segunda-feira, 25 de abril de 2011

O voto nulo contra o PS


Numa recente sondagem, em que o PSD recebia 36,3% das intenções de voto e o PS 32,7%, os comentadores interrogavam-se como é possível que o PS, mesmo depois de levar o país à bancarrota, ainda tenha quase um terço das intenções de voto.
Ouvindo a opinião de uma centena de pessoas e fazendo uma pesquisa de dados, concluímos que a resposta é simples: o PS arranjou um pedestal composto por duas faixas de eleitorado, os CSI e os RSI. Verifique, caro leitor:


Em Dezembro de 2005, o primeiro governo Sócrates criou o Complemento Solidário para Idosos (CSI) pelo DL 232/2005 que garantia a qualquer pensionista com mais de 65 anos o rendimento mínimo de € 4200/ano (art.º 9), embora a idade para o reconhecimento do direito a este complemento tivesse uma aplicação progressiva (art.º 24) e esta idade só fosse atingida no ano das eleições legislativas:
a) Igual ou superior a 80 anos, no ano de 2006;
b) Igual ou superior a 75 anos, no ano de 2007;
c) Igual ou superior a 70 anos, no ano de 2008;
d) Igual ou superior a 65 anos, no ano de 2009.
Um ano depois, o DL 236/2006 antecipou para 2008 a idade de 65 anos e surgiram outros diplomas a simplificar a prova de recursos e a actualizar o CSI a partir de 1 de Janeiro de 2008 de modo que, à data das eleições legislativas de 2009, todos os pensionistas com, pelo menos, 65 anos recebiam um montante igual ou superior a € 4800 graças ao CSI.

A Portaria 1457/2009 fixa, a partir de 1 de Janeiro de 2010, o valor do CSI em € 5022, o que significa que qualquer pensionista tem um rendimento mínimo mensal de € 359 com quatorze prestações anuais.

Consultando a Pordata Portugal podemos estimar o número de pensionistas abrangidos pelo CSI.
No tema Protecção Social, basta procurar, dentro do subtema Seg. Social – Pensionistas, por Velhice por escalões de pensão para sabermos que 472 mil pensionistas tinham, em 2010, uma pensão inferior a € 250.
Claro que alguns dos quase oitocentos mil pensionistas do escalão 251-500 também têm direito ao CSI. No entanto, não podemos esquecer que, dentro de cada escalão, deveríamos eliminar os que têm menos de 65 anos e não sabemos quantos são.


Passemos agora aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), que substituiu o rendimento mínimo garantido criado por um governo Guterres. No Subtema Seg. Social – Beneficiários procuremos RSI por sexo e encontramos um total de 526 mil em 2010, dos quais — ver RSI por grupo etário — mais de trezentos e cinquenta mil têm menos de 40 anos de idade e não retribuem com qualquer espécie de trabalho comunitário.


Em conclusão: cerca de 1 milhão de eleitores beneficiam do CSI ou RSI, devem esse beneficio ao PS e a maioria tem consciência disso.
Agora junte-se-lhes os boys que infestam os sectores administrativo ou empresarial do Estado, mais as empresas privadas que vivem à sombra do governo.
É esta a almofada que suporta o PS e amortece o efeito dos erros cometidos pelo governo.

Se observarmos os resultados das eleições legislativas de 2009, vemos que o PS recebeu 36,6% com cerca de 2 milhões de votos. Donde concluímos que o governo PS pode levar o país à bancarrota sem que daí advenha, como consequência, a perda das eleições legislativas.
Só um voto nulo maciço do restante eleitorado, um voto anulado com uma frase de protesto contra o PS, numa época em que o nosso País está sob os holofotes da comunicação social internacional, pode desalojar os socialistas do governo.


4 comentários:

  1. «Só um voto nulo maciço do restante eleitorado, um voto anulado com uma frase de protesto contra o PS, pode desalojar os socialistas do governo.»
    Diz a lei eleitoral que se o resultado das eleições for 99,9% de votos nulos e 0,1% de votos no PS, o PS ganha as eleições por unanimidade. Ou estou enganado? Assim qual é a estratégia?

