticos instalaram no nosso País.
É, sobretudo, notável a coragem com que denuncia "o dr. Almeida Santos é um advogado de negócios e é uma das pessoas que mais negócios fizeram em Portugal na sua condição de líder político e de advogado".

Mas o seu percurso profissional e político não inspira confiança e pode estar apenas à procura de polémica para evidenciar-se. Para já, esse percurso leva-me a considerá-lo mais um arrivista à procura das prebendas que a política passou a dar em Portugal depois do 25 de Abril.


sábado, 23 de maio de 2015

Um problema de Matemática para alunos de 8 anos no Vietname


O problema seguinte foi colocado a alunos do terceiro ano, com oito anos de idade, numa escola de Bao Loc, no centro do Vietname.




Foi-lhes pedido que preenchessem os espaços em branco com os números de 1 a 9 para que, no final, o resultado fosse 66, utilizando operações elementares — adição, subtracção, multiplicação e divisão.

Uma solução:


Um aluno de oito anos sabe que subtrair 11 ao primeiro membro é o mesmo que adicionar 11 ao segundo membro. Idêntico procedimento para o 10.
Também sabe que pode trocar a ordem das parcelas. Obtém:


Agora o aluno tem de distribuir os números 1 a 9 pelos nove espaços vazios.

O maior múltiplo de 13 que o aluno pode escolher é 13x4 = 52. Se escolhesse 13x5 = 65, só podia multiplicar 12 por 2 e, mesmo assim, ficava com 65 + 24 = 89 que é superior a 87. Logo tem de escolher o múltiplo 52, ou um múltiplo ainda menor.

Suponhamos que o aluno escolhe o múltiplo 52. Então 52+36 = 88. Portanto o 12 só pode multiplicar por 2 e o 13 tem de multiplicar por 4 e dividir por 1:


Temos 52 + 24 = 76. Para 87 resta 11.

O aluno ainda tem de distribuir os números 3, 5, 6, 7, 8 e 9. Qualquer um dos números 5 ou 7 não é divisor de nenhum dos outros; o 8 tem um divisor comum apenas com um dos outros. Como a última fracção também representa um número inteiro, o aluno não pode escolher 5, 7 ou 8 para denominador — só um dos números 3, 6 ou 9.

Se escolher o 3 para denominador, pode pôr como numerador 6x5, 6x7, 6x8, 6x9, ou 9x5, 9x7, 9x8, e a fracção representa, respectivamente, o número 10, 14, 16, 18, ou 15, 21, 24. Excepto no primeiro caso, são todos superiores a 11. Impossível.
No primeiro caso 10+1 = 11, então tem de adicionar dois dos números 7, 8 e 9 e subtrair o terceiro de modo a obter 1. Qualquer que seja o número escolhido para subtractivo, é impossível.

Se escolher o 9 para denominador, tem de pôr 3x6 como numerador e a fracção representa o número 2.
Como 2+9 = 11, então tem de adicionar dois dos números 5, 7 e 8 e subtrair o terceiro de modo a obter 9. Qualquer que seja o número escolhido para subtractivo, é impossível.

Portanto o aluno tem de escolher o denominador 6. O numerador pode ser 3x8 ou 8x9 e a fracção representa, respectivamente, o número 4 ou 12. O último é superior a 11, logo impossível.
Como 4+7 = 11, então tem de adicionar dois dos números 5, 7 e 9 e subtrair o terceiro de modo a obter 7. Fácil: 5+9-7 = 7. O aluno obtém:


Outras soluções:

Por um raciocínio análogo, mas partindo do múltiplo 39, obtido pela multiplicação de 13 por 3 e divisão por 1, chegamos rapidamente a mais duas soluções:


Partindo do mesmo múltiplo 39, mas obtendo-o pela multiplicação de 13 por 9 e divisão por 3, chegamos a outra solução:

Finalmente, escolhendo o múltiplo 26, obtido pela multiplicação de 13 por 2 e divisão por 1, chegamos à quinta solução distinta:


*


Há 9!/2! 2! = 90 720 arranjos diferentes dos números 1 a 9 pelos nove espaços vazios, mas a maioria não é solução do problema. Usando programas informáticos pode obter-se todas as soluções do problema, inclusive as que usam números fraccionários como esta:


Não era este, obviamente, o objectivo do problema. Pretendia-se levar os alunos a desenvolverem o raciocínio matemático, aplicando conceitos aprendidos.

