sexta-feira, 23 de junho de 2017

Tragédia em Pedrógão Grande - I. A estrada N236-1


O incêndio no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, deflagrou no sábado 17 de Junho, pouco antes das 14h43, na aldeia de Escalos Fundeiros, tendo provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Só foi dado como extinto uma semana depois, porém, todas as fatalidades ocorreram sábado à tarde.



O sinal de pré-sinalização no IC8 que indica a intersecção com a fatídica estrada N236-1, entre Castanheira de Pera (10 km) e Figueiró dos Vinhos (5 km), para onde a GNR encaminhou o trânsito quando encerrou o IC8 pelas 19h de sábado 17 de Junho.
Ao fundo vê-se o viaduto da N236-1 sobre o IC8 que permite virar para Castanheira de Pera. Percorrido o viaduto entra-se no troço onde morreram 47 pessoas.








Foi na estrada nacional 236-1, no troço entre os entroncamentos de Vila Facaia e Pobrais, no concelho de Pedrógão Grande, que o fogo consumiu quinze veículos causando 47 mortos, dos quais 30 foram carbonizados dentro dos automóveis e 17 encontrados junto das viaturas.



  1. chegada dos reboques à N236-1 no sentido IC8-Castanheira de Pera********* 4:13-4:56
  2. reboques fazem inversão de marcha para posicionarem os estrados ******* 3:16-4:13
  3. reboques começam a remover as cinco carcaças que obstruíam a N236-1. Pode ver-se catorze das quinze viaturas carbonizadas *******************************0:00-3:16



  1. estrada N236-1 percorrida no sentido IC8-Castanheira de Pera *************0:00-5:30
  2. estrada N236-1 percorrida no sentido contrário, restando ainda onze das quinze viaturas carbonizadas ****************************************************5:30-13:03


O relato de Maria de Fátima Nunes, uma das sobreviventes que conseguiu atravessar os 400m do troço da morte e, posteriormente, chegar ao quartel dos bombeiros de Castanheira de Pera:






terça-feira, 20 de junho de 2017

Humor trágico





Bartoon de 20 de Junho de 2017 do jornal Público, publicado inicialmente em 10 de Agosto de 2016


A 17 de Junho de 2017 deu-se, no concelho de Pedrógão Grande, um devastador incêndio que matou 64 pessoas e causou um elevado número de feridos. É considerado como a maior tragédia em Portugal desde a queda da ponte Hintze Ribeiro, em Março de 2001, que provocou 59 mortes.

O fogo deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, uma aldeia portuguesa do município de Pedrógão Grande, tendo alastrado aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, todos no distrito de Leiria.





Hoje, as elevadas temperaturas e o vento que sopra forte estão a provocar o alastramento do incêndio que lavra no concelho de Góis, distrito de Coimbra, o que já obrigou à evacuação de várias aldeias.



*


O XIX Governo Constitucional herdou um défice público de 11% e um país que vendia dívida pública a taxas de juros exorbitantes. Baixou o défice para 3% e conduziu Portugal de regresso aos mercados financeiros.

O XXI Governo Constitucional tomou posse no dia 26 de Novembro de 2015 numa cerimónia presidida pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e pelo presidente da assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
Faz hoje 1 ano, 6 meses e 25 dias.

Lavra um incêndio em Pedrógão Grande que provocou 64 mortos numa tarde. O Verão de 2017 começa amanhã.



sábado, 17 de junho de 2017

Fogo destrói bloco de apartamentos em Londres


A torre Grenfell, um bloco de apartamentos de habitação social com 24 andares situado em North Kensington, Londres, foi engolido pelas chamas depois da eclosão de um incêndio pouco antes da 01:00 de quarta-feira.




Wednesday 14 June 2017 15.20 BST


Os socorros chegaram seis minutos depois das inúmeras chamadas telefónicas. Estiveram a combater o incêndio 200 bombeiros com 40 carros.
Em incêndios de edifícios altos, plataformas aéreas podem ser usadas para permitir que os bombeiros trabalhem fora do prédio. Mas os veículos da plataforma aérea da Brigada dos Bombeiros de Londres só podem atingir alturas de cerca de 32 m, limitando o combate aos incêndios a apenas uma dezena de andares.




