Esta obra simula um conjunto de acontecimentos imprevistos — um ataque terrorista, a falência de um Estado não apoiado, uma pandemia global ou catástrofes naturais de dimensão global — e os consequentes danos colaterais.
A falta de água e energia, a armazenagem e gestão de produtos alimentares, as comunicações, a segurança contra intrusão, a existência de medicamentos e correcta automedicação, o tratamento de pomares e animais ou a mobilidade são alguns dos problemas tratados para servirem de reflexão aos indivíduos, às famílias e às organizações.
Escrita por James Rawles, um ex-capitão do exército americano, formado em História Militar e Ciências Militares e treinado em tácticas e estratégias do planeamento militar para situações extremas, vai servir de pretexto para se abordar de uma perspectiva mais profunda a convulsão social, económica e financeira que atravessamos.
Comecemos pelo nosso problema doméstico:
Olisipone 30 Novembro 2010
O problema não é o só o Défice, é a Dívida
O Défice é um problema a curto prazo. Difícil de resolver quando se está totalmente endividado e para fazer os pagamentos até ao final do ano, em vez de ir buscar dinheiro à poupança que já não existe, é necessário contrair mais um (se fosse só um) empréstimo. Mas podia ser resolúvel com um aperto de cinto muito drástico e medidas circunstanciais e draconianas.
Se essas medidas não forem tomadas ou não chegarem para resolver o problema pontual e recorremos mais uma vez ao crédito, aí estamos a avolumar a Dívida e esta não pára de crescer!
E quando se fez isso durante cinco anos consecutivos, em que ainda por cima se aumentaram os gastos, o resultado é este:
Passivo Financeiro do Estado, no OE2005, era 40,2 mil milhões de euros, OE2010 foi 90,1 mil milhões e no OE 2011 estão previstos 115 mil milhões.
Dívida Directa do Estado, segundo o IGCP, em Fevereiro de 2005 (data em que o PS ganhou eleições) ascendia a 92,7 mil milhões. Em Setembro de 2010 já eram 147,7 mil milhões, mas com as recentes emissões de dívida deve rondar os 155 mil milhões.
Donde se conclui, se "sofremos" com os mercados foi porque este Governo nos endividou além das nossas possibilidades, em vez de reduzir o Défice e a Dívida!
Olisipone 30 Novembro 2010 - 12:43
A fé no enriquecimento pessoal
O problema é que os portugueses, em vez de raciocinarem, actuam por crença, tanto no futebol como na política. Já nem falo da Fé Católica, que mesmo assim penetra a esfera do pensamento político sobrepondo-se à ideologia (caso dos Liberais-Cristãos, entre outros). Mas da Fé nos Mercados, na Iniciativa Privada, na Empresa, no progresso, não como resultado, mas como objectivo.
Se houvesse verdadeiramente em Portugal uma Iniciativa Privada (e não falo da iniciativa de cada um ao nível do enriquecimento pessoal, mas de iniciativas úteis à economia e à sociedade) não havia necessidade de conceder tanto crédito, tantos benefícios fiscais, nem de fazer tantas importações. Ora certos partidos e outros apóstolos do Neo-Liberalismo têm tal Fé — que, por definição, é cega — nos Mercados e na Empresa, que não só se recusam a ver os resultados catastróficos dessa ausência de raciocínio, como querem desmantelar a única entidade estruturante capaz de resolver o problema, que é precisamente o Estado.
Neste contexto surge um antagonismo entre empresa e Estado. Como se fossem entidades que se excluíssem reciprocamente. Com a penetração cada vez maior do Estado, vocacionado à partida para o Interesse Geral, por grupos de pressão e interesses privados que estão vocacionados para o Lucro, obviamente que o Estado tem vindo não só a retroceder na sua missão, como a desviar-se do seu rumo e objectivo.
O antagonismo é resultado das pressões mas não é estrutural, é circunstancial. A prova é que, noutros locais e noutras épocas, os interesses privados conseguiram perfeitamente medrar em coabitação com um Estado forte.
O problema que deriva da Fé na Iniciativa Privada, é a negação da Fé no Estado e no Interesse Público. Ou seja, não de meios, mas da crença, ou da hierarquia de valores estabelecida como instrumento para alcançar os objectivos. Porque no fundo, não há diferença de objectivos a não ser para alguns.
E assim surge irremediavelmente aqui o conceito de luta de classes. Não ao nível reivindicativo-sindical ou de relações entre empresários e trabalhadores, mas ao nível da sociedade. É que não há consciência de classe.
A maior parte das pessoas que defendem o fim do Estado e a predominância da Inciativa Privada e da Economia de Mercado sobre o Estado, ou seja, a tal diferença de objectivos que distancia o Sector Público do Sector privado, defendem na realidade o direito ao enriquecimento pessoal não como projecto político de sociedade, mas como projecto individual.
Não estão portanto a defender os interesses da sua classe, mas os interesses de um pequeno grupo de empresários e de investidores que se opõem ao Estado. A crença na "bondade" da Economia de Mercado e da Empresa equivale pois a defender os interesses de outra classe, mas não é uma posição política, é apenas um projecto de promoção individual.
Dis aliter visum: Só há um problemazito. Como evitar que grupos de funcionários do dito Estado, cuja função é defender o Interesse Geral, decidam fazer um admirável aproveitamento pessoal sem se preocuparem com as consequências nefastas para a sociedade, encostados ao facto das instituições públicas não terem de dar lucro e se poder delapidar os recursos humanos? Independentemente de, no futuro, poderem ser prejudicados, como elementos dessa sociedade e se a posição social do corpo especial que integram for baixa. Cito este exemplo e estoutro.
Passemos agora ao problema mundial:
Olisipone 30 Novembro 2010 - 12:30
Posso exagerar?
O dinheiro em circulação não corresponde, desde que se abandonou o Padrão-Ouro, a reservas de nenhuma espécie detidas por alguém em algum lugar...
O dinheiro impresso é apenas uma pequena parte do dinheiro nominalmente existente, cuja maior parte só existe nos discos rígidos dos computadores... A "riqueza" dos Bancos e as transferências efectuadas são virtuais, tal como as dívidas.
O problema não é realmente económico ou financeiro, mas contratual. Quando ambas as partes, neste caso os Estados e a Banca, fizeram contratos com base em premissas falsas, o contrato deveria ser considerado nulo.
A Revolução que se aproxima vai acabar com o sistema bancário não só na Europa mas a nível mundial, pois segundo os cálculos dos americanos o sistema bancário global tem uma dívida de 4 milhões de milhões de dólares, que corresponde ao montante da fraude perpetrada pelos bancos que não emprestaram ou contabilizaram numerário, mas apenas garantias adquiridas contratualmente por Estados, empresas e particulares com base na mentira de que esse dinheiro existia.
Portanto nos próximos dez anos, ou talvez antes, o sistema que conhecemos vai dar um estoiro e teremos que regressar ao Mercantilismo.
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