Além de usar as quatro operações elementares, o aluno tem de saber que a multiplicação (ou a divisão) tem prioridade em relação à adição e à subtracção e dominar o cálculo mental.
Também tem de conhecer os conceitos 'múltiplo de um número' e 'divisor de um número' e saber simplificar uma fracção recorrendo aos factores comuns do numerador e do denominador.

Tudo conceitos que Nuno Crato introduziu nas metas do 1º ciclo mas há professores que não querem ensinar, ou não sabem, nem mesmo no 2º ciclo.

Nuno Crato tudo tem feito para que o futuro das crianças portuguesas seja tão promissor como o dos miúdos sul-coreanos, chineses, malaios ou vietnamitas.
No entanto, muitos pais querem que as crianças vão para a escola para brincar, não só no recreio mas também dentro da sala de aula. Depois culpem-se a si próprios, se o destino dos seus filhos for fazer a segurança ou as limpezas em empresas que os empresários chineses adquirirem em Portugal.


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Mais de 3,6 milhões de pensões pagas em Dezembro de 2013


O número de pensões pagas em Portugal, em Dezembro de 2013, ultrapassou os 3,6 milhões, sendo 2.998.562 no regime geral e 613.896 na Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Na CGA, as pensões por aposentação/reforma tinham um valor médio de 1280,95 euros e as de sobrevivência 459,32 euros, em Dezembro de 2013, conforme os dados mais recentes disponíveis no seu website.

As estatísticas da Segurança Social disponibilizam já os valores de Dezembro de 2014: foram 258.448 pensões de invalidez, mais 2.007.120 pensões de velhice e 718.246 pensões de sobrevivência, o que totaliza 2.983.814 pensões pagas no regime geral.

O número total de pensionistas não foi divulgado, mas é inferior ao número de pensões porque há pensionistas que recebem mais do que um tipo de pensões.


Pensões pagas em Dezembro de 2013
______________________________________________________

Pensões
___________________
Invalidez
Velhice
Sobrevivência

Aposentação/Reforma
Sobrevivência e outras
___________________
Total

Segurança Social
______________
269 108
712 726
2 016 728



______________
2 998 562

C. G. A.
___________




471 149
142 747
___________
613 896

Total
___________






___________
3 612 458


A CGA tem por missão gerir o regime de segurança social público em matéria de pensões de aposentação, de reforma, de sobrevivência e de outras de natureza especial, conforme o artigo 3.º do Decreto-Lei 131/2012.

No sítio da Internet, a CGA especifica que tem a seu cargo a gestão do regime de segurança social dos funcionários públicos e trabalhadores equiparados, admitidos até 31 de Dezembro de 2005, em matéria de pensões de aposentação, de reforma (forças armadas e GNR), de sobrevivência e de outras de natureza especial, designadamente, pensões de preço de sangue e pensões por serviços excepcionais e relevantes prestados à Pátria.

Os subscritores da CGA são fundamentalmente funcionários e agentes administrativos (civis e militares) da Administração Pública Central, Local e Regional, professores do ensino particular e cooperativo e trabalhadores de algumas empresas públicas e sociedades anónimas de capitais públicos (ex-empresas públicas).


Compare o seu rendimento


Qual é a sua percepção da desigualdade de rendimentos? As estatísticas sobre a desigualdade de rendimentos fazem muitas vezes as manchetes dos jornais, mas as pessoas não sabem como os rendimentos são distribuídos realmente.

A ferramenta Compare your income da OCDE permite-lhe ver se a sua percepção está em consonância com a realidade. Com alguns cliques, pode ver qual é a sua posição na distribuição de rendimentos do seu país.

Agora descubra qual é a sua parte do bolo!





*


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é uma organização económica internacional formada por 34 países que foi fundada em 1961 para estimular o progresso económico e o comércio mundial.
É um fórum de países que se descrevem como comprometidos com a democracia e a economia de mercado, fornecendo uma plataforma para comparar experiências de políticas, procurar respostas para problemas comuns, identificar boas práticas e coordenar as políticas nacionais e internacionais dos seus membros.




