"Camilo Lourenço 20 Fevereiro 2012 | 00:37
O desemprego subiu para os 14% (35% nos jovens). Nada que surpreenda: com o PIB em queda, acelerado pelo programa de ajustamento, e a crónica incapacidade da economia para criar empregos, o desemprego só tem um destino: upa, upa.
No meio disto como reage a classe política? Com a estupidez habitual: "a culpa é tua"; "não, é tua"; "eu bem avisei"... Esquecendo-se que o problema do desemprego é antigo (sobe há dez anos) e que só não acordámos para ele mais cedo por causa dos quick fixes: mudanças na forma de contabilizar o desemprego; criação de programas para tirar, temporariamente, desempregados das listas; atribuição de incentivos ("programas de formação") às empresas para não despedir…
A falta de profundidade do debate é confrangedora: não se analisa a relação entre baixa escolaridade e desemprego (também entre os jovens); não se analisa a relação entre desempregados e "canudos" na área das Humanidades; não se pergunta se o IEFP identifica as necessidades das empresas, por região, criando cursos específicos para lhes responder… E como se isto não bastasse, o Governo alinha no desnorte, criando uma "comissão" para analisar o problema.
Pelo meio nenhum político questionou coisas preocupantes: o salário mínimo atrapalha mais do que ajuda? O facto de o salário mínimo estar próximo do subsídio de desemprego quer dizer algo? Por que há cada vez mais portugueses cujo salário médio está próximo do salário mínimo? A ausência de investimento das empresas (aquilo que cria emprego!) não tem nada a ver com o aumento vertiginoso da carga fiscal nos últimos dez anos? E os salários, estão em linha com a produtividade? "
"JCGX 20 Fevereiro 2012 - 10:53
Criar emprego, que emprego?
Continuo à espera que os papagaios do reino percebam que é preciso que o PIB cresça e é preciso criar emprego, mas nem todo o tipo de crescimento do PIB nos serve e nem todo o tipo de emprego é desejável. Algum tipo de emprego pode ser bom para o desempregado, numa perspectiva de curto prazo, mas é mau para a economia portuguesa e para a maioria dos portugueses no médio e longo prazos.
Em tempos, Silva Lopes falou na questão dos bens transaccionáveis, mas parece que já esqueceu o tema. A idade não perdoa. Victor Bento, em dado momento, também focou a mesma questão e falou em incentivos que jogaram em Portugal a favor dos bens não transaccionáveis contra os bens e serviços transaccionáveis, mas VB, desde que se encostou mais a Cavaco Silva, entrou na sua curva de senilidade e de irrelevância.
Pois bem, o nosso desequilíbrio externo, decorrente de um desequilíbrio estrutural criado na economia portuguesa em favor dos bens e serviços não transaccionáveis e contra os transaccionáveis, é a origem e o motor da nossa trajectória de empobrecimento.
Por isso temos de canalizar todos os nossos esforços e recursos escassos para actividades que contribuam para corrigir tal desequilíbrio.
Qualquer novo investimento, qualquer criação de um novo posto de trabalho deve ser auditado à luz do seu contributo ou impacto no desequilíbrio externo.
Por exemplo, vi recentemente na TV um apontamento em que aparecia alguém a falar no excelente negócio das unhas de gel. Uma dama fazia uma formação na coisa, montava um gabinete e começava a facturar à grande resolvendo, assim, o seu problema pessoal.
Qual o impacto que este tipo de actividade tem no nosso desequilíbrio externo? Negativo. E não falo no facto de pessoas (mulheres) com unhas de gel, se calhar não quererem fazer a limpeza da casa para não estragar as unhas!
É negativo, a menos que esse gabinete de unhas de gel se destine especialmente a turistas estrangeiros, ou seja, que o serviço seja vendido a estrangeiros. Se for um serviço virado para residentes, a prestadora de serviços vai ter um rendimento e aumentar o seu consumo mas vai contribuir para o aumento das importações. E provavelmente os produtos ou materiais que usa na sua actividade também são importados.
Contrariamente, se essa pessoa, em vez de fazer unhas de gel, fosse produzir feijão, também resolvia o seu problema pessoal. Mas produzindo feijão em terra disponível, que é o que por aí há mais, contribuía para reduzir importações — substituição de importações por produção interna — e, assim, eu poderia encontrar nos supermercados feijão verde produzido em Portugal, em vez de importado de Marrocos."
"20.02.2012 - 15:54 Por Alexandre Martins
Os operários que fabricam o iPad e o iPhone na empresa Foxconn, localizada na província chinesa de Guangdong, viram os seus salários aumentados entre 16 e 25%, uma decisão que chega depois de uma série de artigos do jornal The New York Times sobre as condições laborais na principal linha de montagem de produtos da Apple.
A Foxconn tem sede em Taiwan, mas o seu complexo industrial — conhecido como Foxconn City — está localizado em Shenzen, na província de Guangdong, no sudeste da China. Ali trabalham mais de um milhão de pessoas, em condições que o jornal The New York Times descreveu como "severas".
(...)
Este aumento salarial é o segundo em menos de dois anos e inclui também uma compensação pelo facto de a empresa ter cortado no número de horas extraordinárias para reduzir a carga horária semanal, o que teria também como resultado uma diminuição no rendimento mensal dos trabalhadores. Com efeitos a partir de 1 de Fevereiro, o acréscimo nos ordenados significa que os operários passam a ganhar entre 216 euros e 300 euros por mês."
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