Quarenta associações da Mouraria pretendem lutar contra a pobreza na zona e, sob a égide da câmara municipal de Lisboa, criaram um Programa de Desenvolvimento Comunitário da Mouraria (PDCM) cujos objectivos são a revitalização do tecido económico do bairro, a melhoria da qualidade de vida dos idosos, a promoção do acesso à saúde e à cidadania junto de populações vulneráveis e a promoção do fado.
Dispõem de 1 milhão de euros para aplicar em 2012 e 2013.
Nas populações vulneráveis incluem-se as prostitutas e os toxicodependentes.
Para combater a droga no bairro, pretendem criar o espaço 'Drop In', onde os toxicodependentes poderiam consumir drogas.
"Um espaço para consumir droga?" interroga-se o leitor. Pois, mas seriam... acompanhados.
Relativamente à prostituição no bairro, este ano vão receber uma verba reduzida da autarquia "para organizarem um trabalho com as mulheres de rua e procurarem formas alternativas de vida com elas, e também para juntarem as mulheres numa cooperativa", explicou João Meneses, o coordenador do PDCM.
"A ideia também é perceber se faria sentido criar um projecto dessa natureza [bordel] com elas. Se elas achassem que sim, em 2013 avançaríamos para encontrar um imóvel devoluto, que podia ser utilizado por elas para o efeito. (...)
O projecto não está debatido ainda em termos jurídicos, mas se fosse uma cooperativa de mulheres não configuraria lenocínio, porque não haveria a figura do capitalista, ou do empresário. Não haveria exploração do trabalho sexual, haveria sim um trabalho feito em condições de saúde e higiene e que é gerido pelas próprias e para as próprias."
O projecto chama-se 'Safe House' e, se for aprovado pela autarquia, esta cede, em 2013, um imóvel para instalar o bordel.
"O quê?", vocifera o leitor, "Vão criar um bordel com o dinheiro dos meus impostos?" Calma, amigo. A proposta para a criação deste espaço veio da Obra Social das Irmãs Oblatas e... do Grupo de Activistas sobre o Tratamento do VIH/SIDA (GAT).
Sobre a legalidade dessa 'safe house', o presidente da câmara de Lisboa, António Costa, disse ontem que isso "está a ser estudado”.
E confirmou que a 'safe house' foi proposta pela Obra Social das Irmãs Oblatas, que há vários anos lidam com o problema da prostituição na zona do Intendente e pretendem abrir um espaço "onde possa ser garantida a segurança física e psíquica das profissionais do sexo".
Hoje, António Costa voltou a pronunciar-se sobre o assunto, dizendo:
"Não me vou pronunciar isoladamente sobre esta proposta ou aquela. O plano há-de ser um conjunto de acções integradas, que visam complementar a acção física sobre o espaço público com a acção de reabilitação do edificado e com o desenvolvimento social da Mouraria.
Não vou antecipar análises sobre esta ou aquela medida isoladamente, por muito 'sexy' que possa ser o título de alguma das propostas.
As Irmãs Oblatas prestam à cidade de Lisboa um trabalho precioso junto de um sector da sociedade muito difícil, muito marginalizado, para o qual a sociedade olha com enorme hipocrisia, que é a prostituição.
(...)
Eu respeito muito o trabalho que as instituições fazem no terreno. Este plano que está a ser desenvolvido parte da recolha de um conjunto de propostas de todas estas instituições. Umas agradam-me mais, outras agradam-me menos, mas seria uma irresponsabilidade ignorar aquilo que é a mais-valia que estas associações têm no terreno.
(...)
Não devemos fingir que essa realidade [prostituição] não existe na cidade de Lisboa. Existe, naquele bairro, e não é possível intervir naquele bairro sem olhar para essa realidade, e devemos fazê-lo.”
Entre os vereadores, Helena Roseta manifestou desconhecer a ideia da criação do lupanar, o vereador comunista Ruben de Carvalho considera-a "pouco assisada", embora concorde com a casa-refúgio para prestar assistência às prostitutas e o vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro defende a colocação de câmaras de videovigilância no Intendente, dizendo que "o resto é procurar esconder o problema da prostituição dentro de portas, em vez de resolvê-lo".
Confuso? Nada melhor que ouvir mais algumas pessoas:
Indignado 29 Fevereiro 2012 - 10:52
Incrível
É incrível como num tão curto espaço de tempo se pode ler tanta barbaridade como a que algumas pessoas escrevem! É fantástico ver como é mais relevante criticar a figura do político (através de comentários injuriosos às senhoras suas mães, e não estou a defender os políticos mas sim as suas mães) do que tentar olhar para o que uma solução destas poderá trazer como benefício à cidade ou mesmo ao país.
Será difícil de ver que uma solução destas pode afastar quem se prostitui de quem as obriga a trabalhar? Será difícil de ver que trará segurança a quem vende e a quem compra serviços? Será difícil de ver que é possível criar um regime de contribuições deixando de ser mais uns chulos da classe trabalhadora? Será difícil de ver as oportunidades de negócio que tal iniciativa poderá trazer, por exemplo, ao turismo? Basta ver quantas pessoas voam todos os anos para a Holanda com o propósito de visitar o Red Light District.
Realmente mesmo quando alguém tenta arranjar uma solução para as coisas a primeira resposta do Português é: "Isso não serve!" ou " ’Tá’ tudo doido!"
ebotelho 29 Fevereiro 2012 - 11:08
Estamos a voltar ao fascismo
Estamos mesmo a voltar ao tempo de quando a prostituição era legal, o tempo da outra senhora, o tempo dos 'Ballets Rose'. A direita tenta ganhar dinheiro com tudo, até com a mais infame das explorações sobre o ser humano. Qualquer dia os desempregados têm que aceitar esta submissão indigna, sob pena de perderem o subsídio de desemprego. Ainda vamos ver algum político a incentivar os jovens a prostituírem-se, como solução para se resolver a crise.