██ países fundadores (1961)
██ outros países membros


terça-feira, 19 de maio de 2015

Um domingo violento - II






Carlos Silva
Professor, Óbidos 19/05/2015 15:25
Passámos de 80, no tempo de Salazar, para 8. Hoje, a autoridade pública, é uma propriedade pública, no sentido em que é um ótimo alvo, com garantia que não pode retaliar, pois se esboçar algum gesto de legítima defesa, é logo alvo de inquéritos, suspensões, etc.
Na mesma medida em que há o dever ético de correção para com o público, assim o público deve tratar com respeito a autoridade seja ela quem for, policial, educativa, etc.
Provocação e legítima defesa são causas de exclusão, dirimentes da ilicitude. Injúrias, difamações, ameaças, calúnias e também humilhantes agressões físicas atemorizam hoje polícias e professores que estão expostos à "carne viva" social do ódio, inveja e do motivo fútil. Nenhum profissional deve aceitar ser colocado numa situação em que é quase um toiro numa arena.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Um domingo violento - I


Faltavam 20 minutos para o início do jogo Vitória de Guimarães-Benfica quando alguns adeptos benfiquistas começaram a agredir adeptos vimaranenses:

Uma centena de adeptos do Benfica sem escolta policial irromperam por uma das avenidas que dá acesso ao estádio e envolveram-se em confrontos com adeptos afectos ao Vitória de Guimarães. Houve arremesso de vários objectos, como tochas, petardos e garrafas.

Os poucos elementos do corpo de intervenção da PSP no local viram-se obrigados, inicialmente, a recorrer a tiros de 'shotgun' para apaziguar a situação.

Com o reforço do efectivo, as autoridades efectuaram uma carga policial para dispersar os dois grupos de adeptos e evitar a escalada da violência. Nas imagens televisivas divulgadas na CMTV, foi possível ver elementos do corpo de intervenção da PSP a afastarem um grupo de adeptos vitorianos com recurso a bastonadas, situação que também ocorreu com os adeptos encarnados.

Durante cerca de 10 minutos viveram-se momentos de tensão que obrigaram a uma intervenção policial musculada. Após a actuação da polícia de choque os ânimos serenaram.


No fim do jogo Vitória de Guimarães-Benfica, um grupo de adeptos benfiquistas composto por avô, pai e dois filhos procurou sair do Estádio D. Afonso Henriques quando os ânimos na bancada benfiquista se começavam a exaltar. Os polícias presentes aceitaram a saída da família porque o filho mais novo se sentiu indisposto.

Numa altura em que o menino já estava sentado num muro a beber água, um oficial da PSP de Guimarães aproximou-se e procurou explicar calmamente ao pai que tinha sido uma irresponsabilidade trazer a criança para um jogo de futebol de alto risco. O pai não apreciou a advertência. Começou a discutir e a gesticular com veemência, elevando as mãos acima da cabeça do oficial e à altura do ombro do filho mais velho, um adolescente que entretanto tinha subido para cima do muro.

Desconhece-se o que o homem terá dito ao agente da autoridade, mas o oficial deu-lhe ordem de detenção e tentou algemá-lo. O homem ofereceu resistência e o avô, que tinha vindo acudir ao filho, foi afastado com violência pelo oficial e por outro polícia. O indivíduo levantou-se, foi agarrado por um polícia do corpo de intervenção, continuou a espernear e o oficial, depois de lhe dar algumas bastonadas, conseguiu neutralizá-lo e algemá-lo.

O miúdo foi empurrado durante a detenção do pai, assustou-se e começou a chorar, tendo sido socorrido e afastado do local por polícias do corpo de intervenção, enquanto o irmão e o avô discutiam com os polícias que se encontravam à volta do detido.



