domingo, 31 de julho de 2011

O BPN, ou quão fundos são os bolsos dos contribuintes




Hoje era o último dia do prazo estabelecido no memorando da troika para ser decidida a venda ou a liquidação do Banco Português de Negócios.

Sabia-se que existiam três propostas de compra.
Nada se sabia sobre a do Montepio.
Só se sabia, sobre a proposta do BIC, que o CEO Mira Amaral exigia que o Estado assumisse avultados compromissos financeiros.
Sabia-se que a proposta de um Núcleo Estratégico de Investidores (NEI) era superior a 100 milhões de euros e fora amplamente reforçada durante as negociações com o ministério das Finanças. Propunham-se ocupar o nicho do financiamento a pequenas e médias empresas e não fazer despedimentos, embora deixassem em aberto a possibilidade de alienar activos.

Pois o governo decidiu negociar em exclusivo com o BIC um contrato para a venda do BPN em que o Estado recebe apenas 40 milhões de euros e ainda se compromete a pagar os custos com os despedimentos e fecho de balcões que vierem a ocorrer no BPN.

Mais concretamente:
O banco de capitais angolanos compromete-se a integrar um mínimo de 750 dos actuais 1580 colaboradores do BPN e vai proceder à racionalização da rede de agências e centros de empresa do BPN.
O ministério das Finanças irá suportar os custos com os despedimentos que o BIC decidir efectuar no BPN, bem como com o encerramento de balcões.
Se os activos do banco, agora transferidos para entidades do Estado, forem vendidos nos próximos anos, o Estado poderá obter alguma receita.
Se o BPN obtiver um lucro acumulado superior a 60 milhões de euros nos cinco anos seguintes à transacção, 20% do valor excedentário será entregue ao Estado.

O ministério das Finanças revelou que, antes desta operação de venda ao Banco BIC Português, o BPN será alvo de uma recapitalização prévia de 550 milhões de euros e, "considerando também o esforço já realizado pelo Estado com a criação e a transferência de activos para as sociedades Parvalorem, S.A., Parups, S.A. e Parparticipadas, S.A., o total do custo do Estado com o BPN, descontado do preço de venda, ascende nesta data a cerca de 2,4 mil milhões de euros".
Procura justificar-se com o facto de o BIC estar já presente no mercado bancário português: "A decisão tomada pelo Governo, recaindo sobre uma proposta feita por uma instituição de crédito devidamente autorizada e a exercer a sua actividade em Portugal, assegura a continuidade da actividade do BPN e tem em consideração a defesa dos interesses dos depositantes".




O Estado continua a fazer contratos em que os benefícios são para os privados e os prejuízos são pagos pelos contribuintes.
Uma vergonha.


Continuação desta história aqui.


1 comentário:

  1. Vamos lá fazer uma lista:

    O BCP faz desconto a quem liquidar o crédito à habitação, ou a necessidade de liquidez

    Duarte Lima esconde património e tem 6 milhões de euros de dívidas ao BPN

    Com tantos pesadelos bancários durante a noite, o meu amigo está mesmo a precisar de férias...

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