domingo, 13 de fevereiro de 2011

"Rumo à Profissão"


"Durante cerca de 14 meses, ocupei um posto de trabalho por conta de outrem numa empresa da área da publicidade, comunicação e eventos; dessa experiência, guardo memória das minhas primeiras conclusões acerca dessa dita indústria, poucas vezes (para mal das minhas próprias pretensões) criativa.
Registei o conhecimento adquirido sobre concursos que são metáforas sobre a "transparência", com os vencedores a não cumprirem um único item do "briefing" e clientes — representantes pagos pelo sector público — sem a menor preocupação com isso; registei a ausência completa de qualquer estratégia de recursos humanos, sustentada pela velada chantagem do desemprego (nada como um mal ainda maior para "meter as tropas em alerta"); aprendi que o sucesso de muitos negócios não tem nada a ver com o que realmente "produzem", mas muito mais com "para quem trabalham", e que estas transferências de dinheiro do erário público para o bolso privado mais não são do que a mais hipócrita forma de subsídio encapotado, atrás dos acessórios e adereços com que se constrói uma muito questionável "imagem de sucesso".
Uma espécie de "nouveau pato-bravo" que, ao contrário do seu antecessor dos anos oitenta, desta feita se esconde atrás dos "conceitos inovadores" em vez da "obra feita".
"


Eis um testemunho que alerta para a existência de um falso sector privado, aquele que trabalha quase exclusivamente para o Estado e mais não é senão uma excrescência desse mesmo Estado.

Quer saber, caro leitor, quem são estas empresas privadas?
Contam-se por vários milhares, cresceram como cogumelos após a chuva nos últimos seis anos, estão em www.base.gov.pt, movem-se nos domínios da publicidade, comunicação e eventos, da restauração e catering, da advocacia, da informática, ...
E se tiver a pachorra de ler alguns destes artigos — Os jantares da ANACOM, A festança dos 160 anos da DGCI ou O negócio das Novas Oportunidades — pode descobrir o nome de muitas delas.
Mudam de cor tal como os camaleões, tanto podem reflectir o rosa socrático ou o laranja santanista, o que não há ali é uma única empresa que saiba produzir bens exportáveis...


Sem comentários:

Enviar um comentário