Entretanto os adeptos do Benfica vandalizaram o bar do Estádio D. Afonso Henriques situado por baixo da bancada benfiquista, agrediram um dos funcionários e assaltaram o armazém, deixando um rasto de destruição no estádio do Vitória de Guimarães:



À noite, já em Lisboa, durante os festejos do título de bicampeão na Praça Marques de Pombal, alguns jovens vestidos com a camisola do Benfica fizeram detonar petardos. Quando as forças de segurança intervieram, arremessaram pedras, garrafas e outros objectos na direcção dos elementos da polícia, dando origem a uma carga policial:


Actualização em 21 de Maio
A festa em Lisboa para celebrar o bicampeonato do Benfica, entre as 19h30 e as 2h00, foi condensada num vídeo de 60 segundo. Lamentável é ver, no final, os adeptos benfiquistas começarem a detonar petardos e a festa degenerar em violência pura, ficando 16 polícias feridos:

A privatização da TAP - I


O prazo para os interessados na compra até 61% do grupo TAP apresentarem uma proposta vinculativa terminou às 17 horas desta sexta-feira, 15 de Maio.


16 Mai, 2015, 13:49


Foram apresentadas três propostas vinculativas e pouco a pouco vão sendo conhecidos os pormenores das propostas que estão resumidos neste quadro:




18 Mai, 2015, 14:02


Miguel Paes do Amaral é português, Gérman Efromovich, dono da Avianca, tem nacionalidade polaca e David Neelman, accionista da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, é norte-americano.
O Governo português tem, portanto, de confrontar-se com o facto de haver candidatos de fora da União Europeia e já contratou uma sociedade de advogados estrangeira, a Freshfields, para avaliar se os consórcios que estão a concorrer à reprivatização do grupo TAP cumprem as regras da União Europeia relativamente ao controlo de companhias aéreas, que impede cidadãos de fora da região de deter mais de 50% do capital.

Por outro lado, as ofertas para 61% do capital do grupo TAP, ao proporem uma injecção de capital de 350 milhões de euros, no máximo, não poderão retirar o grupo da situação líquida negativa de 512 milhões de euros em que se encontrava no final do ano passado.

As próximas etapas

No prazo de cinco dias úteis após a recepção das propostas, ou seja, até à próxima sexta-feira, e após ser ouvido o conselho de administração do grupo TAP quanto às propostas de projectos estratégicos, a Parpública — holding que gere as participações do Estado — terá de elaborar um relatório.
Esse relatório deve descrever pormenorizadamente as propostas recebidas e fazer a apreciação de cada um dos proponentes e das respectivas propostas, determinando o seu mérito relativo em função dos critérios de selecção definidos, o primeiro dos quais é a contribuição para o reforço da capacidade económico-financeira do grupo TAP.

Também a comissão especial de acompanhamento da reprivatização do grupo, liderada por João Cantiga Esteves, terá de se pronunciar sobre as propostas.

As regras do concurso, admitem que o Conselho de Ministros decida a realização de uma fase ulterior de negociações, com a finalidade de permitir a apresentação de propostas vinculativas melhoradas e finais pelos proponentes.

O Governo pretende que a escolha do vencedor seja feita duas semanas depois da entrega das propostas, ou seja, até ao final de Maio e quer assinar o contrato com o comprador de 61% do capital do grupo TAP até ao fim de Junho.
O futuro vencedor da privatização do grupo será obrigado a adquirir as acções destinadas aos trabalhadores, se estes não estiverem interessados. No limite pode vir a controlar 66% do grupo TAP.


A dívida do grupo TAP atingiu 1062 milhões de euros, no final de 2014, um valor tão elevado que os activos — aviões, terrenos e edifícios, equipamento, valor das rotas, ... — não conseguem cobrir a dívida e restante passivo, ficando o grupo com 512 milhões de euros de capitais próprios negativos, ou seja, em situação de falência técnica.

Mas, apesar da dívida do grupo ter atingido um valor excessivo, não vai ser o único motivo de preocupação para o eventual comprador.
É que o grupo registou prejuízos de 85,1 milhões de euros, um valor que representa um colossal agravamento face aos 5,9 milhões de euros registados em 2013 (p.25 do Relatório e contas).

A TAP Manutenção e Engenharia Brasil, unidade que nos últimos anos foi responsável pelo agravamento da situação líquida do grupo, ainda registou um prejuízo de 22,6 milhões de euros mas, se compararmos com os 40,3 milhões de euros registados no ano anterior, apresentou uma notável melhoria.

