O navio Concordia da frota da Costa Cruzeiros tinha partido de Cagliari na quarta-feira, 11 de Janeiro, e na sexta-feira tinha feito escala em Civitavecchia a partir da qual estava a navegar para Savona, a terceira etapa de uma viagem de oito dias no Mediterrâneo.
Corriere della Sera, 17 gennaio 2012
Às 21:45 de sexta-feira 13 de Janeiro, durante uma passagem em frente da ilha de Giglio, que o comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, definiu como uma "operação turística", o navio choca com um baixio do rochedo Le Scole, deriva e encalha na Punta Gabbianara. A bordo estão mais de 4200 pessoas entre passageiros e tripulação.
Após o impacto o casco começa a meter água e inclina-se para o lado direito. Imagem do enorme paquete, já a adornar, tomada do cais da ilha de Giglio. O abandono do navio foi declarado às 22:58
Com um atraso considerável inicia-se a evacuação de passageiros e tripulação
Pânico e debandada em frente à saída na ponte, antes de embarcar no salva-vidas
O pânico à entrada de um bote salva-vidas e as palmas quando o bote começa a navegar.
Cerca da meia-noite e trinta o comandante Schettino foi visto por testemunhas confiáveis (era reconhecível pelo vestuário) num rochedo à direita do navio. Pelas 00:42 recebe um telefonema da capitania do porto de Livorno a indagar quantas pessoas ainda tinham de ser evacuadas. Durante a conversa deixa escapar a frase "Nós abandonámos o navio". É nesse momento que o oficial da Guarda Costeira começa a suspeitar que Schettino deixou a outros a coordenação da evacuação e pergunta: "Comandante, abandonou o navio?". Ao que Schettino, rapidamente retraído, responde: "Não, não, claro que não abandonámos o navio".
Na conversa a seguir transcrita, o comandante da capitania de Livorno, Gregorio Maria De Falco confronta Schettino. É o telefonema de De Falco para o comandante do Costa Concordia que se tornou célebre e ocorre às 1:46 da manhã de sábado:
De Falco: Sou De Falco, de Livorno, falo com o comandante?
Schettino: Sim, boa noite comandante De Falco.
De Falco: Diga-me o seu nome, por favor.
Schettino: Sou o comandante Schettino.
De Falco: Schettino, ouça Schettino. Há gente presa a bordo. Você vai levar o seu bote [salva vidas] até ao lado direito da proa do navio. Há uma escada [de socorro, em corda] e vai subir a bordo. Vai para bordo e vai dizer-nos quantas pessoas lá estão. Ficou claro? Estou a gravar esta comunicação comandante Schettino...
Schettino: Comandante, tenho que lhe dizer uma coisa...
De Falco: Fale com voz forte. Ponha a mão ao pé do microfone e fale com voz forte, está claro?
Schettino: O navio está inclinado...
De Falco: Percebido. Ouça: há gente a descer pela escada da proa. Você deve subir essa escada, entrar no navio e dizer-me quantas pessoas lá estão e o que se passa a bordo. Ficou claro? Diz-me se há crianças, mulheres ou quem for que precise de assistência. E diz-me o número de cada uma destas categorias, ficou claro? Ouça Schettino, você conseguiu salvar-se, mas as coisas vão ficar feias... vou acusá-lo de ter causado enormes perdas. Volte para bordo, porra!
Schettino: Comandante, peço-lhe.
De Falco: Não, você não pede nada. Você vai regressar a bordo. Garanta-me que já está a regressar a bordo.
Schettino: Estou a andar aqui com um bote salva-vidas, estou aqui, não vou para lado nenhum, estou aqui...
De Falco: O que está a fazer, comandante?
Schettino: Estou aqui a coordenar os socorros.
De Falco: O que está a coordenar aí? Vá a bordo, coordene as operações de socorro a bordo. Recusa-se?
Schettino: Não, não, não me recuso.
De Falco: Recusa regressar ao navio? Diga-me porque motivo não vai para lá.
Schettino: Não estou a caminho porque está lá outro salva-vidas parado...
De Falco: Volte para bordo, é uma ordem. É só nisso que você deve pensar. Você declarou o abandono do navio. Agora sou eu quem comanda. Ficou claro? Percebeu? Volte para lá e ligue-me directamente do barco. O nosso socorro aéreo já está no local.
Schettino: Onde está o seu socorro?
De Falco: Na proa. Vá. Já há mortos, Schettino.
Schettino: Quantos mortos estão lá?
De Falco: Não sei, um de certeza. É você que tem que me dizer quantos são, meu Deus!
Schettino: Mas já se deu conta que é de noite e que não vemos nada?
De Falco: O que é que quer fazer Schettino, ir para casa? É de noite e quer ir para casa? Regresse ao navio pela proa, pela escada, e diga-me o que podemos fazer, quantas pessoas lá estão, do que precisam. Imediatamente!
Schettino: Estou com o sub-comandante [no bote].
De Falco: Regressem ambos a bordo. Volte ao navio com o seu segundo, percebeu?
Schettino: Comandante, eu posso voltar mas o outro bote... há outros socorros... o bote parou e ficou bloqueado, já chamei outros socorros.
De Falco: Há uma hora que você me diz isso. Agora regresse a bordo, vá para BORDO! E diga-me imediatamente quantas pessoas há.
Schettino: De acordo, comandante.
De Falco: Vá imediatamente.
Schettino não regressou a bordo. As equipas de socorro prosseguiram as operações de salvamento de pessoas até às 4:46.
Um helicóptero da Guardia Costiera realizou um filme para infravermelho do Costa Concordia com o objectivo de visualizar sobreviventes. O filme é longo, mostrando as imagens claras dos sobreviventes (as pessoas emitem mais calor que o navio o que impressiona a película), alguns agitando lenços para se tornarem mais visíveis:
Eis uma pequena parte do filme com as cores já revertidas, o que torna as imagens mais dramáticas porque as pessoas parecem formigas a lutar pela sobrevivência:
Imagens dramáticas de passageiros a sair do navio por uma escada de corda, durante a noite, captadas pela guarda costeira italiana com um filme para infravermelho
O navio visto da ilha poucas horas depois da tragédia
A rocha assassina que rasgou 70m do casco do paquete. Pertencia ao rochedo Le Scole, um perigo bem conhecido por pescadores e mergulhadores
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