Numa recente sondagem, em que o PSD recebia 36,3% das intenções de voto e o PS 32,7%, os comentadores interrogavam-se como é possível que o PS, mesmo depois de levar o país à bancarrota, ainda tenha quase um terço das intenções de voto.
Ouvindo a opinião de uma centena de pessoas e fazendo uma pesquisa de dados, concluímos que a resposta é simples: o PS arranjou um pedestal composto por duas faixas de eleitorado, os CSI e os RSI. Verifique, caro leitor:
Em Dezembro de 2005, o primeiro governo Sócrates criou o Complemento Solidário para Idosos (CSI) pelo DL 232/2005 que garantia a qualquer pensionista com mais de 65 anos o rendimento mínimo de € 4200/ano (art.º 9), embora a idade para o reconhecimento do direito a este complemento tivesse uma aplicação progressiva (art.º 24) e esta idade só fosse atingida no ano das eleições legislativas:
a) Igual ou superior a 80 anos, no ano de 2006;
b) Igual ou superior a 75 anos, no ano de 2007;
c) Igual ou superior a 70 anos, no ano de 2008;
d) Igual ou superior a 65 anos, no ano de 2009.
Um ano depois, o DL 236/2006 antecipou para 2008 a idade de 65 anos e surgiram outros diplomas a simplificar a prova de recursos e a actualizar o CSI a partir de 1 de Janeiro de 2008 de modo que, à data das eleições legislativas de 2009, todos os pensionistas com, pelo menos, 65 anos recebiam um montante igual ou superior a € 4800 graças ao CSI.
A Portaria 1457/2009 fixa, a partir de 1 de Janeiro de 2010, o valor do CSI em € 5022, o que significa que qualquer pensionista tem um rendimento mínimo mensal de € 359 com quatorze prestações anuais.
Consultando a Pordata Portugal podemos estimar o número de pensionistas abrangidos pelo CSI.
No tema Protecção Social, basta procurar, dentro do subtema Seg. Social – Pensionistas, por Velhice por escalões de pensão para sabermos que 472 mil pensionistas tinham, em 2010, uma pensão inferior a € 250.
Claro que alguns dos quase oitocentos mil pensionistas do escalão 251-500 também têm direito ao CSI. No entanto, não podemos esquecer que, dentro de cada escalão, deveríamos eliminar os que têm menos de 65 anos e não sabemos quantos são.
Passemos agora aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), que substituiu o rendimento mínimo garantido criado por um governo Guterres. No Subtema Seg. Social – Beneficiários procuremos RSI por sexo e encontramos um total de 526 mil em 2010, dos quais — ver RSI por grupo etário — mais de trezentos e cinquenta mil têm menos de 40 anos de idade e não retribuem com qualquer espécie de trabalho comunitário.
Em conclusão: cerca de 1 milhão de eleitores beneficiam do CSI ou RSI, devem esse beneficio ao PS e a maioria tem consciência disso.
Agora junte-se-lhes os boys que infestam os sectores administrativo ou empresarial do Estado, mais as empresas privadas que vivem à sombra do governo.
É esta a almofada que suporta o PS e amortece o efeito dos erros cometidos pelo governo.
Se observarmos os resultados das eleições legislativas de 2009, vemos que o PS recebeu 36,6% com cerca de 2 milhões de votos. Donde concluímos que o governo PS pode levar o país à bancarrota sem que daí advenha, como consequência, a perda das eleições legislativas.
Só um voto nulo maciço do restante eleitorado, um voto anulado com uma frase de protesto contra o PS, numa época em que o nosso País está sob os holofotes da comunicação social internacional, pode desalojar os socialistas do governo.
«Só um voto nulo maciço do restante eleitorado, um voto anulado com uma frase de protesto contra o PS, pode desalojar os socialistas do governo.»
ResponderEliminarDiz a lei eleitoral que se o resultado das eleições for 99,9% de votos nulos e 0,1% de votos no PS, o PS ganha as eleições por unanimidade. Ou estou enganado? Assim qual é a estratégia?
