quarta-feira, 14 de março de 2012

Secretário de Estado da Energia sai - III


Se não forem eliminadas as rendas excessivas pagas aos produtores de energia eléctrica, detectadas pelo estudo “Rents in the electricity generation sector” da secretaria de Estado da Energia, o preço da electricidade sofrerá uma enorme subida em 2013.

O alerta estava no discurso que o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, preparara para o seminário "Economia da Energia" no ISEG, no passado dia 7 de Março, e que conduziu à sua demissão:
"O crescimento global dos preços de electricidade de 2012 para 2013 não será inferior a 11%."
Mas se os custos da produção em regime especial (PRE) não forem diferidos, como já foi feito nas tarifas de 2012, o crescimento da factura da electricidade poderá ser de 26%, atingindo 30% no caso dos consumidores residenciais.

"Esta captura de recursos pelo sector electroprodutor compromete uma alocação eficiente de recursos e impede a criação de excedentes na economia e nos consumidores em geral", escreveu ainda Henrique Gomes no discurso que foi impedido de proferir na conferência no ISEG.

Recordemos que, nesse mesmo seminário, António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), afirmou no seu discurso que "praticamente toda a electricidade é paga aos seus produtores acima do preço médio de mercado", pois há rendas garantidas para as barragens, as eólicas, as centrais a carvão e a gás natural e as co-gerações.
Embora tenha reconhecido que "o tema é delicado, uma vez que se refere a direitos adquiridos (...) para as empresas está a ser penoso os aumentos dos custos energéticos". Disse ainda que se não houver "uma solução de curto prazo" para reduzir os custos da energia, "pagaremos muito caro as lutas de interesses" que estão a impedir o Governo de avançar com medidas no domínio das rendas garantidas do sector eléctrico.
No final deixou claro que reduzir os custos da electricidade é um “imperativo” para melhorar a competitividade das empresas portuguesas.



Daqui a um par de anos, quando o BPN já estiver pago e repago com os impostos dos contribuintes, as rendas exigidas pelo "monstro eléctrico" vão saltar para a ribalta e tornar-se o novo caso nacional.


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