A insensibilidade e o distanciamento da realidade manifestado pelo presidente da República nas suas declarações sobre o valor das pensões que recebe — 10 mil euros brutos por mês — que, quase de certeza, não vão chegar para pagar as suas despesas, continuam a provocar a indignação dos portugueses.
Depois das vaias de domingo, em Guimarães, cerca de uma centena de pessoas tentaram entregar moedas no Palácio de Belém para ajudar o Presidente.
Entretanto mais de 34 mil pessoas pediram a demissão de Cavaco numa petição online.
Directores de jornais afirmam que o presidente terá perdido credibilidade para voltar a falar sobre austeridade.
E até mesmo dentro do seu partido político, o deputado Carlos Abreu Amorim admite que teve vergonha quando ouviu as declarações do presidente sobre as pensões que recebe.
A indignação dos portugueses não deixa de ser caricata e até injusta.
Quando Cavaco Silva se rodeou de gente gananciosa que dissipou em proveito próprio os milhares de milhões de euros, a fundo perdido, que vieram da União Europeia, os portugueses renovaram-lhe a maioria absoluta para governar.
Quando alinhou com as políticas despesistas de José Sócrates e omitiu despudoradamente os lucros com as acções da SLN, reelegeram-no para presidente à primeira volta.
Quando fazia declarações ou lia discursos hipócritas e, claramente, a ressumar falsidade, aplaudiram-no.
Agora que Cavaco Silva foi autêntico, sincero e as suas palavras corresponderam fielmente às suas práticas, em que deixou transparecer tudo o que lhe ia na alma, apupam-no?
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