Decorreu hoje no Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca, vulgo hospital Amadora-Sintra, o seminário "A Mulher e o VIH/Sida", onde o seu director, Artur Vaz, fez uma intervenção inquietante.
"Temos 1372 doentes a quem é fornecida terapêutica anti-retroviral. Em 2010 o hospital vai gastar 30 milhões de euros em medicamentos, 45 por cento dos quais se destinam a 1372 doentes", disse ele.
O hospital recebe, por ano, cerca de 40 mil doentes em internamento, 270 mil nas urgências e 300 mil em consultas externas, mas 14 milhões de euros são consumidos por 1372 doentes. Nem mais.
"Não está em causa eliminar esta despesa, mas a forma como o gastamos. O sistema não vai ter capacidade infinita para integrar este crescimento (a taxa anual de aumento do número de doentes a quem é fornecido anti-retrovirais é de 7 a 10 %)", prosseguiu.
"Fundamentalmente a mensagem que eu gostava de transmitir aqui foca-se no que para mim é um problema de responsabilidade social", acrescentou Artur Vaz, para quem a responsabilidade do hospital é gerir "de forma mais eficiente, racional e eficaz os recursos que lhe são atribuídos pelo Ministério da Saúde de acordo com as políticas nacionais estabelecidas nesta matéria".
A responsabilidade social dos prestadores "é perceber que associado ao problema clínico do paciente há um problema económico-financeiro (...) [e que as considerações desta natureza] são absolutamente essenciais [no momento da prescrição] para que o hospital possa continuar a fornecer a terapêutica adequada aos doentes".
"O comércio dos anti-retrovirais é muito difícil para quem compra, porque há uma vertente muito grande de cobertura dos custos de investigação no preço de comercialização e é um mercado com concorrência reduzida", disse, referindo-se à responsabilidade social dos produtores dos medicamentos na área do VIH/Sida.
E também os doentes têm responsabilidade: "Cada doente consome 10, 20, 30 mil euros de medicamentos por ano. A responsabilidade social destes doentes é aderir à terapêutica e efectivamente tomarem os medicamentos que lhes foram prescritos.”
Recorde-se que a execução orçamental do Estado de 2010 revela uma derrapagem das contas de 1800 milhões de euros, para a qual o Serviço Nacional de Saúde contribuiu com 500 milhões de euros.
Anónimo, Lisboa. 26.10.2010 19:03
Desperdício
Mas mais grave ainda é que desses 1372 doentes, há uns quantos que faltam aos tratamentos, não tomam os medicamentos, deitam-nos fora ou vendem-nos. Essas pessoas deviam ser simplesmente retiradas do tratamento.
Todos os anos o Estado gasta mais dinheiro com o tratamento do VIH/Sida do que com Oncologia. A Sida na maior parte das vezes evita-se com prevenção, mas o Cancro pode bater na porta de qualquer um.
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