Donde veio, então, o descalabro nas contas de 2014?
Do transporte aéreo — a TAP SA — que passou de lucros de 34,0 milhões para prejuízos de 46,4 milhões. A administração do grupo explicou este resultado com "o impacto das greves na operação, pelo custo associado ao fretamento de aviões e, na vertente dos proveitos, pela redução de yield [receita média por cliente] no Brasil e na Europa, fenómeno transversal à globalidade da Indústria".


*

A Avianca é a maior companhia aérea da Colômbia e a segunda maior da América Latina. Tem várias subsidiárias: Avianca Brasil, que é a quarta maior companhia de aviação do Brasil, Avianca Costa Rica, Avianca Equador, Avianca El Salvador, Avianca Peru. A sua frota inclui 4 Boeing e 120 Airbus, dos quais 10 aviões A330.

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras é a terceira maior companhia do Brasil em número de passageiros transportados e frota de aeronaves e a que mais cresce em termos de passageiros por quilómetro voado. Em Dezembro do ano passado, tornou-se uma companhia aérea de bandeira do Brasil ao começar rotas internacionais — 2 destinos nos Estados Unidos. Tem 5 Airbus A330.

A TAP SA garante ligações para 88 destinos, espalhados por 38 países e a sua frota é composta por 61 aeronaves de modelo Airbus, dos quais 14 aviões A330 e 4 aviões A340.

Um Airbus A320 custa 85 milhões de euros.
No caso do Airbus A330, o preço começa em 205 milhões de euros.
E para comprar o Airbus A350 mais baratinho, é preciso despender 240 milhões de euros.

Como contribuinte anseio pela privatização do grupo TAP, mas estas propostas de uma companhia latino-americana e de outra que está a iniciar a sua internacionalização causam-me algum desconforto. Mas quem quer investir num grupo que, assombrado por constantes greves, está a caminhar para o abismo?


sábado, 16 de maio de 2015

Em defesa da língua portuguesa


Em 1990, o então primeiro-ministro Cavaco Silva começou a abrir a cova onde José Sócrates, outro primeiro-ministro de má memória, enterrou a nossa língua materna.
Mas há sempre quem diga não à perda de uma pedra basilar da nossa identidade nacional e lute contra a divergência da cultura portuguesa em relação às outras culturas latinas, recusando o acordo ortográfico de 1990 — a última degradação imposta à língua portuguesa:


José Pacheco Pereira 16/05/2015 - 05:34

Uma geração de apátridas da língua, todos muito destros em declamar que a “a nossa pátria é a língua portuguesa”, minimizam a nossa identidade e a nossa liberdade. É como se estivéssemos condenados a escrever como se urrássemos em vez de falar.

À memória do Vasco Graça Moura

Não sei se são válidos ou não os argumentos jurídicos que discutem a data da aplicação efectiva do Acordo Ortográfico [AO], se nestes dias, ou em 2016. Isso não me interessa em particular, a não ser para registar a pressa suspeita em o aplicar contra tudo e contra todos. Mas uma coisa eu sei ao certo: é que o desprezo concreto do bem que ele pretende regular, a língua portuguesa, é evidente nessa mistura sinistra de inércia, indiferença e imposição burocrática com que se pretende obrigar os portugueses a escrever de uma forma cada vez mais abastardada.

Na sua intenção original, o Acordo pretendia ser um acto de política externa, uma forma de manter algum controlo sobre o português escrito pelo mundo todo, como forma de garantir uma réstia de influência portuguesa num conjunto de países que, cada vez mais, se afastam da centralidade portuguesa, em particular o Brasil. Se é um “acordo” é suposto que seja com alguém. No entanto, desse ponto de vista, o AO é um grande falhanço diplomático, visto que está neste momento em vigor apenas em Portugal, com promessas do Brasil e Cabo Verde, esquecimento em Moçambique, Guiné Bissau, S. Tomé e Timor-Leste, e recusa activa em Angola. Nalguns casos há protelamentos sucessivos, implementações adiadas e uma geral indiferença e má vontade. Para além disso, nenhuma implementação do AO, vagamente parecida com a pressão burocrática que tem sido feita em Portugal, existe em nenhum país, a começar por aquele que parecia ser o seu principal beneficiado, o Brasil. Ratificado ele foi, aplicado, não.

