quarta-feira, 7 de março de 2012

"Onde é que uma reforma de 3 ou 4 mil euros é milionária?"


Na apresentação de resultados de 2011, ano em que os lucros da Jerónimo Martins aumentaram 21%, atingindo 340 milhões de euros, Alexandre Soares dos Santos defendeu os seus pontos de vista com a frontalidade habitual:

"O segundo ponto muito importante é que se acabe de uma vez por todas com esta mania nacional dos salários dos ricos, dos salários dos quadros, e coitadinhos de nós que temos de viver com mil euros por mês, ou menos, porque é isso que Deus Nosso Senhor decidiu há uns milhares de anos. Não é nada disso.
Temos de ter políticas salariais onde as pessoas que trabalham numa companhia, sejam quadros ou não, sintam que o produto do trabalho também vai para eles. As companhias têm de ter políticas de remuneração que demonstrem coerência desde a maior responsabilidade até à menor responsabilidade. Todos nós na empresa, vocês nos vossos jornais não são quadros nem deixam de o ser, são responsáveis. A senhora é responsável por chegar à RTP e passar a mensagem que ouviu e não aquela que vai criar. Se todos nós cumprirmos isso, sentimo-nos motivados. E se vir que o seu trabalho é razoavelmente remunerado, quer mais. Todos nós temos o direito e o desejo de viver melhor.
Em Portugal não existe isso. Repare: chamam reformas milionárias às de um tipo qualquer que trabalhou toda a vida e tem uma reforma de três ou quatro mil euros. Onde é que isto é milionário? E andou toda a vida a descontar para essa reforma. Ele não está a roubar ninguém! Está a ter a reforma que o Estado disse que teria se descontasse.
Temos de incentivar as pessoas a mais e a melhor. Temos de nos deixar desta porcaria de populismos, que temos de andar de autocarro, e essas coisas. Cada um anda como quiser. Porque é que um ministro tem de viajar de classe económica? Não é isso o que interessa a este país. O que interessa é que os governantes usem o dinheiro dos nossos impostos a nosso favor."




*

Notícias que falem em pensões, desencadeiam sempre fóruns com uma centena de comentários. Eis uma amostra representativa das várias tendências:


dfviegas 07 Março 2012 - 14:14
3000€ é demais
3000€ de reforma é demais quando os descontos devidos foram por um valor muito menor, e esse direito de reforma é devido aos últimos 5 anos de trabalho.
3000€ de reforma é muito quando os políticos se reformaram com 8 anos de parlamento e não descontaram o devido tempo para terem direito à ela.
Voar em executiva é muito quando o Estado não tem dinheiro para pagar salários e para isso tem de roubar os subsídios de Natal e férias.
Ter carros de alta cilindrada é muito quando tem de se cortar em metade dos subsídios de Natal de todos os trabalhadores para pagar essas mordomias.

Meireles 07 Março 2012 - 14:17
Problema antigo
Portugal tem um problema tremendo por resolver, que é o de tudo ter sido nivelado por baixo. Talvez resquícios de um “xuxialismo” (que comeu tudo e não deixou nada) cujos dirigentes, sem nada fazer de útil, comeram, beberam e passearam toda a vida.
Em Portugal vive-se o momento do "tiro ao rico". E isto é tão mais ridículo, quanto é o facto do tipo que ganha 500 euros, achar que o que ganha 600 é rico e deve ser abatido.
Com esta palermice de mentalidade, não tarda que fiquemos como uma espécie de Albânia do Ocidente.
Todos os tipos que dão emprego a milhares de pessoas são hoje objecto de um ódio incompreensível. Voltamos ao PREC, mas pior, mais ressabiado.