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  2. Caro Francisco,

    Está correctíssimo o que diz sobre a lei eleitoral.
    No entanto, também é habitual o partido que ganha as eleições aplicar o programa com que se apresentou ao eleitorado e tal não vai suceder. Devido à ajuda externa, que foi necessário pedir para que o país possa satisfazer os compromissos financeiros assumidos, será a troika FMI, BCE e Comissão Europeia a definir o programa.

    A estratégia é encaminhar o eleitorado que não se revê nos partidos políticos com assento na AR para o voto nulo.
    Nas eleições presidenciais 13,2% do eleitorado votou em Fernando Nobre, 4,2% em José Coelho, 4,3% votou em branco e 1,9% votou nulo.
    Isto dá 23% de potenciais votantes no voto nulo. Claro que alguns dos votos em FN vão regressar ao PS, mas uma votação de uns 19% pode ser o princípio de uma nova fase da democracia portuguesa.
    Onde está o líder capaz de retirar o país dos PIGS? Não sei, mas tenho a certeza que não se encontra em nenhum dos partidos políticos.

    Mas qual é a solução? Muito simples: lançar um concurso de gestores a nível internacional e constituir um júri formado por professores universitários Portugueses, que leccionem nas melhores universidades americanas e europeias, para escolher o melhor candidato.
    Depois entregamos-lhe a chefia do governo e despedimos os nossos políticos actuais durante os anos da ajuda externa.

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  3. Caro Rui,

    O meu amigo costuma passar cheques em branco? Só a pessoas muito especiais, não é verdade?
    Ora muito bem diz o nosso colega skeptikos: “quem nos garante que não existam mesas que manipulem os "brancos"? “
    Não imagina a quantidade de pessoas que me disseram que votaram branco, mais do que em FN e depois os resultados foram 13,2% para este e 4,3% em branco. É preciso esclarecer as pessoas que o voto branco é perigoso, sendo preferível anular o boletim com uma frase que mostre o descontentamento do eleitor em relação aos candidatos apresentados pelos partidos políticos.

    Ao contrário de 1977 e de 1983-85, prevê-se que, dado o estado deplorável das contas públicas, o FMI vai vigiar a execução orçamental por 3 a 5 anos. Esta crise prolongada, o maior nível de instrução do eleitorado e a existência da Web facilitam imenso a difusão das ideias.

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  4. Caro skeptikos,

    “Nas ultimas eleições legislativas, foram registados mais de 103 mil votos em branco, ou seja 1,8% do total dos votos, logo como não provocaram (nem provocarão) cadeiras vazias, correspondentes aos votos em branco, serão pura e simplesmente ignorados.”
    Correctíssimo! Excepto o “nem provocarão”. Podem vir a provocar e já temos um constitucionalista a apoiar este movimento. Campos e Cunha, economista doutorado na Columbia University, foi quem lançou a ideia. Vamos começar por falar em votos brancos/nulos, porque são tratados da mesma maneira pela lei eleitoral, e defender que correspondam a lugares vagos no parlamento.
    Depois temos de reflectir nesta sua pergunta: “quem nos garante que não existam mesas que manipulem os "brancos"?“. E tirar conclusões.

    “Como não podemos, ou não queremos, TODOS em peso, expressar o nosso descontentamento com brancos ou nulos, valerá mais a pena votar num partido dos pequenos, não?!”
    Nas eleições presidenciais 13,2% do eleitorado votou em Fernando Nobre, 4,2% em José Coelho, 4,3% votou em branco e 1,9% votou nulo.
    São 23% de potenciais votantes no voto nulo. Distribuídos por meia dúzia de partidos isto dá menos de 4% a cada um e são votos perdidos.
    Além de que é preciso escolher muito melhor, para não mais sermos vendidos em troca do segundo lugar na hierarquia do Estado.

    Se nada fizermos o próximo governo será uma coligação PS, PSD e CDS tendo como primeiro-ministro o líder do partido mais votado i.e. Sócrates ou PPC. Com este tipo de gente nunca mais destacamos este país dos PIGS.

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