Mas com o mal ou a sorte (mais a sorte que o mal) dos outros podemos nós bem, mas ele revela o absurdo do zelo português num AO falhado e que nos isolará ainda mais. Onde os estragos serão mais significativos é em Portugal, para os portugueses, e para a sua língua. É que o Acordo Ortográfico não é matéria científica de linguistas nem, do meu ponto de vista, deve ser discutido nessa base, porque se trata de um acto cultural que não é técnico, e como acto cultural em que o Estado participa, é um acto político e as suas consequências são identitárias. Não me parece aliás que colha o historicismo habitual, como o daqueles que lembram que farmácia já se escreveu “pharmácia”, porque as circunstâncias políticas e nacionais da actualidade estão muito longe de ser comparáveis com as dos Acordos anteriores.

É um problema da nossa identidade como portugueses que está em causa, na forma como nos reconhecemos na nossa língua, na sua vida, na sua história e na sua proximidade das fontes vivas de onde nasceu: o latim. Não é irrelevante para o português e a sua pujança, a sua capacidade de manter laços com a sua origem no latim e assim comunicar com toda a riqueza do mundo romano e, por essa via, com o grego, ou seja, o mundo clássico onde nasceu a nossa cultura ocidental. Esta comunicação entre uma língua e a cultura que transporta é posta em causa quando a engenharia burocrática da língua a afasta da sua marca de origem, mesmo que essas marcas sejam “mudas” na fala, mas estão visíveis nas palavras. As palavras têm imagem e não apenas som, são vistas por nós e pela nossa cabeça, e essa imagem “antiga” puxa culturalmente para cima e não para baixo.

O AO é mais um passo no ataque generalizado que se faz hoje contra as humanidades, contra o saber clássico e dos clássicos, contra o melhor das nossas tradições. Não é por caso que ele colhe em políticos modernaços e ignorantes, neste e nos governos anteriores, que naturalmente são indiferentes a esse património que eles consideram caduco, ultrapassado e dispensável. Chegado aqui recordo-me sempre do “jovem” do Impulso Jovem aos saltos em cima do palco a dizer “ó meu isso não serve para nada”, sendo que o “isso” era a história. Esta é a gente do AO, e, como de costume, encontram sempre sábios professores ao seu lado, os mesmos que vêem as suas universidades a serem cortadas, em nome da “empregabilidade”, da investigação nas humanidades e em sectores como a física teórica e a matemática pura, teorias sem interesse para os negócios. “Ó meu, isso não interessa para nada!”.

Mas estamos em 2015 e hoje o português de Portugal está sitiado e numa situação defensiva. Não é no Brasil que o português está em risco, nem em Angola, Cabo Verde, Moçambique ou Timor. Aí os riscos do português são os riscos de sempre e vêm da extensão da colonização, da sua relação com as línguas autóctones, dos crioulos que gerou, e do modo como penetrou nas elites e no povo desses países, se é ou não a língua de cultura ou a língua da administração e do Estado. E não é certamente no Brasil que o português está na defensiva, bem pelo contrário, é no Brasil que o português está num momento particularmente criativo.

Quer se goste quer não, a locomotiva da língua portuguesa não é a academia portuguesa, mas a pujança do povo e da sociedade brasileira, a sua criatividade e dinamismo. E isso fará com que o português escrito no Brasil esteja sempre para lá de qualquer AO, como aliás aconteceu no passado e vai acontecer no futuro. É o mais fútil dos exercícios, até porque enquanto o português de Portugal for para o português do Brasil como o latim é para o português, ainda tem um papel. Se abastardamos o português de Portugal, nem esse papel teremos, a não ser escrevermos um “brasileiro” mais pobre que não serve de exemplo a ninguém.