Teófilo Cubillas 07 Março 2012 - 14:22
Ironia
Não me importava nada de ter como patrões as pessoas que aqui destilam ódio contra o Soares dos Santos.
Mas é assim a vida. Só chegam a patrões os Soares dos Santos, Belmiros, Nabeiros e semelhantes.
Quem me dera ser empregado destes "treinadores de bancada". Não duvido que, se tivessem supermercados, pagariam 5.000 euros mensais aos operadores de caixa. Que pena não passarem da teoria à prática...

josedomingos 07 Março 2012 - 14:22
Convém que desçamos à terra do real
Oh senhor Alexandre Soares dos Santos, o senhor é, sem dúvida, um respeitável empresário de sucesso, mas terá de fazer algum esforço e descer ao país real.
Ao país das reformas de miséria — isto não são lugares-comuns, nem choradeiras, mas simplesmente factos pungentes — e ao país da fome, no sentido mais literal do termo.
O planeta em que o senhor Alexandre Soares dos Santos vive e se movimenta é diferente, muito diferente do de muitas centenas de milhares de portugueses, que vivem na pobreza.
Muitos deles na tal pobreza envergonhada, que é a pior de todas, sendo, em variadíssimos casos, por uma gestão ruinosa das suas vidas e dos seus orçamentos familiares, sendo que muitos outros foram apanhados nas malhas implacáveis da crise e do desemprego.
Quem sou eu para emendar o senhor Alexandre Soares dos Santos, empresário que respeito, mas será curial que não argumente de um modo tão ligeiro, face a algumas realidades que são trágicas.
Sei que o faz, a partir das coordenadas racionais da sua vida de empresário, que prova que a visão daquilo que é antigo se pode bater com igual êxito e vencer muitas miragens modernas; e sei também, porque conheço, que trata humanamente os colaboradores das suas lojas, mesmo os mais subalternos; porém, convém, por vezes, que desçamos à terra do real, a que sei que não é alheio, mas de que não saboreia o sabor amargo.

desempregado 07 Março 2012 - 14:28
Coitadinhos!
Sr. Alexandre Soares, não se trata de achar muito ou pouco, trata-se de olhar para a desgraça de salários/reformas que estão à sua volta e imperar o bom senso!
Eu, hoje, após 20 anos a trabalhar fiquei sem emprego porque a minha Empresa não consegue aguentar a crise.
Eu, que sempre paguei impostos, nunca pedi subsídio algum, vou agora ser humilhado e tratado como coitado pelos serviços do IEFP e SS.
Eu, pai de família, vou ficar em casa a olhar para as paredes.
Eu também merecia estar noutra situação e com melhor situação económica, mas para enriquecer alguns, outros têm que viver com menos.
Já agora, dê o exemplo e pague mais que 500€ aos seus funcionários e faça contratos justos com os seus fornecedores. Ah, e volte a pagar IRC em Portugal!

João Campos 07 Março 2012 - 14:29
Concordo com Alexandre Soares dos Santos
Quem tem qualificações, capacidade de trabalho e oportunidades de trabalho deve ser bem remunerado. O país está a ficar cheio de demagogos e de populistas, e a "malta" vai atrás desse discurso. Se não tivermos capacidade para remunerar bem os quadros, eles acabam por emigrar, e aí vamos ficar muito mais pobres. "When you pay peanuts, you get monkeys!"

Anonimo 07 Março 2012 - 14:31
Resposta
Uma reforma de 3000 euros é milionária num país com um salário médio abaixo dos 800 euros. Países muito mais ricos e com salários médios muito superiores e sem problemas orçamentais, como a Suíça, optam pelo plafonamento das pensões no limite superior.
Nós sabemos que o que interessa ao Sr. é que os governantes usem os nossos impostos a SEU favor. Mas infelizmente não os usam a favor de quem os paga. Pela minha parte já deixei há muito de ir à porcaria das suas mercearias rascas e caras.

Francis Obikwello 07 Março 2012 - 14:32
Gente podre
Ainda dizem que o comunismo não deixou marcas na sociedade portuguesa. Pode dizer-se que hoje em dia prevalece um sentimento mesquinho de inveja numa significativa camada da população.
Foi passada sub-repticiamente a mensagem de que, se estamos na situação que estamos, deve-se aos "ricaços portugueses" que exploram indecentemente os pobres dos trabalhadores. Embora possa parecer estranho, quem me dera a mim que em Portugal houvesse 1000 tipos como o Soares dos Santos.
Convençam-se de uma coisa: quantas mais pessoas geradoras de riqueza um País tiver, melhor vivem as pessoas. A igualdade não existe. Tirem isso da vossa cabeça.
Experimentem juntar 5 pessoas e dêem a cada uma mil euros. Vejam o que sucede passado 1 ano. Uns terão multiplicado o dinheiro, outros terão o mesmo dinheiro, outros menos e outros ainda estarão na miséria.

