domingo, 24 de julho de 2011

Começam mal, muito mal - I





Foram ontem conhecidos os novos órgãos sociais da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para o mandato 2011-2013.
José Agostinho de Matos será o presidente da comissão executiva (CEO) do banco público.
O actual presidente executivo do banco, Fernando Faria de Oliveira, foi reconduzido no cargo até 2013, mas passa a presidente do conselho de administração sendo a vice-presidência também ocupada por José de Matos.

José Agostinho de Matos é licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, desempenhou funções docentes no ISE, no ISCTE e no ISEGI/UNL e como técnico nos ministérios da Educação (1973-1975) e do Comércio Interno (1975-1979).
Aos 26 anos ingressou no Banco de Portugal para desempenhar funções técnicas no Departamento de Estatística e Estudos Económicos, entre 1979 e 1988, assumindo entre 1992 e 1994 a direcção deste departamento.
Foi chefe do gabinete do governador, entre 1992 e 1994, e depois director do departamento de Relações Internacionais (1994-2000) e do Departamento de Mercados e Gestão de Reservas (2000-2002).
Entre 1995 e 2002, José de Matos foi o segundo substituto do governador no Instituto Monetário Europeu e depois no Banco Central Europeu (BCE).
Desde 2002 exercia as funções de vice-governador do Banco de Portugal, passando também a ser substituto do governador no Conselho do BCE e, desde 2006, no Fundo Monetário Internacional (FMI).

No novo conselho de administração da CGD entram também, como vogais, o economista António Nogueira Leite, conselheiro do PSD, antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças do governo de António Guterres e administrador do grupo José de Mello Investimentos, Nuno Fernandes Thomaz, CEO da empresa financeira Ask e militante do CDS/PP, Pedro Rebelo de Sousa (irmão de Marcelo Rebelo de Sousa), presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) e advogado de negócios da ENI (accionista da GALP) e da Compal, o advogado Eduardo Paz Ferreira, professor na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e Álvaro Nascimento, professor de Finanças da Universidade Católica do Porto.

Do anterior conselho de administração saem apenas o vice-presidente Francisco Bandeira e um vogal. Norberto Rosa, Jorge Tomé, Rudolfo Lavrador e Pedro Cardoso transitam para o novo quadro de administradores.
Norberto Rosa acumula ainda funções na Comissão Interbancária para o Sistema de Pagamentos (CISP), na Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), e é vice-presidente do conselho de administração do Banco Português de Negócios (BPN), entre outras funções.
Jorge Tomé, licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE e mestre em Economia Aplicada, construiu a sua carreira na banca de investimento.
Rodolfo Lavrador era responsável pelos assuntos jurídicos do grupo, acumulando com os negócios internacionais da CGD.
Pedro Cardoso assumia os pelouros dos mercados financeiros e gestão de activos de risco, sendo também administrador dos bancos Efisa e BPN.

Na segunda-feira à tarde, o conselho de administração do banco público vai reunir-se para designar a composição da comissão executiva.


Recordemos que a despesa pública com os 7 elementos do anterior conselho de administração foi objecto de denúncia pelo CDS no Powerpoint Remunerações:




Pois o novo conselho de administração vai ter 11 elementos, justamente quando o problema BPN chegou ao fim.
Reacções do contribuinte destinado a perder cerca de metade do subsídio de Natal:


mr33 23 Julho 2011
Andam a brincar com o povo
Vamos lá perceber uma coisa.
Diminuem o nº de ministros, mas ao mesmo tempo aumentam o nº de administradores da CGD? Sendo que, com o salário anual de um administrador da CGD, sustentam 2 ou 3 ministros.
Quanto a manter os antigos administradores é, no mínimo, ultrajante.
Bem fez o Nogueira Leite. Optou por ganhar dinheiro tendo, por isso, exigido este cargo em vez de ter aceite ser ministro.
Andam a brincar com o povo. Até quando é que vai continuar tudo sereno?


xiquinho 23 Julho 2011 - 18:30
Portugal no seu melhor!
Fiel seguidismo de Passos Coelho: 11 ministros/11 administradores.
Bom sinal, sobretudo tendo em conta o "desinteressado" Nogueira Leite que deve lá ficar para "contrariar" o eventual interesse dos Mellos na área da Caixa referente à Saúde.
Enfim, é mais do mesmo, ou seja, Portugal no seu melhor.


praposo67 24 Julho 2011 - 13:00
A Boyada começa a alimentar-se!
Já repararam que a CGD tem tantos administradores quanto o Governo tem ministros? A redução de despesa está mesmo para chegar... quando perdermos a independência!


Fidelius, Bruxelas. 23.07.2011 20:47
Começam mal, muito mal!
O Sr. Passos não pára de nos surpreender...
No momento em que a CGD é obrigada a vender todos os activos e áreas de negócio que não sejam Banca pura e simples, o nosso PM aceita ou promove... o aumento do Conselho de Administração com mais 4 elementos, todos eles, óbvio, das cores do Governo (PSD e CDS).
Não que me surpreenda de todo mas, com a frontalidade que a democracia exige, digo que este governo começa mal, muito mal e o pior é que só passaram ainda 30 dias depois da posse. Donde, se assim continuar (fazendo o oposto do que afirmava na oposição), o seu promissor futuro está longe de ser uma evidência.


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