sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Banca portuguesa apresenta prejuízos




1. O BCP registou um resultado líquido negativo de 786,2 milhões de euros em 2011, o prejuízo mais elevado na banca portuguesa.

"O resultado líquido de 2011 inclui o impacto do reforço de dotações para imparidade do crédito na sequência do Programa Especial de Inspecções, realizado no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira estabelecido com as autoridades portuguesas e efectuado aos maiores grupos bancários portugueses, no montante de 270,5 milhões de euros líquido de impostos, o reconhecimento de imparidade relativa ao restante goodwill do Millennium bank na Grécia, de 147,1 milhões de euros (valor igual ao montante reconhecido em 2010), o reconhecimento contabilístico de perdas por imparidade de títulos da dívida pública grega, no valor de 345,7 milhões de euros líquido de impostos, e a contabilização em custos com o pessoal dos encargos associados à transferência parcial das responsabilidades com pensões relativas a reformados e pensionistas para a Segurança Social, de 117,0 milhões de euros líquido de impostos.
Adicionalmente, o resultado líquido de 2011 reflecte o registo de perdas associadas a títulos da dívida pública portuguesa, de 90,9 milhões de euros líquido de impostos (13,2 milhões de euros líquido de impostos em 2010)."

O rácio de transformação de depósitos em crédito caiu de 164%, em 2010, para 145% a 31 de Dezembro de 2011. Recorde-se que o memorando de entendimento da troika exige que, no final de 2014, este rácio seja igual ou inferior a 120%.
O banco fechou com um rácio core tier one de 9,4%, acima do valor
9% exigido pelo Banco de Portugal e pela troika para 2011.

A exposição do banco ao BCE reduziu para 12,7 mil milhões de euros em 31 de dezembro de 2011.


2. O BPI apresentou um resultado líquido negativo de 203,9 milhões de euros.

"O resultado de 2011 foi penalizado por factores não recorrentes que geraram um impacto global negativo de 427 M.€ antes de impostos, a que correspondem 320 M.€ após impostos.
Os principais impactos extraordinários negativos (líquidos de impostos) resultaram da transferência parcial das responsabilidades e activos do fundo pensões para a Segurança Social nos termos do acordo estabelecido com o Estado no final de Dezembro (-71 M.€); do reconhecimento de imparidades na conta de resultados correspondentes a menos valias latentes na exposição à dívida soberana grega (-339 M.€) e de dotações para reformas antecipadas (-28 M.€)."

Em 31 de Dezembro de 2011, o rácio de transformação de depósitos em crédito do BPI é de 109%, pelo que o Banco cumpre já o rácio máximo de 120% exigível em 2014, e tinha o rácio de capital core tier 1 de 9,5%.

O recurso líquido ao BCE ascendia a 1,8 mil milhões, valor inferior ao limite máximo exigível aos bancos portugueses no final de 2014 ("10x as reservas mínimas de caixa").


3. O BES obteve um resultado líquido negativo de 108,8 milhões de euros.

Este resultado foi "determinado pelos seguintes factores principais:
  • o desenvolvimento do processo de desalavancagem financeira, baseado na intensificação da captação de depósitos e na redução da carteira de crédito, teve reflexos ao nível do resultado financeiro que registou um crescimento de apenas 1,5%;
  • o reforço das imparidades, necessário face ao agravamento da conjuntura económica, situou-se em 848,3M€ montante que representa um aumento de 314,7M€ (+59%) em relação ao exercício de 2010; as dotações para crédito, no montante de 600,6M€, registaram um acréscimo de 248,8M€ (+70,7%);
  • a contabilização de encargos de natureza extraordinária no total de 378,3M€ (líquido de impostos: 275,4M€): transferência para a Segurança Social das responsabilidades com pensões, que levou ao apuramento de um prejuízo de 107M€ (76M€ líquido de imposto); perdas na participação na BES Vida de 193,3M€ (líquido de impostos: 144M€); e prejuízos na venda de créditos internacionais que originou uma perda de 78M€ (líquido de impostos: 55,4M€);"

Houve uma melhoria expressiva do rácio Crédito/Depósitos que passou de 165% (Dez,2010) para 141%, mas além dos 120% exigíveis em 2014. O rácio Core Tier I passou para 9,2% (Dez,2010: 7,9%).

O Grupo BES tinha, em 31/12/11, uma posição líquida devedora junto do BCE de cerca de 8,7 mil milhões de euros.


4. Ao contrário dos restantes grandes bancos portugueses, o Santander Totta conseguiu registar um lucro de 64,1 milhões de euros.

Foi registada uma menos valia na venda de activos de 80,8 milhões de euros que António Vieira Monteiro, actual presidente executivo do banco, explicou ficar a dever-se, em grande parte, à venda de dívida pública portuguesa.

Grande parte da desalavancagem foi feita em 2011. O rácio de transformação de crédito sobre depósitos, que era de 184,7%, em 2010, caiu para 139,5%, no final de 2011.
Apresentou um core tier one de 11,7%, superando largamente as exigências do Banco de Portugal para o final deste ano.

Em relação ao financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE), este situou-se em 3,75 mil milhões de euros, no final de 2011, o que compara com os 47,5 mil milhões de euros do sector bancário.


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