terça-feira, 6 de maio de 2014

Introdução do Inglês nos currículos do 1º ciclo a partir de 2015/16


O Inglês passará a integrar o currículo dos 3º e 4º anos do 1º ciclo do ensino básico, como disciplina obrigatória, a partir do ano lectivo 2015/2016.

A medida foi hoje revelada pelo ministro da Educação e da Ciência Nuno Crato na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura onde estava a ser ouvido:

06 Mai, 2014, 19:23


A nova disciplina deverá estar disponível em 2015/2016 apenas para os alunos do 3º ano de escolaridade. E, nesse ano lectivo, dificilmente poderá abranger todos os estabelecimentos de ensino porque é preciso dar formação complementar a professores — ensinar uma língua estrangeira a crianças de 7 ou 8 anos não é o mesmo que ensinar crianças de 12 anos.

O que nos preocupa é que o lançamento seja bem feito, tudo isso vai demorar tempo, mas o que é importante é que se comece e depois se generalizará a todas as escolas”, disse Nuno Crato.
Vão ser criados mestrados no ensino superior que darão acesso a um novo grupo de recrutamento de docentes. Há também que rever as metas curriculares nos 2º e 3º ciclos do básico.

Nuno Crato lembrou que, até ao ano lectivo passado, o Inglês existia no 1º ciclo com carácter obrigatório nas actividades de enriquecimento curricular (AEC), mas a frequência era facultativa, sendo oferecido em “actividades lúdicas que, em alguns casos, pouco passavam de canções de embalar. A qualidade era muito variável”.
Nos restantes níveis de ensino, o Inglês “não era obrigatório em nenhum ano de escolaridade” até este Governo ter entrado em funções, embora a larga maioria das escolas tivesse “o bom senso” de oferecer Inglês aos seus alunos.

Dados anunciados em Abril pela Direcção-Geral de Estatística da Educação e Ciência sobre o actual ano lectivo, revelaram que, apesar de a oferta ter deixado de ser obrigatória nas AEC, 90% das escolas públicas oferecem Inglês aos alunos dos 3º e 4º ano e 80% também aos alunos dos 1º e 2º anos.
Mas a contratação de docentes para as AEC é feita pelas associações de pais e influenciada, em muitas escolas, pelos directores, decorrendo num clima de compadrio. E, demasiadas vezes, as aulas são fictícias.

O grupo de trabalho está a pensar a questão global do Inglês no 1º ciclo, não estamos a pensar em actividades dispersas, facultativas, estamos a pensar no Inglês curricular de forma a que dentro de alguns anos os nossos jovens possam ter Inglês, obrigatório no currículo, durante sete anos seguidos [do 3º ao 9º ano]. É o nosso grande objectivo”, acrescentou o ministro.
Hoje o Inglês é algo que se aproxima de uma língua franca universal”, com que se fazem negócios e se discutem resultados de investigações científicas, sendo insuficientes os “cinco anos de Inglês” que os alunos têm actualmente.

Nuno Crato revelou também que o Governo levantou a suspensão das obras em 14 estabelecimentos de ensino da Parque Escolar.


Professores de Inglês concordam

O presidente da Associação de Portuguesa de Professores de Inglês (APPI), Alberto Gaspar, concorda com a medida, recordando que este ministro “propõe-se fazer” o que a APPI “já defendia antes de 2005/2006”, ano em que a oferta daquela língua passou a ser obrigatória nas AEC, para os alunos dos 3º e 4º anos, embora de frequência facultativa.

Estamos mais do que de acordo com a entrada do Inglês no currículo, com a criação de um grupo de recrutamento de professores próprio e com a necessidade de formação específica — são propostas nossas há muitos anos”, disse Alberto Gaspar, que sublinhou que a APPI “sempre defendeu, também, que a obrigatoriedade abrangesse, pelo menos numa primeira fase, apenas o 3º e o 4º ano”.

Na sua opinião, foi precisamente “o alargamento precipitado” da oferta do Inglês nas AEC aos alunos dos dois primeiros anos de escolaridade, em 2006/2007, “sem qualquer avaliação prévia das condições para dar esse passo, que provocou o caos, já que não havia professores com a formação adequada em número suficiente para responder à procura”.

A criação de mestrados para formação de professores mexe com o emprego docente e, nessa área, Alberto Gaspar é mais cauteloso: “Não sei se é necessário, não discuto isso, mas não faria sentido exigir aquela qualificação, que não é necessária para quem dá aulas aos 2º e 3º ciclos e ao secundário”. E considera que “seria grave desaproveitar os bons professores, qualificados, com formação específica e experiência feita nas AEC”.

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Esta é uma medida que irá tornar os jovens mais qualificados para responderem às solicitações profissionais em importantes sectores da economia, como seja o turismo e a indústria, que é preciso relançar.

Se os portugueses forem capazes de entender os manuais de instruções dos equipamentos e os livros escritos originalmente em Inglês, torna-se desnecessário recorrer a traduções brasileiras e vexar a língua portuguesa.
Terminada a colonização brasileira, Portugal poderá singrar no trilho que conduzirá à independência da cultura portuguesa e à sua afirmação entre as culturas mundiais mais avançadas.

Em coerência com o desígnio de valorização da cultura portuguesa, defendemos que durante os 1º e 2º anos da escolaridade seja ensinado apenas o Português para que as crianças possam consolidar e aprofundar os conhecimentos da língua materna adquiridos no seio da família.

Só no 3º ano de escolaridade, após terem aprendido a ler, a escrever e a interpretar na língua portuguesa, é que os alunos deverão iniciar a aprendizagem do Inglês que, temos de reconhecer, ganhou o estatuto de língua franca universal nas relações comerciais, nas indústrias e nas investigações científicas que são a base do progresso das sociedades humanas.


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