Sob uma greve geral de 48 horas, com manifestações permanentes e violentos confrontos entre manifestantes e a polícia nas ruas de Atenas onde dezenas de lojas foram saqueadas e, pelo menos, dez edifícios incendiados, o parlamento grego aprovou esta noite o memorando de entendimento com a troika que define um novo pacote de austeridade, condição sine qua non para o país receber um segundo resgate de 130 mil milhões de euros.
Como a Grécia tem de reembolsar 14,5 mil milhões de euros aos credores de dívida pública até 20 de Março, necessitava dramaticamente deste financiamento para evitar a bancarrota.
O pacote de austeridade prevê:
- o corte de 22% do salário mínimo que baixa para cerca de 500 euros
- a diminuição das pensões e pensões complementares de maior valor de forma a poupar 300 milhões de euros
- colocar 15.000 funcionários públicos numa reserva de trabalho, pagos a 60 por cento do salário-base, antes de serem demitidos após um ano ou dois.
- um novo calendário de privatizações
- planos de reformas estruturais ao nível fiscal e no sistema de justiça
Atenas em chamas e 100 mil pessoas a manifestarem-se nas ruas por toda a Grécia comprovam que o governo de Lucas Papademos não tem conseguido explicar a situação económica e financeira do país, no contexto europeu e mundial, a uma população que vê o seu padrão de vida em colapso e acredita que as novas medidas apenas servem para aprofundar a miséria.
Mas a extrema esquerda está a ser bem sucedida:
"Basta!" disse Manolis Glezos, um ancião de 89 anos, na Praça Syntagma, em frente do parlamento grego, visivelmente abatido pelo gás lacrimogéneo e segurando uma máscara anti-gás sobre a boca. "Eles não têm ideia do que significa uma revolta do povo grego. E o povo grego, independentemente da ideologia, está a alevantar-se."
Glezos não é um cidadão anónimo, é um herói nacional porque se escondeu na Acrópole durante uma noite de 1941 para derrubar uma bandeira nazi sob os narizes dos ocupantes alemães, conseguindo elevar o moral dos atenienses.
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