"Temos que conseguir que a nossa administração pública seja muito mais eficiente.
Mas maior eficiência significa melhor organização, melhor afectação dos recursos quer humanos, quer financeiros, quer físicos. Isso significa uma coisa que os dirigentes empresariais sabem, significa uma combinação entre ‘empowerment’ e responsabilização. Significa que as organizações e os agentes têm que ser eles próprios os produtores do ganho de eficiência que se pretende.
Quem comande uma ‘holding’ sabe que não é possível a partir da ‘holding’ gerir um processo de transformação. O processo tem de ser assumido, tem de ter o ‘ownership’ daqueles que são os agentes do próprio processo.
Temos de encontrar modelos que reproduzam, ao nível de cada serviço, uma lógica de renovação, de ganhos de eficiência, partindo do princípio que os primeiros a saber onde estão as ineficiências, onde estão os ganhos de organização onde estão as melhorias do produto são aqueles que no dia a dia o produzem.
Temos, portanto, que rever o nosso modelo de comando da função pública que não pode ser o modelo ‘taylorista’ do séc. XIX porque nem todos os funcionários públicos apertam parafusos.
Temos de ter um modelo em que eles sejam responsabilizados, em termos de um sistema de incentivos correcto, para contribuir para uma administração pública mais produtiva, mais eficiente, produzindo um produto que, pelo facto de ser produzido de forma mais eficiente, se revela mais barato.
Sei que para a administração pública é difícil de falar em termos de produto, mas a linguagem das empresas não está tão longe da função pública quanto se pensa.
Se quisermos olhar para um serviço, para uma escola: a escola tem um produto pelo qual se responsabiliza, os professores sabem perfeitamente o que têm de fazer, temos de encontrar mecanismos para que eles, tal como numa pequena/média empresa, sejam capazes de definir o seu objectivo e ter as suas próprias métricas de sucesso."
Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal
ABata 22 Novembro 2011 - 21:44
Muito bem, muito bem...
A isso chama-se gestão participada. Toda a força de trabalho contribui para uma melhor gestão do conjunto.
O problema, meu caro, é que isso envolve mudança de mentalidades das chefias e directores de serviço, porque estes são demasiado arrogantes, estão constantemente a meter o bedelho no serviço dos outros de modo a justificar o vencimento e muitas vezes contribuem de forma negativa com o "quero, posso e mando", mesmo sem saber.
Em alternativa poder-se-á eliminar muitas das chefias intermédias, às vezes sobrepostas, e mudar completamente as direcções/administrações por outras com novos conceitos de gestão e, sobretudo, dotadas de qualidades sociais e humanas.
Talvez o resultado final fosse surpreendente.
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