janjos 07 Março 2012 - 14:45
Reformas de miseráveis
Concordo em parte com ele, mas será o que aqui disse se aplica nas empresas dele? Quanto vão receber os seus colaboradores sobre os resultados obtidos de mais 21% em ano de crise? Como é a sua tabela salarial? Gestores bem pagos e os restantes a prazo e com salário mínimo? Se for como o pagamento dos impostos que em vez de os pagar na totalidade em Portugal os passa para Holanda...
Sim, ele que não venha meter os dedos nos olhos dos portugueses porque deixa menos dinheiro em Portugal. O ignorante vem com a mesma cantilena de nos enganar.
Claro que as reformas só são milionárias porque são comparadas com as de pessoas que descontaram 30 anos e como ficaram desempregadas tiveram que meter a reforma e nem o equivalente ao salário mínimo recebem. A grande maioria reformada aos 65 anos recebe abaixo do salário mínimo e ele em tempo de crise aumenta os lucros em 21%.
E a maioria dos portugueses quanto ganham? Estes homens têm que desenvolver o país e dar emprego mas acordem pois não levam o dinheiro para a cova.

abelavida 07 Março 2012 - 15:01
Carreira contributiva versus reforma
A questão é tão simples como isto: tem de haver uma efectiva relação entre a carreira contributiva e a reforma.
Foram feitos ajustes nesse sentido mas só para as gerações futuras. Muitos casos do passado e presente continuam a sobrecarregar a segurança social de forma injusta.
Mas grave são as regalias de reforma dadas a políticos e afins.
Também não discordo que, tal como em outros países, exista um valor de reforma máximo pago pelo Estado. Esse valor deveria ser indexado ao salário mínimo. Poderia ser, por exemplo, 6 salários mínimos.

bcarlos 07 Março 2012 - 15:36
Atenção, para ganhar 3000 ou 4000 euros de reforma, é porque também fez descontos para isso
Esta esquerda que existe em Portugal que é contra tudo, mas que em alguns casos são meninos de bem armados em "esquerda caviar", é que nos quer fazer crer que as pessoas que descontaram para a Seg. Social sobre valores altos e pagaram altos impostos (ou seja, ajudaram na educação deles), não têm direito a ganhar 3000 ou 4000 euros de reforma.
Mas para pagar subsídios a torto e a direito e a quem não se devia pagar, aí estão eles na primeira fila a apoiar.
É por estas e por outras que o País está como está!

ACarvalho 07 Março 2012 - 15:37
13.500 colaboradores
O Pingo Doce tem 13.500 colaboradores.
Os senhores aí a mandar filetes quantos colaboradores têm? Quantos empregos criaram?
Por favor...

SwedishChef 07 Março 2012 - 15:39
Não meto os pés no Pingo Doce há mais de 8 meses
Este Sr. e os Belmiros passam a vida nas notícias como se fossem os heróis.
Mas afinal o que é a distribuição? É sobretudo emprego manual, pouco qualificado e mal pago. É esmagar as margens e asfixiar os fornecedores/produtores nacionais. É a falência dos pequenos negócios numa luta desigual. Estão no top-10 dos maiores importadores. E ainda por cima só pagam cá os impostos dos quais não podem fugir. Qual é o valor acrescentado desta gente?

António Lopes 07 Março 2012 - 15:41
Desta vez tem razão
Desta vez tenho que lhe dar razão. Vivemos um tempo sinistro onde o mérito passou a ser uma treta, afinal tanto leva o que se esforça como aquele que nada faz, é isso que querem? Será dessa forma que o País evolui? Não, obviamente! Nivelar por baixo é criminoso e levará a mais pobreza e menos riqueza para todos!
Hoje em dia parece que um pedreiro ou um médico devem ganhar o mesmo, apenas em nome da "crise", tudo porque se generalizou a mesquinhez e o apontar o dedo. Quem trabalha e tem mérito deve se recompensado por isso, só assim a sociedade evolui.

