terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mensagem do Natal 2012 de Passos Coelho



25.12.2012 21:00


Texto integral aqui.

*

Actualizado em 26 Dezembro com a mensagem no Facebook:

"Amigos,

Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.

Já aqui estivemos antes. Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros. Mas a verdade é que para muitos, este foi apenas mais um dia num ano cheio de sacrifícios, e penso muitas vezes neles e no que estão a sofrer.

A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor.

A Laura e eu desejamos a todos umas Festas Felizes.

Um abraço,
Pedro.
"


Esta mensagem afectiva foi mal recebida. A quase totalidade das famílias portuguesas viu os seus rendimentos diminuírem em 2012, ou sabem que vão ser reduzidos no próximo ano. Muitos, ao ficarem desempregados, tiveram de emigrar. E não querem afecto, querem dinheiro.

Além de que ouviram dizer, e querem acreditar, que confiscando os bens aos 10 mil portugueses ricos, os 10 milhões de pobres e remediados ficavam ricos...
O que não sabem é que em 11 de Março de 1975 isso aconteceu. As maiores empresas foram nacionalizadas e os empresários fugiram para o Brasil. O resultado foi o País ter gasto parte das reservas de ouro, que Salazar obrigou os nossos avós a poupar, no pagamento das cargas de trigo que chegavam aos portos, porque o PCP estava no Governo e era exigido ao país pagamento com dinheiro à vista. E em 1977 tivemos de recorrer ao FMI.

Cercear regalias obscenas, recalcular pensões exorbitantes, corrigir situações injustas que se desenvolveram à sombra de anteriores governos, criminalizar a corrupção e punir quem a praticou, com certeza.
No entanto, não gastar mais do que aquilo que se produz, tanto tem de ser regra para as famílias como para os países. Quem não quiser pagar dívidas, que não as faça.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal 2012





Katherine Kennicott Davis, The Little Drummer Boy

Come, they told me, pa rum pum pum pum
A new born King to see, pa rum pum pum pum
Our finest gifts we bring, pa rum pum pum pum
To lay before the King, pa rum pum pum pum,
rum pum pum pum, rum pum pum pum,

So to honor Him, pa rum pum pum pum,
When we come.

Little Baby, pa rum pum pum pum
I am a poor boy too, pa rum pum pum pum
I have no gift to bring, pa rum pum pum pum
That’s fit to give the King, pa rum pum pum pum,
rum pum pum pum, rum pum pum pum,

Shall I play for you, pa rum pum pum pum,
On my drum?

Mary nodded, pa rum pum pum pum
The ox and lamb kept time, pa rum pum pum pum
I played my drum for Him, pa rum pum pum pum
I played my best for Him, pa rum pum pum pum,
rum pum pum pum, rum pum pum pum,

Then He smiled at me, pa rum pum pum pum
Me and my drum.


domingo, 23 de dezembro de 2012

BPN, o buraco negro


23.12.2012 10:59

Impressionante o desfilar, na reportagem da SIC, dos montantes dos empréstimos concedidos pelo BPN a diversos clientes que foram enfiados nas três empresas veículo do "mau banco" — Parvalorem (4 mil milhões de euros), Parups (1,5 mil milhões) e Parparticipada (150 milhões) — e vão a caminho do contencioso por incumprimento.

Impressionante o método: a SLN vendia as acções aos clientes, depois recomprava-as com valorizações e os clientes "pagavam" os empréstimos.

Impressionante a lista de empresas devedoras: a Casa do Douro, a CNE - Cimentos Nacionais e Estrangeiros, o Vitória Futebol Clube, o Boavista Futebol Clube, ... , e a própria SLN (1000 milhões de euros), dona do BPN, que entretanto mudou o nome para Galilei.