A vitalidade do nosso português está nos seus grandes escritores, Miranda, Camões, Bernardes, Vieira, Herculano, Camilo, Eça, todos conhecedores do seu Virgílio, do seu Horácio, do seu Ovídio, mesmo do seu escolar Tácito, César ou Salústio. Todos lidos, estimados e estudados no Brasil, que por eles faz muito mais do que nós alguma vez fizemos, por exemplo, com Machado de Assis. E é também por isso, que a maioria dos escritores portugueses contemporâneos recusa o AO, como quase toda a gente que está na escrita e vive pela escrita e é independente da burocracia do estado. Todos sabem que o português permite todas as rupturas criativas, dos simbolistas ao Sena dos Sonetos a Afrodite Anadiómena – “E, quando prolifarem as sangrárias,/ lambidonai tutílicos anárias,/ tão placitantos como o pedipeste”, – ao “U Omãi Qe Dava Pulus” de Nuno Bragança. Criativamente a nossa língua vernácula suporta e bem tudo, menos que seja institucionalizada com uma ortografia pobre e alheia à sua história.

O futuro do português como língua já está há muito fora do nosso alcance, mas o português que se fala e escreve em Portugal, desse ainda podemos cuidar. É que é em Portugal que o português está em risco, está na defensiva, e o AO é mais uma machadada nessa defesa de último baluarte. É em Portugal que um Big Brother invisível, que se chama sistema educativo, retira todos os anos centenas de palavras do português falado, afastando das escolas os nossos escritores do passado e substituindo-os por textos jornalísticos. É em Portugal que uma linguagem cada vez mais estereotipada domina os media, com a substituição dos argumentos pelos soundbites, matando qualquer forma mais racional e menos sensacional de conversação. É em Portugal que formas guturais de escrita, nos SMS e nos 140 caracteres do Twitter, enviados às centenas todos os dias por tudo que é adolescente, ou seja também por muitos adultos, se associa à capacidade de escrever um texto, seja uma mera reclamação a uma descrição de viagem. É neste Portugal que, em vez de se puxar para cima, em nome da cultura e da sua complexidade, em nome da língua e da sua criatividade, em nome da conversação entre nós todos que é a democracia, se puxa para baixo não porque os povos o desejem, mas porque há umas elites que acham que a única pedagogia que existe é a facilidade.

E é neste Portugal que uma geração de apátridas da língua, todos muito destros em declamar que a “a nossa pátria é a língua portuguesa”, minimizam a nossa identidade e a nossa liberdade, que vem dessa coisa fundamental que é falar e escrever com a fluidez sonora do português, mas também com a complexidade da sua construção ortográfica. É como se estivéssemos condenados a escrever como se urrássemos em vez de falar."



sexta-feira, 15 de maio de 2015

O Terminal de Cruzeiros do porto de Leixões


"Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!"
in Álvaro de Campos, Ode Marítima



Fernando Guerra


O novo Terminal de Cruzeiros do porto de Leixões “é uma obra delicada”, diz Brogueira Dias, presidente da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL). “Aquilo está fundado em cima de estacaria”, mas “as estacas, no início, tiveram que funcionar ao contrário, porque, como tinha muito volume metido debaixo de água, a impulsão obrigou-as a funcionar como se fossem tirantes, para segurar o edifício”.



O estudo inicial previa, para os duplos pisos 2 e 3, uma área comercial e um espaço de restauração, respectivamente, para mais facilmente atrair a atenção dos habitantes da área metropolitana do Porto.

No entanto, a APDL optou por assumir uma parceria com a Universidade do Porto para aí instalar o seu Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), um pólo de ciência e tecnologia do mar, que irá ocupar “cerca de 40%” do edifício e acolher aproximadamente 200 investigadores.
Foi feito um contrato de concessão por 50 anos e a Universidade paga uma renda relativamente a isso. Mitiga um bocadinho as dificuldades também de investimento, contribuindo para a sustentabilidade do investimento”, explica Brogueira Dias. Esta decisão facilitou a candidatura aos fundos comunitários, sendo o custo global, orçado em cerca de 50 milhões de euros, dividido em partes iguais entre a APDL e Bruxelas.

Após concurso público, a obra foi adjudicada ao consórcio formado pela Ferreira - Construção e OPWAY - Engenharia, por contrato¹ celebrado em Setembro de 2011 no valor de 24,9 milhões de euros.



O convite a Luís Pedro Silva para projectar o terminal de cruzeiros do porto de Leixões surgiu depois de o arquitecto, mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano pelas faculdades de Arquitectura e Engenharia da Universidade do Porto, ter integrado a equipa da empresa que foi escolhida pela APDL, em 2003, para definir o novo plano estratégico daquele porto.