Oliveira 07 Março 2012 - 15:48
Muito bem, aplaudo!
Em nome da "crise" temos assistido ao surgimento de um discurso demagógico e populista contra "os benefícios" de alguns, esquecendo se esses "benefícios" resultaram de trabalho, esforço, anos de descontos, ... Se alguém estudou e tem formação, obviamente que deve ganhar mais; se alguém trabalha há 20 ou mais anos, obviamente que deve ganhar mais; se alguém descontou uma vida inteira de um ordenado bom, obviamente que terá uma pensão mais elevada. Caso contrário baixamos todos os braços e levamos todos o mesmo? Claro que não!
Por isso é também demagógico o discurso contra os "privilégios" da Função Pública, porque esquecem que milhares de pessoas com formação superior, com anos e anos de trabalho, não podem ser remunerados como "trolhas", sem desprimor para estes.
Uma Sociedade evolui com trabalho e recompensa do mérito, se "cortam" cegamente e não olham a cada caso, vamos mal e ninguém ficará bem no final.

Anonimo 07 Março 2012 - 16:02
Tem toda a razão
Tem razão o Sr. Soares dos Santos. Querem fazer deste país a 2ª Albânia da Europa nivelando tudo por baixo e deixar apenas uma casta de privilegiados à boa maneira da URSS.
Se uma pessoa foi obrigada a descontar durante 40 anos e pelos cálculos tem uma reforma de 2.000, 3.000 ou mais euros porque é que a não pode ter e porque é que está agora a ser roubado?
Na Suiça as reformas são menores porque criaram um tecto e por isso também não são obrigados a descontar sobre a totalidade dos vencimentos.
Aqui o mal foi não terem criado essa hipótese e permitirem que certas elites sem ter descontado os tais 40 anos tenham reformas com menos de 15 anos de desconto.

HLopes 07 Março 2012 - 16:02
Como é Triste...
É muito triste ver a estupidez, a inveja, a cegueira e a incapacidade de acrescentar valor que vai por este país. Na generalidade as pessoas estão mais interessadas em denegrir e deitar a baixo do que construir, evoluir, crescer pessoal e profissionalmente.
As invejas cegam e deixam-nos de dedo em riste a apontar tudo e todos. Em vez de contribuirmos para as soluções passamos o tempo à procura dos responsáveis dos problemas, sem que consigamos perceber que os responsáveis somos todos nós enquanto sociedade e somos todos nós enquanto sociedade que temos de resolver o nosso problema.

Anonimo 07 Março 2012 - 16:04
Porquê?
Certo. Terá razão nalgumas coisas, noutras nem por isso.
Se as horas de trabalho são as mesmas, se os preços são os mesmos, se os produtores são os mesmos, porque raio ganha, quem trabalha num supermercado "lá fora" o dobro do que ganha aqui?
Ou alguém acredita que se abrisse supermercados em Inglaterra, o Pingo Doce pagava 500 euros? E não venham dizer que a malta do Pingo Doce está de perna traçada todo o dia sem fazerem nenhum.
Porquê esta diferença?

Jolas 07 Março 2012 - 16:15
Reforma
As reformas de 3 ou 4 mil euros para quem trabalhou e descontou uma vida inteira não são de todo milionárias.
Agora para quem trabalhou apenas uns "anitos" e nunca os seus descontos justificaram um valor desses, isso sim é uma reforma milionária.

Napo£eao 07 Março 2012 - 16:20
A inveja
Em Portugal os portugueses aceitam e acham normal que os futebolistas do Benfica (essa equipa que até tem 1 português no plantel!) "ganhem" mensalmente pipas de massa. Agora se for um médico, um director ou um juiz... aqui d'el rei!

Anonimo 07 Março 2012 - 16:44
Reformas
Todas as reformas já atribuídas deveriam sofrer uma reavaliação. Deveria ser imposto um limite máximo. Há muitas injustiças, muita gente que descontou poucos anos e a quem foram atribuídos altos valores. Alguns políticos e ex-políticos sabem disso.