Impressionante a lista de figuras públicas: Oliveira e Costa, Luís Caprichoso, Arlindo de Carvalho, Dias Loureiro, Duarte Lima, Almerindo Duarte, Joaquim Coimbra, Fernando Fantasia, Cardoso Cunha, o arquitecto do Freeport Capinha Lopes, ...
Muitos deles ministros, secretários de Estado, líderes parlamentares e figuras gradas do PSD durante os governos de Cavaco Silva e membros da comissão de honra da sua candidatura a Belém.

Como é possível que dois milhões de eleitores tenham escolhido para presidente da República Portuguesa uma pessoa que, no mínimo, não sabe escolher os seus colaboradores e faz investimentos ao arrepio da ética?
Sendo verdade que os outros candidatos também vieram a revelar inadequação para o cargo, não teria sido preferível termos anulado os boletins de voto?

E o então governador do Banco de Portugal, o socialista Vítor Constâncio, por que razão não apoiou o vice-presidente António Marta que pretendia fiscalizar o BPN?

É que a maior fraude alguma vez perpetrada no nosso pobre país criou um buraco negro que vai ascender a 7 mil milhões de euros, quase o dobro do corte de quatro mil milhões na despesa pública exigido pela troika a partir de 2014.
E dizia Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças de José Sócrates, que a nacionalização do BPN, em Novembro de 2008, não prejudicaria os interesses do Estado ou dos contribuintes...


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

MEC entrega 206 milhões de euros a privados


No primeiro semestre deste ano, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) atribuiu 206,5 milhões de euros a cerca de 400 entidades privadas.

O maior subsídio foi atribuído ao Colégio Liceal Santa Maria das Lamas, no Norte, que tem cerca de 80 turmas financiadas pelo Estado e recebeu 3,5 milhões de euros.
Actualmente, os colégios com contrato de associação recebem 85 mil euros/ano por cada turma.

O segundo lugar pertence a uma escola profissional da zona de Lisboa, a Cooptécnica Gustave Eiffel, que recebeu 2,7 milhões.
As escolas profissionais de nível secundário situadas em Lisboa recebem financiamento dos ministérios da Economia e da Educação. Nas outras regiões são subsidiadas através do Fundo Social Europeu.

A legislação exige que a listagem dos subsídios dados a privados no primeiro semestre seja divulgada até ao final de Setembro. O MEC só publicou em 3 de Dezembro a listagem das transferências efectuadas no primeiro semestre de 2012.
Mas fez publicar também os subsídios atribuídos no primeiro e segundo semestre de 2011, bem como no primeiro e segundo semestre de 2010 pelo extinto Ministério da Educação.

*

Entre as entidades subsidiadas pelo MEC figuram as associações de pais que recebem os subsídios para darem actividades de enriquecimento curricular aos alunos do 1º ciclo, em geral, aulas de Inglês ou de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), porém, muitas delas são fictícias. Nunca vimos os (poucos) pais sócios ou o MEC inspeccionarem a contabilidade destas associações.

Muitos negócios se têm feito, e continuam a fazer, à sombra da educação neste pobre País!


Saiba quantas freguesias perde cada concelho


O projecto de Lei Reorganização Administrativa do Território das Freguesias, aprovado esta sexta-feira no Parlamento, determina uma redução de 1176 freguesias.
A seguinte infografia do Negócios mostra quantas freguesias vai perder cada concelho:





A maior redução do número de freguesias ocorreu nos distritos de Lisboa e Porto.

Se o leitor desejar conhecer quais as freguesias que serão agregadas no concelho onde nasceu, ou reside, poderá consultar o anexo I do projecto de lei: na coluna A encontra as freguesias agregadas, na coluna D são identificadas todas as freguesias que resultam da aplicação da lei e na coluna E figura a sede.


sábado, 1 de dezembro de 2012

O abandono escolar varia na relação inversa da taxa de desemprego dos jovens


"As lágrimas das carpideiras

DAVID JUSTINO 30/11/2012 - 15:45

A divulgação dos valores da taxa de abandono escolar precoce por parte da Comissão Europeia mereceu um pequeno destaque por parte de alguns órgãos de comunicação social, cujos títulos variaram entre “atingiu 23,2% em 2011” e “o terceiro pior registo” da União Europeia.