Construída em 1974, a torre Grenfell tinha 120 apartamentos com um ou dois quartos a partir do 4º andar.
Fora alvo de uma remodelação, em 2016, que lhe acrescentou mais 7 apartamentos com três ou quatro quartos nos pisos inferiores, onde também estavam localizados um infantário e um clube de boxe. Sobre o betão das fachadas foi aplicado um revestimento que tornava o edifício mais ecológico.
Poderiam estar entre 400 e 600 pessoas dentro do edifício quando o incêndio eclodiu.







A torre Grenfell fazia parte do Lancaster West Estate, um complexo de habitação social de quase 1000 casas no burgo (freguesia) real de Kensington e Chelsea que é onde ocorre o maior intervalo de salários da população residente:





O incêndio começou num apartamento do 4º andar, sendo notória a rapidez com que as chamas se propagaram ao longo das quatro fachadas da torre, bem ilustrada nestas imagens:




Tanta rapidez levantou suspeitas sobre se o revestimento em alumínio colocado nas fachadas, para melhorar a eficiência energética do edifício aquando da remodelação, teria um núcleo de polietileno, um plástico altamente inflamável. Suspeita-se também que a cavidade entre a parede e o revestimento provocou o efeito chaminé, incentivando a propagação do fogo.




Surgiu, então, à superfície uma litania de falhas do Conselho de Kensington e Chelsea, o proprietário dos apartamentos, e a Kensington and Chelsea Tenant Management Organisation (KCTMO), a organização de gestão de inquilinos de Kensington e Chelsea que era paga para gerir a propriedade.

Imediatamente o sub-empreiteiro da remodelação veio lamentar o trágico incêndio e lembrar que a KCTMO havia adjudicado a obra à Rydon Maintenance em nome do conselho.

Por sua vez, a empresa contratada para realizar a remodelação de 10 milhões de libras mudou a sua declaração sobre a tragédia. Primeiro, a Rydon divulgou uma declaração dizendo que cumpriu todos os "regulamentos de incêndio e padrões de segurança e saúde" durante a remodelação de 2016. No entanto, numa declaração posterior omitiu esta linha e simplesmente disse que a empresa "cumpriu todos os regulamentos de construção necessários".

Impotentes, as pessoas que observavam o incêndio foram gravando vídeos que documentam a tragédia:




Já foram identificadas algumas vítimas mortais, existindo, obviamente, inúmeros desaparecidos, diariamente actualizados. Estima-se, pelo menos, 58 mortos.

Há outras causas para o elevado número de vítimas além da alta velocidade de propagação das chamas pelo revestimento das fachadas. A construção do bloco de apartamentos não cumpria as actuais normas de segurança e a remodelação nada corrigiu: não existiam aspersores, nem escapatórias de incêndio, e duvida-se que as portas corta-fogo funcionassem pois não foi realizada qualquer inspecção.

A difusão de fumos para a única escada do edifício não só impediu completamente o contacto visual entre os membros das famílias que tentaram sair dos seus apartamentos, levando-os a perderem-se, como provocou o desmaio dos mais frágeis.
Entre os desaparecidos está Rania Ibrahim que vivia com as duas filhas de três e cinco anos de idade num apartamento no 23º andar. Neste vídeo angustiante que enviou à melhor amiga, pode ser vista a pedir ajuda no patamar cheio de fumo antes de voltar para casa. Depois olha para a rua, começa a rezar e, no final, diz em árabe: "Peço perdão a todos, adeus":



14 June 2017 • 9:30pm


As regras de segurança em caso de fogo impostas pela empresa gestora KCTMO, incitando os inquilinos a permanecerem nos respectivos apartamentos, também contribuíram para a morte dos mais respeitadores.


Quando algumas pessoas receberam ordem de evacuação dos bombeiros já era demasiado tarde, estavam prestes a desmaiar por inalação de monóxido de carbono. Tudo o que se encontrava dentro dos apartamentos, inclusive os tabiques que separavam as divisões, foi carbonizado (excepto os metais). Como se vê neste vídeo que mostra o resto de um apartamento T1 e outro T2:



18 June 2017 • 8:56pm