Apgfsilvasilva 07 Março 2012 - 16:45
Não deveria haver tectos salariais nem leis laborais
Que chorrilho de asneiras que até dói a alma!
Os trabalhadores do pingo doce da Holanda ganham mais que os portugueses porque são: dinâmicos, trabalhadores, organizados e possuem uma lei laboral que ao contrário de proteger os preguiçosos, invejosos e piegas protege os bons trabalhadores e incentiva os outros a serem melhores!
Cada um deve ganhar o que merece e não o que a lei "obriga" a pagar. O salário mínimo é a recompensa de todos pelo mau trabalho e mau carácter de alguns. Se leva a vida a ir fumar o cigarrinho e a beber a bica, na entrada do prédio do escritório, porque haverá de receber remuneração por esses tempos "mortos” que não beneficiam nem a empresa nem a saúde do trabalhador?
A corja que está sempre em greve, como se durante o resto do tempo fizesse alguma coisa, mina as empresas e reduz o salário de todos. Aquele amigo que está sempre a sussurrar ao seu ouvido em vez de trabalhar está a prejudicar a empresa e a prejudicá-lo a si. Chega de bebés chorões. chega de irresponsáveis, chega de piegas, se quiserem melhores ordenados trabalhem!
Eu quanto a mim dispenso a trampa das leis laborais e das protecções sociais e de toda essa trampa que só cria emprego para os tipos dos sindicatos, mina a confiança dos empresários, aumenta o volume do Estado, e reduz os salários de quem realmente quer trabalhar. Trabalhar, qualquer que seja a profissão, fazendo bem o que se faz ajuda a nossa realização como seres humanos.

Cheio de Comunas 07 Março 2012 - 16:52
Frustrados
A frustração e o ressabiamento da cambada comuna que aqui vem com insultos é bem demonstrativa da mentalidade reinante em 'Tugal'. Bem faz o Sr. Soares dos Santos em avançar a todo o gás na Polónia, que eles lá sabem o que é o comunismo e, à parte uns saudosistas burros, ninguém quer voltar ao passado. Embrulhem.

Nuno 07 Março 2012 - 16:54
Capitalista
Este sistema social e especialmente a Segurança Social dão-me náuseas. Vivemos num país onde todos tentam viver à custa dos demais mas só quem é apanhado é vilipendiado na praça pública. Sempre à boca pequena, porque não temos coragem de mudar o país e de nos mudarmos a nós mesmos.
Metemos todos no mesmo saco, onde o denominador comum é o dinheiro que ganham, não o seu mérito. O mérito não reconhecemos nunca porque a nossa mesquinhez é tudo o que nos resta. Foi o que sempre tivemos. A nossa sociedade está podre.

guardaabel 07 Março 2012 - 16:57
Os canalhas
Belmiro de Azevedo (Grupo Sonae) e Soares dos Santos (Grupo Jerónimo Martins) são responsáveis pelo encerramento de dezenas de milhares de pequenos negócios familiares, as estratégias agressivas das suas grandes superfícies são alimentadas pelo estrangulamento das pequenas e médias empresas do sector agro-alimentar, impõem-lhes baixos preços e ainda alimentam os seus planos de investimento à custa de prazos de pagamentos aos fornecedores próximos do absurdo. São estes os dois senhores que agora defendem os pequenos investimentos?
Compreende-se a sua preocupação com o aumento no consumo, só que no Pingo Doce até os amendoins da marca branca são importados da China, aliás, fala-se por aí muito mal das lojas chinesas mas ninguém diz que os maiores “comerciantes chineses” deste país são precisamente Belmiro de Azevedo e Soares dos Santos.
Não deixa de ser curioso ver os grandes empresários, monopolistas ou oligopolistas nos sectores em que investem, virem agora defender que “small is beautiful”. É evidente que não lhes interessa investimentos em tecnologia que signifiquem uma aposta no longo prazo ou em grandes projectos que impliquem a importação de tecnologia. Para eles é mais lucrativo importar tudo da China, desde amendoins a camisas baratas, do que importar a tecnologia do TGV de um país europeu, para eles é estrategicamente mais interessante apoiar pequenos investimentos de mão-de-obra barata que vá comprar aos seus hipermercados do que investir em empresas tecnológicas cujos quadros tenha padrões de exigência acima do oferecido pelos hipermercados Continente.
Isto significa aplicar ao país a lógica da cantina da grande fazenda africana, onde os trabalhadores mal recebiam os ordenados iam pagar as dívidas do mês anterior e comprar a crédito para o mês seguinte. Se Belmiro conseguisse converter o país numa imensa cantina colonial asseguraria ao grupo SONAE a possibilidade de continuar a crescer segundo um modelo de mão-de-obra pouco qualificada, seria a cantina de um país transformado numa imensa fazenda colonial.