Ainda há quem tenha a lata de defender que é para livrar as prostitutas dos proxenetas. Se o proxenetismo é crime, porque é que esses empresários do sexo mantém-se em liberdade? Porque é que a comunicação social, a imprensa publica todos os dias milhares de anúncios sobre esta actividade indigna e desumana? Srs. Políticos, tenham coragem e juízo para atacar os problemas e os crimes associados a estes problemas pela frente, não por detrás, como se fossem uns vermes fascistas!
Carlos Borges 29 Fevereiro 2012 - 11:11
Oh ebotelho,
A Câmara de Lisboa é de esquerda!
Informe-se primeiro antes de comentar aquilo que não sabe, com a sua ignorância.
pedro 29 Fevereiro 2012 - 11:18
Fascismo?
Caro ebotelho,
A prostituição em Portugal é legal. O que é ilegal é o lenocínio ou ser chulo.
Sinceramente acho que já é tempo de pôr ordem nisso. Prefiro ter bordéis do que ter as mulheres na rua ou na beira das estradas.
Só não concordo que a Câmara empate dinheiro nisso. Isto não tem nada de fascismo, é a coisa mais racional a fazer.
ZPMKS 29 Fevereiro 2012 - 11:53
Ridículo
Só pode haver aqui interesses escondidos. Aguardo para saber qual a renda que estes bons samaritanos vão cobrar a estas senhoras.
Não está aqui em causa o drama que é a prostituição e que as mulheres, que se vêem obrigadas a fazer, têm que viver.
É contudo triste e sintomático que o melhor destino que a câmara municipal e o seu plano tenham a oferecer a estas pessoas necessitadas e à sua cidade seja a cedência de um espaço para criação de um bordel.
Como é que é possível indignarmo-nos com o plano de ajustamento da troika, o desemprego, emprego precário, etc. e depois assistirmos impassíveis a estas indignidades? Não seria preferível a Câmara disponibilizar edifícios para habitação a estas senhoras? Se calhar dessa forma, algumas nem teriam de recorrer à prostituição e poderiam ter uma vida melhor, mais digna e desempenhar um papel de maior valor acrescentado à sociedade e à economia do país.
francisco gomes 29 Fevereiro 2012 - 12:10
Negação
Não acredito que as irmãs Oblatas sejam signatárias de tal proposta, quando muito desejam é ajudar essas pessoas a sair de tal vida. Acabaram com a escravatura e querem voltar a instituí-la com tal atitude. É só para ultrapassarem o BE. Já agora o presidente da Câmara deve ceder as instalações da câmara para tal efeito.
Basta de manobras de diversão, pois quem não tem capacidade para gerir e criar soluções lança estas atoardas.
Indignado 29 Fevereiro 2012 - 12:05
Caro ZPMKS,
Acho que DAR é a palavra que nós portugueses melhor conhecemos.
Coitadinhos daqueles que estão desempregados anos a fio e já rejeitaram ofertas de trabalho, seja por que motivo for. Vamos dar-lhes uma casa e uns rendimentos!
Coitadinhos dos que vivem dos rendimentos sociais sem que nunca tenham descontado e têm mais rendimentos dos biscates que fazem sem passar recibo. Vamos dar-lhes mais umas migalhas para viver!
Vamos a isso... O bom do contribuinte suporta! De qualquer das formas já está habituado a dar o corpo ao manifesto.
CJPC 29 Fevereiro 2012 - 12:15
Já vamos aí... ainda chegaremos mais longe
Estamos a desembocar no tal socialismo de miséria e mais uma vez a velha receita: "a mais antiga profissão".
É claro que agora aparecem os tais argumentos a favor: para evitar os chulos, para tirar as raparigas da rua e das estradas... Mas não é garantido que os chulos não passem a ser outros. Devem ter em conta que não são só as meninas que precisam de bordel; os meninos também querem os mesmos direitos!
Mas a questão básica permanece: que sociedade construímos depois de Abril?
Carlos Março, Queluz. 01.03.2012 19:27
Louvor à legalização da prostituição
Finalmente um bordel legal em Lisboa! Acho muito bem! Sempre que frequento bordéis sinto-me incomodado por não poder reclamar quando o sexo oral não é bem feito, ou quando as minhas prostitutas habituais estão a atender outro cliente. Assim será muito mais agradável usar prostitutas em Lisboa. Com mais condições, mais higiene, porque eu gosto de fazer sexo em lugares limpos.
Espero que estas medidas levem também os preços a baixar, porque com a crise pagar cinquenta euros por serviço completo é muito caro. Proponho à presidência da câmara a abertura de um drive-in de sexo oral na almirante reis, que iria impulsionar muito a nossa economia e o nosso turismo, onde as nossas filhas e namoradas poderiam vender o corpo a turistas da comunidade europeia e ajudar a pagar a nossa dívida. Parabéns!
Anónimo 29 Fevereiro 2012 - 23:23
Falar fino
Antigamente, para falar "fino", chamava-se bordel a uma casa de putas. Doravante, passará a ser uma Safe House. Deve ser do acordo ortográfico feito pelos socialistas...
JDMT2010 01 Março 2012 - 10:55
O "apoio" esquerdo
Apoiar a prostituição... apoiar os drogados... apoiar o aborto... apoiar os delinquentes... Mas por que raio a esquerda não começa por apoiar quem está neste mundo por bem, quem é sério e tem vontade de trabalhar?
Para além disso não se combate o mal com o mal, combate-se o mal com o bem, tentando arranjar emprego ou outra solução digna para toda essa pobre gente.
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