Caro Francisco,
ResponderEliminarEstá correctíssimo o que diz sobre a lei eleitoral.
No entanto, também é habitual o partido que ganha as eleições aplicar o programa com que se apresentou ao eleitorado e tal não vai suceder. Devido à ajuda externa, que foi necessário pedir para que o país possa satisfazer os compromissos financeiros assumidos, será a troika FMI, BCE e Comissão Europeia a definir o programa.
A estratégia é encaminhar o eleitorado que não se revê nos partidos políticos com assento na AR para o voto nulo.
Nas eleições presidenciais 13,2% do eleitorado votou em Fernando Nobre, 4,2% em José Coelho, 4,3% votou em branco e 1,9% votou nulo.
Isto dá 23% de potenciais votantes no voto nulo. Claro que alguns dos votos em FN vão regressar ao PS, mas uma votação de uns 19% pode ser o princípio de uma nova fase da democracia portuguesa.
Onde está o líder capaz de retirar o país dos PIGS? Não sei, mas tenho a certeza que não se encontra em nenhum dos partidos políticos.
Mas qual é a solução? Muito simples: lançar um concurso de gestores a nível internacional e constituir um júri formado por professores universitários Portugueses, que leccionem nas melhores universidades americanas e europeias, para escolher o melhor candidato.
Depois entregamos-lhe a chefia do governo e despedimos os nossos políticos actuais durante os anos da ajuda externa.
Caro Rui,
ResponderEliminarO meu amigo costuma passar cheques em branco? Só a pessoas muito especiais, não é verdade?
Ora muito bem diz o nosso colega skeptikos: “quem nos garante que não existam mesas que manipulem os "brancos"? “
Não imagina a quantidade de pessoas que me disseram que votaram branco, mais do que em FN e depois os resultados foram 13,2% para este e 4,3% em branco. É preciso esclarecer as pessoas que o voto branco é perigoso, sendo preferível anular o boletim com uma frase que mostre o descontentamento do eleitor em relação aos candidatos apresentados pelos partidos políticos.
Ao contrário de 1977 e de 1983-85, prevê-se que, dado o estado deplorável das contas públicas, o FMI vai vigiar a execução orçamental por 3 a 5 anos. Esta crise prolongada, o maior nível de instrução do eleitorado e a existência da Web facilitam imenso a difusão das ideias.
Caro skeptikos,
ResponderEliminar“Nas ultimas eleições legislativas, foram registados mais de 103 mil votos em branco, ou seja 1,8% do total dos votos, logo como não provocaram (nem provocarão) cadeiras vazias, correspondentes aos votos em branco, serão pura e simplesmente ignorados.”
Correctíssimo! Excepto o “nem provocarão”. Podem vir a provocar e já temos um constitucionalista a apoiar este movimento. Campos e Cunha, economista doutorado na Columbia University, foi quem lançou a ideia. Vamos começar por falar em votos brancos/nulos, porque são tratados da mesma maneira pela lei eleitoral, e defender que correspondam a lugares vagos no parlamento.
Depois temos de reflectir nesta sua pergunta: “quem nos garante que não existam mesas que manipulem os "brancos"?“. E tirar conclusões.
“Como não podemos, ou não queremos, TODOS em peso, expressar o nosso descontentamento com brancos ou nulos, valerá mais a pena votar num partido dos pequenos, não?!”
Nas eleições presidenciais 13,2% do eleitorado votou em Fernando Nobre, 4,2% em José Coelho, 4,3% votou em branco e 1,9% votou nulo.
São 23% de potenciais votantes no voto nulo. Distribuídos por meia dúzia de partidos isto dá menos de 4% a cada um e são votos perdidos.
Além de que é preciso escolher muito melhor, para não mais sermos vendidos em troca do segundo lugar na hierarquia do Estado.
Se nada fizermos o próximo governo será uma coligação PS, PSD e CDS tendo como primeiro-ministro o líder do partido mais votado i.e. Sócrates ou PPC. Com este tipo de gente nunca mais destacamos este país dos PIGS.