Recentemente foi noticiado que a Alemanha quer contratar jovens licenciados portugueses e espanhóis.
A Alemanha não quer licenciados em Literaturas Modernas, Relações Públicas, Relações Internacionais, Sociologia, Antropologia, História, Filosofia, Direito, Ciências Políticas, Economia, Gestão, Educação pré-escolar, Ensino do 1º e 2º ciclos (pelo politécnico), Ensino do 3º ciclo e secundário (pelas universidades), Ciências da Educação e outros cursos análogos.
O que a Alemanha precisa é licenciados em Matemática e Computação, Física, Química, Engenharias Mecânica, Electrotécnica e Telecomunicações ou Informática e Computadores e em Enfermagem ou Medicina.
Isto significa que vamos assistir à emigração dos poucos licenciados que sabem produzir bens ou serviços de alto valor acrescentado para consumo interno ou exportação e cuja formação ficou cara aos contribuintes porque exige equipamentos onerosos que só as universidades públicas possuem.
E vamos ficar com aqueles que se formaram com o objectivo de entrar no funcionalismo público, em especial para o ministério da Educação, ou enveredar por uma carreira política e de que as empresas não necessitam e as Administrações Central e Local, ambas sobrelotadas, também não.
Os políticos entulharam, com este tipo de licenciados, os gabinetes ministeriais e os dos grupos parlamentares, os institutos, as agências e as fundações públicas, as empresas do sector empresarial do Estado e as empresas municipais, mas não conseguem empregar todos. Ainda podiam criar um novo estrato de funcionalismo público previsto nos artigos 255.º a 262.º da Constituição da República — as regiões administrativas —, mas os eleitores recusaram-no em referendo.
Só se 'esqueceram' da solução óbvia: diminuir o número de vagas no ensino superior para os cursos de que o tecido empresarial não precisa... Pois, mas isso ia mexer com o lobby mais poderoso do país a seguir à banca — o ‘eduquês’ — dono do ministério da Educação há três décadas e capaz de constranger o próprio ministro do Ensino Superior, Mariano Gago.
Regressando ao problema migratório, ainda há outra faceta que ninguém aborda por ser politicamente incorrecta: é a imigração proveniente de vários países africanos e do Brasil.
São, em geral, pessoas com reduzidas qualificações que desempenham tarefas em limpezas, obras públicas, estão desempregadas ou a receber o RSI.
A maior parte nem o próprio nome sabe escrever, enchem os cursos de alfabetização e as turmas B1, B2 e B3 (equivalentes aos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino diurno) do curso Novas Oportunidades com o qual o Estado está a gastar rios de dinheiro, tanto no pagamento de vencimentos aos docentes como na sustentação de uma multiplicidade de empresas privadas, meras parasitas que vivem à sombra do orçamento do Estado.
Temos um país cuja dívida directa do Estado ascendia em Dezembro a 152 mil milhões de euros, cerca de 90% do PIB se este mantiver os valores de 2009, e que se prevê venha a sofrer a curto prazo uma intervenção do FMI porque o gráfico das taxas de juro da dívida soberana a dez anos parece o perfil do monte Everest.
Pois este país vai exportar licenciados de alto valor cuja formação custou cara ao erário público e continua a importar trabalhadores pouco qualificados a quem tem de dar uma formação básica.
Parece que os nossos políticos só vão aperceber-se deste contra-senso quando a tensão social se agudizar.
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