quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O ministro das Obras Públicas defende TGV


Durante a conferência organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa, subordinada ao tema “As grandes obras publicas” o ministro António Mendonça voltou esta tarde a insistir que a crise não deve parar projectos fundamentais para o futuro económico do país, como é o TGV.
Segundo este membro do governo a construção do TGV fará entrar 1200 a 1300 milhões de euros de fundos europeus no país; criará 40 mil empregos (com incorporação de 85% de mão de obra nacional); terá um impacto no orçamento de Estado, até ao fim do contrato, de 0,04% do PIB, cerca de 73 milhões de euros (valor que tem incorporado apenas os custos e não a receita proveniente dos impostos gerados); o saldo custo benefício positivo de 10 mil milhões de euros.

Além de argumentos de índole económico, António Mendonça referiu também os pressupostos políticos e estratégicos que sustentam esta opção: o acordo assinado com França e Espanha, em Junho deste ano; a prioridade da ligação a Espanha e a França, através dos Pirenéus, tanto para pessoas como mercadorias.

"A aproximação de Portugal ao centro da Europa é fundamental. É pena que, numa altura de crise, as obras públicas não se discutam no plano que deveriam, ou seja, de custo beneficio e impacto económico, mas apenas ao nível político-ideológico", lamentou o ministro.


JCG 06 Outubro 2010 - 17:22
Este indivíduo, que é catedrático em economia,
faz uma série de afirmações técnicas, do foro da economia e das finanças, de forma peremptória que, a julgar pelos comboios e contentores de prosa produzida até à presente data sobre o assunto pelas maiores cabeças do reino, não passa de conversa fiada. Como parece que não há forma e meio no país para travar estes irresponsáveis e a sua empreitada já está em marcha, devia haver uma instância que, daqui por 10 ou 15 anos, confrontasse a realidade, que deverá ser muito diferente, com as bocas agora produzidos pelo Mendonça e o responsabilizasse criminalmente pela porcaria que fez.

É que, desgraçadamente, toda a algazarra que vem sendo defecada pelas maiores cabeças do reino sobre o défice enferma de um importante enviesamento: o bando de papagaios parece que está enfocado na dívida pública e no défice da conta do Estado mas, na minha modesta maneira de ver que está obviamente limitada pelo que aprendi sobre economia na escola do Mendonça, o défice e a dívida muito mais problemáticos de Portugal são o défice externo e a dívida ao exterior, do Estado e de privados.
Porque o pagamento de juros ao exterior por má dívida, ou seja recursos obtidos do exterior mal aplicados, como será o caso do CAV, representa uma sangria da riqueza nacional que, a manter-se, levará o país ao empobrecimento sucessivo. Isto só não seria assim se o CAV originasse um acréscimo líquido de vendas ao exterior, directas e indirectas, superior aos juros da dívida contraída para o financiar. Mas duvido que isto aconteça.

O endividamento, o recurso ao crédito não são necessariamente maus: depende da forma como forem utilizados esses recursos.
Se eu conseguir 50.000 euros emprestados e comprar um carro para passear de vez em quando, é mau endividamento: tenho de pagar o crédito e os juros; aumento as despesas correntes com a manutenção do carro e ao fim de 10 anos o carro já não vale nada.
Se, em vez disso, comprar um pedaço de terreno agricultável e começar lá a produzir uns víveres, tenho esse rendimento e ao fim de 10 anos o terreno até é capaz de valer mais do que agora.
Como alguém disse, o CAV é uma espécie de investimento em Ferrari’s.


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