Nestas situações recorre-se sempre a alguns “especialistas” que, na maior parte dos casos, tendem a carregar com cores mais sombrias os títulos já de si negros do nosso atraso educativo. Houve mesmo quem antecipasse: “A elevada taxa de abandono escolar que se regista no país vai crescer ainda mais no futuro”, atendendo à situação social de muitas famílias e dos seus filhos.

Fora dos títulos ficou a conclusão da Comissão Europeia de que Portugal foi o país onde, nos últimos cinco anos, se verificou a maior baixa deste indicador: de 39,1% registados em 2006, passou-se para 23,2%. Em qualquer outro contexto, esta teria sido a notícia e o título não poderia traduzir outra coisa senão tão inusitado desempenho.

O segundo tipo de comentários que ouvi e li prendia-se com as razões dessa baixa acentuada do abandono escolar precoce: uns atribuíam o fenómeno à escolaridade obrigatória de 12 anos, outros ao aumento da oferta pública de ensino profissional. Ou seja, centravam nas medidas de política educativa a razão desta redução do abandono. Quem direta ou indiretamente se associou a essas medidas até se poderia sentir recompensado por, de alguma forma, ter contribuído para tal resultado. Só que manda a prudência e o rigor que não nos precipitemos, nem a apanhar as lágrimas das carpideiras nem a recolher os louros dos campeões.

Proponho-vos um exercício de reflexão em torno do Gráfico 1, onde se representa a evolução das taxas de abandono e as do desemprego jovem. Dele poderemos concluir que a referida taxa de abandono tem vindo a baixar de forma sustentada desde 2002 e que o seu comportamento está na relação inversa com a taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos.


Gráfico


O segundo gráfico destaca essa relação que sugere a hipótese explicativa: quanto mais alta a taxa de desemprego menor será a taxa de abandono. O que é que isto significa?

Em primeiro lugar, permite-nos concluir que o efeito do mercado de trabalho sobre a escolarização é considerável. Se existem oportunidades de inserção precoce no mercado de trabalho, especialmente em períodos de rápido crescimento económico e de criação de postos de trabalho, as expectativas de abandono do sistema de ensino tendem a aumentar. Caso contrário, em períodos de escassas oportunidades e elevadas taxas de desemprego, os jovens tendem a prolongar a sua escolarização, mantendo-se até mais tarde no sistema de ensino.

Esta elevada sensibilidade da escolarização às oportunidades de inserção precoce no mercado de trabalho é característica saliente na sociedade portuguesa, onde até há não muitos anos se denunciavam as situações de trabalho infantil. Esse fenómeno era uma consequência do baixo valor da escolarização e da incapacidade de o sistema de ensino responder com ofertas adequadas e valorizadas à atração do emprego precoce. Mesmo que o retorno marginal de mais um ano de escolaridade fosse dos mais elevados no quadro europeu, a sua utilidade social não era reconhecida.

O problema era ainda mais grave: tratava-se de um abandono sem que os jovens adquirissem as competências mínimas para uma inserção qualificada no mercado de trabalho. A segunda metade da década de 1990 é um bom exemplo de como baixas taxas de desemprego dos jovens coincidiram com uma inversão da tendência de redução do abandono. Porém, era um abandono desqualificado e este era um dos principais fatores de reprodução das desigualdades de rendimento. Curiosamente foi dos períodos em que mais se falou da igualdade de oportunidades, da educação para a igualdade social e do sonho de um dia todos poderem ter um curso superior.

Atualmente, os tempos são outros: o elevado desemprego entre os jovens sustenta a redução do abandono e o aumento da escolarização. Se assim é, então faça-se um esforço por proporcionar uma escolarização qualificante, mantendo a aposta no ensino vocacional, independentemente do modelo mais ou menos alemão ou mais ou menos compulsivo, apesar das carpideiras..."