O objectivo então definido era "ligar o desenvolvimento comercial e a aposta no turismo marítimo com a socialização do porto”, diz este arquitecto. Luís Pedro Silva não vê a arquitectura como “um problema de autoria”, mas antes de “resposta a um conjunto de circunstâncias”, que começam no cliente e no programa e passam pelo lugar e pelo contexto. “A arquitectura é a síntese destes vários factores, que depende mais da pergunta que eles fazem do que do modo como se lhes responde.

A primeira etapa, concluída em Abril de 2011, foi a construção de um novo cais de acostagem, que já foi projectado por si. Seguir-se-iam um porto de recreio e depois a nova estação de passageiros.

O desenho inicial do edifício surgiu em 2006 e o arquitecto considera que não tem “nada de transcendente”.


Temos um braço que vem ao navio, outro que vai à curva do molhe, outro que leva à cidade e depois outro que cai dentro do edifício”, resultando o projecto da “síntese destes movimentos e fluxos”.
Tinha de haver uma cobertura para abrigar as pessoas, uma parede para suportar uma rampa, uma pala para abrigar os autocarros... Esses elementos vêm mais ou menos laminados e, quando chegam aqui, não se descaracterizam – levam a que as formas, e aquilo que se lê entre o fechado e o aberto, seja assim mesmo”, explica Luís Pedro Silva.




O edifício é composto por cinco pisos e dois mezaninos, a que se junta a cobertura, e foi construído sobre estacas.

Situado a 1,6 m abaixo do nível do mar, o piso -1 integra um biotério do CIIMAR (um aquário com animais e algas), um parque de estacionamento (90 lugares), uma área técnica e equipamentos de apoio ao porto de recreio.




O piso 0 é o piso da recepção aos visitantes. Integra um amplo átrio, iluminado por luz natural e com um espelho de água ao centro, a partir do qual o edifício sobe em hélice, tendo mesmo uma rampa helicoidal até à cobertura.

O piso 1 é a sala de embarque, com os serviços de check-in, alfândega, fronteira e uma sala de espera com cafetaria. Daqui, os turistas têm uma ligação directa tanto aos navios como aos autocarros estacionados no parque exterior – a APDL espera 125 mil passageiros só até final do corrente ano.

Os pisos 2 e 3, bem como os respectivos mezaninos que duplicam a sua área, estão quase integralmente afectos aos serviços do Pólo do Mar, com cerca de uma centena de salas e gabinetes que deverão acolher os técnicos e investigadores de áreas como a oceanografia, a microbiologia, a nutrição, a ecofisiologia, a toxicologia, a robótica, etc...



No piso 3 encontra-se um dos espaços mais ousados da construção com uma parede envidraçada a abrir para uma vista panorâmica sobre o oceano Atlântico. É uma galeria de divulgação científica que está apoiada por um pequeno auditório revestido a veludo azul, equipado com uma régie e máquinas de projecção mas que pode acolher os eventos mais diversos e será partilhado entre a Universidade do Porto e a APDL.
Há ainda um pequeno restaurante a partir do qual se pode sair novamente para a rampa exterior que leva à cobertura.

A cobertura é um anfiteatro ao ar livre, resguardado da nortada, que pode acolher 1800 pessoas e proporciona uma vista admirável sobre o mar, a linha de costa e o Parque da Cidade.




O revestimento interior e exterior do terminal contém um milhão de azulejos tridimensionais produzidos pela Vista Alegre. Vidrados, os azulejos hexagonais difundem de forma variável a luz do sol ao longo do dia e das estações do ano, conferindo-lhe “iridescência para conseguir uma certa variedade cromática”.

Este terminal de cruzeiros do porto de Leixões pode vir a revolucionar a relação dos habitantes das cidades de Matosinhos e do Porto com este porto de mar situado 4 km a Norte da foz do rio Douro. Diz Luís Pedro Silva: “Espero que a obra seja bem acolhida, bem usufruída, que sirva quem cá esteja dentro e quem cá venha.

(actualizado em 23 de Julho)


Nota:
  1. Ver aqui os contratos desde 500 mil euros da adjudicante APDL