Cinco grandes jornais, The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde e El Pais, estão a divulgar uma série de telegramas trocados entre o Departamento de Estado do governo americano e as suas embaixadas, disponibilizados desde 28 de Novembro pela Wikileaks.
Na sua edição on-line de ontem, o El Pais publica um telegrama onde o CEO do Millenium BCP propõe ao governo americano ceder informações sobre as contas iranianas sediadas naquele banco, de que se destaca o cabeçalho e o resumo:
"Date: Origin: Source: Classification: | 2010-02-12 13:15:00 10LISBON66 Embassy Lisbon CONFIDENTIAL//NOFORN |
2. (C/NF) Resumo: Em Abril de 2009, funcionários do Millennium BCP, o principal banco privado de Portugal, visitaram o Irão, a convite da embaixada iraniana em Lisboa e reuniram-se com o Banco Central e outras entidades do sector financeiro, para discutir o interesse do Irão em estabelecer negócios com o Millennium. Em 05 de Fevereiro, o Presidente Executivo do Millennium Carlos Santos Ferreira discutiu a proposta com Poleconoff [identificação da conselheira na área política e económica da embaixada] e o possível benefício para o governo dos EUA. Embora afirmasse que os custos podiam superar os benefícios para o Millennium, Ferreira está disposto a estabelecer uma relação com o Irão para ajudar o governo dos EUA a seguir os activos e as actividades financeiras iranianas. O Millennium consultou o Banco de Portugal e altos funcionários do governo, e apreciaria a nossa perspectiva sobre a sua proposta de relacionamento com o Irão e o interesse de Washington em controlar as contas iranianas em Portugal. Pedimos a orientação de Washington; a nossa recomendação é a do Millennium não prosseguir o relacionamento. Contudo, dado que Ferreira pode fazê-lo independentemente das recomendações do governo do EUA, podia ser prudente manter abertos os canais de comunicação com Ferreira. Este posto irá seguir a evolução e desencorajar relações mais profundas com o Irão.
(...)
6. (C/NF) Com base nas reuniões e informação fornecida por funcionários do Banco Central do Irão e do Ministério das Finanças e Assuntos Económicos do Irão, o Millennium seleccionou quatro bancos para mais reflexão: Export Development Bank of Iran (EDBI), Bank Tejarat, Bank Parsian, e EN Bank [Eghtesad Novin Bank], que possuem códigos SWIFT. Actualmente a UE está impedida pelas sanções da ONU de fazer negócios com o Melli Iran Bank e o Saderat Iran Bank. De acordo com funcionários do Millennium, nenhum outro banco iraniano está sujeito às sanções da ONU."
Maria S. 13.12.2010 03:25 Via PÚBLICO
O meu merceeiro a banqueiro, já!
Creio que este senhor é o mesmo que promoveu uns negócios ruinosos na CGD — o tal banco de que todos somos donos — onde emprestou dinheiro a uns "investidores" importantes para comprarem acções, recebendo como garantia essas mesmas acções. Estas, com a crise, rapidamente caíram para valores de meio-tostão. Quando os ditos "investidores" não puderam cumprir as suas obrigações, a Caixa ficou sem poder recorrer às garantias recebidas, já que estas não valiam pevide.
Depois de fazer a Caixa perder dinheiro em negócios especulativos, arranjou emprego como presidente do BCP, onde — a ser verdade esta notícia — marimba-se para o sigilo bancário, propondo-se vender informações confidenciais dos seus clientes. Creio que o merceeiro da minha rua, o padeiro ou o senhor da loja do chinês, governariam melhor um banco que este senhor.
E bem que pode vir o Dr. Daniel Bessa — que sinceramente respeito — dizer que o problema da economia está na generosidade do nosso Estado Social. Não me convence. Estará parcialmente nos desperdícios e falcatruas mas, sobretudo, creio que está nesta classe de gestores e megalómano-empresários que vale menos que um gordo zero.
piroc 13 Dezembro 2010 - 11:20
Viva a bufaria
O que está a dar é ser bufo para mostrar serviço e subir na carreira política ou nas empresas, é uma tradição que já vem de longe, desde a PIDE do Salazar, há coisas que nunca mudam. São os gajos deste calibre a nossa elite, sem moral, ética, honra ou decência!
Dr_House 13 Dezembro 2010 - 11:21
Obviamente esta notícia está deturpada e os factos extrapolados!
Ou seja, o Carlos Ferreira sabedor que precisava do apoio dos EUA para se instalar no Irão, foi informar os EUA que era um menino bem comportado e que não queria furar nenhum embargo, queria tão só ter o ámen dos States. Os EUA responderam-lhe que não precisavam dos serviços dele para nada, e colocaram-no sob controlo, pois sabem que ele tem projectos para o Irão.
A notícia extrapola um pouco o que se passou. Nada de mais, sobretudo se conhecermos os lambe-botas portugas!
danny1williams 13 Dezembro 2010 - 11:21
É mesmo assim
E eu que julgava que gerir um banco era saber de finanças, de contratos e leis, saber de indústria e de empresas, de macroeconomia, de organização e controlo... E que este artista sabia de leis...
Nada disso, gerir um banco ou uma empresa é fazer ilegalidades, acordos de bastidores, receber comissões por baixo da mesa e, agora, também fazer de agente secreto e duplo, tipo tosta mista.
Aqui o sigilo bancário e a ética bancária não ficam muito bem, mas isso não interessa nada.
Foi assim que se fizeram os grandes bancos dos EUA e da Suíça? (para rir)
Uma sugestão: porque não vende os códigos de acesso às contas dos clientes? Era jeitoso, já agora. Rendia uma nota.
Os temas de gestão da banca, nada disso interessa.
É triste, tanta é a estupidez nacional.
A gestão tuga é assim mesmo.
Eu, se fosse o BdP, punha este gajo a dar satisfações ao mercado em geral. Ou confirma e se demite ou, então, nega com provas.
Isto pode ser grave e indiciar uma prática.
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