quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Qualidade na democracia, precisa-se




No dia da restauração da independência de Portugal, o Presidente da República, Cavaco Silva, manifesta-se apreensivo com o "desprestígio da classe política" portuguesa:

"Existe, de facto, um problema de qualidade na nossa democracia, para o qual eu alertei várias vezes. Não podemos ceder ao populismo fácil de criticar por criticar a classe política.
Antes disso, temos de pensar naquilo que nós próprios devemos fazer pelo país. Não irei fazer promessas que não poderei cumprir. Um Presidente responsável, no quadro dos poderes que a Constituição lhe confere, não pode prometer que vai alterar uma situação que diz respeito a todos, começando pelos agentes políticos, que devem dar o exemplo. Esse é um dos meus modos de actuação, a magistratura do exemplo.
"

*

A opinião dos outros:

Classe? Política? Na mesma frase?, País das maravilhas. 01.12.2010 17:50
Classe? Política? Na mesma frase?
O nosso excelso Sr. Presidente que me perdoe, mas isto não soa nada bem. Senão vejamos: Aeroporto Macau_Luvas, Diploma_Domingo, Viagens desdobradas_Lágrimas de crocodilo, Comissão Parlamentar_Palhaço, Deputado_Furto de gravador, Fuga à justiça_Impunidade, Quem se mete com...leva_Administrador empresa com parcerias estatais, Freeport_intocável, Moderna_intocável, BPN (o roubo do século)_alguém preso?
Seria fácil e fastidioso alongar esta lista de binómios. É fácil criticar por criticar, mas são tantos os motivos que existem, se para conduzir é preciso licença, porque é que não o é para ser político? É suficiente não ser tiririca? Acha que o Povo pior não fica? Ouça o nosso 1º a falar de economia e eu de lagares de azeite e veja lá se não é a mesma coisa...

LinguaViperina, Madragoa. 01.12.2010 17:59
Cavaco escavacado
Parte do problema qualitativo da democracia prende-se com ele próprio; ele não existe, curva-se, desaparece, apaga-se, não marca limites, não aponta horizontes, não se opõe ao que esta errado. Dir-me-ão: o Presidente não governa, o Governo governa.
Pois é, mas é o "garante do regular funcionamento das instituições", cláusula bem abrangente que, para devidamente ser interpretada, necessita de ter em conta os outros preceitos da Constituição.
Em última instância significa tal conceito uma "magistratura de influência", um marcar posição, não um apagar-se, curvar-se, negar-se, perante as maiores barbaridades, os maiores e mais irracionais desperdícios de um Governo cilindrado por inconfessáveis interesses privados (corrupção).
Cavaco, politicamente falando, é um inútil. O povo gosta de Cavaco, povo de pouca capacidade de análise crítica, povo limitado nas exigências. Um povo assim merece Cavaco.

Miguel Sousa, Lisboa. 01.12.2010 18:00
A qualidade da democracia
Pois há, um grande problema de qualidade, e a Presidência não foge a isso.
Quando os conselheiros do PR aparecem envolvidos no escândalo da bancarrota do BPN, quando "ofereceram" mais de 100% ao ano de juros ao próprio PR e este não se interroga da "qualidade" desses investimentos, quando os ditos conselheiros dizem que assinavam de cruz os documentos de transferências para offshores e quejandas, e quando "fogem" para fora do país, quando não têm bens penhoráveis, quando os bens se encontram distribuídos por familiares ou pertencem a empresas sediadas em paraísos fiscais, há de facto um problema de qualidade.
Mas o pior mesmo, é que esse problema é de tal ordem que, olhando para o horizonte dos candidatos, não se encontra alternativa. O meu voto será em branco porque conheço os seus mandatários e os seus conselheiros e, do que conheço deles, não gosto mesmo, mas mesmo, nada.

Paulo Gonçalves, Porto. 01.12.2010 18:28
Não são democráticas
As eleições presidenciais são uma farsa à maneira antiga. O presidente já está eleito com o forte apoio da imprensa e media em geral suportada nos grandes grupos económicos. Já decidiram por mim e eu não vou contribuir para a farsa. Abstenho-me pela primeira vez na minha vida cívica porque percebo que as eleições presidenciais que se aproximam não vão ser democráticas.

Anónimo, faro. 01.12.2010 19:14
Temos fome Sr. Presidente
Caro Presidente, não queremos saber da qualidade da classe política que já sabemos que é baixíssima. Queremos saber como vamos fazer para não passarmos fome!

zequim, pais da treta. 01.12.2010 19:53
Democracia da treta
Em Portugal existe é uma democracia da treta que serve apenas os interesses da classe política, a filharada dos políticos não está desempregada, tem bons lugares no aparelho de Estado e nas empresas públicas ou privadas por serem filhos de quem são, tem todo o apoio do Estado ou organizações por este subsidiadas para se lançarem num qualquer projecto, enquanto os filhos dos portugueses comuns fartam-se de bater a portas que nunca se abrem, se isto é democracia vou ali e já venho, isto mais parece uma quinta tomada de assalto por certa gentinha.

Paulo Santos, Fundão. 01.12.2010 20:01
Há, sim, um grande problema de qualidade!
Há, sim, um grande problema de qualidade na democracia portuguesa! Esse problema decorre da baixíssima qualidade dos actuais políticos...
E os melhores portugueses estão cansados deles e desta situação. Têm que aparecer novos políticos. Capazes.

JS, Lx. 01.12.2010 20:41
Esclarecer
A minha visão apolítica do cargo do PR é que ele é o garante da Constituição, isto é verifica que todas as leis e diplomas estão de acordo com a Constituição. Compete ao governo governar.
Que o governo tem sido péssimo, que tem o país de rastos na economia, na justiça, na segurança, etc., disso não há dúvida. Que, com verdade ou mentira, o PM tem sido envolvido em demasiados casos que desacreditam o governo e o país, também é verdade. Que o PGR e o presidente do STJ abafaram o caso "face oculta" duma forma pouco clara, também é verdade. Que os casos de Alcochete, da Independente, dos aterros da Guarda, e outros, nunca foram esclarecidos de forma a não deixar dúvidas, também é verdade. Porém, foi o povo que deu ao PS a maioria para governar.
Criticar é fácil, mas é bom que alguém nos ensine o quê, de facto, o PR poderia fazer nas finanças, na justiça, etc., com os poderes que tem. Tectos de vidro, todos os candidatos decerto terão. E, para evitar situações idênticas no futuro, é preciso alterar a Constituição e dar ao PR mais poderes, para lhe podermos exigir mais.


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