Chegada do Primeiro-Ministro Lucas Papademos ao gabinete para uma reunião com os líderes dos partidos do governo em 5 de Fevereiro de 2012.
Credit: Reuters/Yiorgos Karahalis
As negociações para o segundo resgate da Grécia desde 2010 e um perdão de 70% da dívida pública grega detida pelos credores privados, estão a arrastar-se há semanas. Estimada em 100 mil milhões de euros pelos credores, esta perda não vai ser suficiente para baixar a dívida até 120% do PIB em 2020, considerado o nível sustentável.
Com o País a enfrentar 14,5 mil milhões de euros de reembolsos de dívida em 20 de Março, um compromisso que não poderá satisfazer sem os fundos do resgate, os riscos não poderiam ser maiores.
O primeiro-ministro grego, o tecnocrata Lucas Papademos, tentou levar os líderes dos três partidos do governo de coligação a assinar hoje os termos de um resgate de 130 mil milhões de que a Grécia precisa para evitar uma bancarrota caótica.
Papademos disse em comunicado que os chefes desses partidos — o socialista PASOK, o partido de direita Nova Democracia e o partido de extrema-direita LAOS — haviam concordado em fazer reduções de salários e outras reformas, como parte de cortes de despesas no valor de 1,5% do PIB.
Sobre as questões mais controversas — a reforma das leis laborais e a recapitalização dos bancos nacionais afogados em títulos de dívida pública grega que apenas vale uma fracção de seu valor facial — ainda não há acordo. Agora os líderes políticos devem dar uma resposta, em princípio, até amanhã ao meio-dia.
Os gregos estão a sofrer uma profunda recessão, há cinco anos, e sucessivas ondas de medidas de austeridade impostas no âmbito de um primeiro resgate em 2010.
Alarmados com mais cortes orçamentais, dois dos principais sindicatos gregos — o sindicato do sector público ADEDY e congénere do sector privado, o GSEE —, que representam cerca de 2 milhões de trabalhadores, ou seja, cerca de metade dos trabalhadores do país, já anunciaram mais uma greve de 24 horas para terça-feira em protesto contra as políticas recessivas.
Os credores da Grécia, que inicialmente exigiam cortes de gastos no valor de cerca de 1% do PIB, ou cerca de 2 mil milhões de euros, este ano, insistem para todos os líderes políticos endossarem os cortes, independentemente do resultado das eleições parlamentares de Abril.
Algo que não convém aos líderes dos partidos políticos que temem a ira dos eleitores nas eleições.
"[A troika] exige mais austeridade do que aquela que o país é capaz de suportar", afirmou hoje o líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, à saída da reunião de cinco horas na residência do primeiro-ministro grego, acrescentando que irá "bater-se por impedir isso".
"Não vou contribuir para a explosão de uma revolução devida à miséria", declarou por sua vez o líder de extrema-direita, Georges Karatzaferis, que numa cerimónia grega de celebração do ano novo já havia afirmado: "Se o resgate não nos convier, não vamos aceitá-lo". Durante essa cerimónia tradicional do corte do bolo, Karatzaferis também ofereceu dracmas para recordar carinhosamente a antiga moeda grega.
A Grécia tem elevados níveis de evasão fiscal e de corrupção.
Depois de milhares de milhões de euros terem saído do país a caminho de offshores, no ano passado, a bancarrota grega e o regresso ao dracma vai ser um óptimo negócio para muitos políticos e empresários.
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