BURRO IO 07 Março 2012 - 17:00
P’ro apgfsilvasilva
Sabe, eu até concordo consigo, desde que haja honestidade e vontade para tal. Creio que ainda não crescemos suficiente para tal. Existe muitos incompetentes a ganhar muito acima do salário mínimo e da razoabilidade dos salários portugueses. Existe também muitos ladrões muito bem colocados e remunerados e que falam em competitividade para distrair dos roubos e corrupções que grassam por aí. As estatísticas são feitas à medida de quem as pede.
Provavelmente na Holanda o escrutínio é maior e melhor, a população está melhor informada. Por aqui quanto menos souberem, melhor. A transparência não existe, por isso em vez de ofender quem trabalha, comece primeiro a exigir a quem de direito.

apgfsilvasilva 07 Março 2012 - 17:15
Obrigado, Sr. Soares dos Santos
Gostava de saber onde o guardaabel faz as compras! Não deve ser na mercearia da Felisberta onde o mesmo produto custa dez vezes mais que no pingo doce! Os mercados, caso não saiba, tendem a ajustar-se à procura e se a mercearia da esquina fechou é porque não era competitiva. Já a Dra. Manuela Ferreira Leite dizia que era incompreensível tantas empresas darem prejuízo durante tantos anos e continuarem abertas.
Eu cá sou liberal defendo o pingo doce ou outro qualquer que me permita comer e beber e ainda poupar uns troquinhos!
Já agora, o que me preocupa não são as mentalidades capitalistas nem as comunistas, nem as benfiquistas, nem as portistas, nem as cristãs, nem as budistas, quem realmente me preocupa são as mentalidades que nos coíbem de pensarmos por nós próprios e que nos sugam a vontade. Devo dizer que a maior parte de nós só precisa de um sofá e de uma televisão para ficar dormente.


rmopf2005 07 Março 2012 - 17:22
Para os comunas

A CIGARRA E A FORMIGA
(Versões alemã e portuguesa)

Versão alemã
A formiga trabalha durante todo o Verão debaixo de Sol. Constrói a sua casa e enche-a de provisões para o Inverno.
A cigarra acha que a formiga é burra, ri, vai para a praia, bebe umas bejecas, dá umas quecas, vai ao Rock in Rio e deixa o tempo passar.
Quando chega o Inverno a formiga está quentinha e bem alimentada. A cigarra está cheia de frio, não tem casa nem comida e morre de fome.
FIM

Versão portuguesa
A formiga trabalha durante todo o Verão debaixo de Sol. Constrói a sua casa e enche-a de provisões para o Inverno.
A cigarra acha que a formiga é burra, ri, vai para a praia, bebe umas bejecas, dá umas quecas, vai ao Rock in Rio e deixa o tempo passar.
Quando chega o Inverno a formiga está quentinha e bem alimentada. A cigarra, cheia de frio, organiza uma conferência de imprensa e pergunta porque é que a formiga tem o direito de estar quentinha e bem alimentada enquanto as pobres cigarras, que não tiveram sorte na vida, têm fome e frio.

A televisão organiza emissões em directo que mostram a cigarra a tremer de frio e esfomeada ao mesmo tempo que exibem vídeos da formiga em casa, toda quentinha, a comer o seu jantar com uma mesa cheia de coisas boas à sua frente.
A opinião pública ‘tuga’ escandaliza-se porque não é justo que uns passem fome enquanto outros vivem no bem bom. As associações anti-pobreza manifestam-se diante da casa da formiga. Os jornalistas organizam entrevistas e mesas redondas com montes de comentadores que comentam a forma injusta como a formiga enriqueceu à custa da cigarra e exigem ao Governo que aumente os impostos da formiga para contribuir para a solidariedade social. A CGTP, o PCP, o BE, os Verdes, a Geração à Rasca, os Indignados e a ala esquerda do PS, com a Helena Roseta e a Ana Gomes à frente e o apoio implícito do Mário Soares, organizam manifestações diante da casa da formiga. Os funcionários públicos e os transportes decidem fazer uma greve de solidariedade de uma hora por dia (os transportes à hora de ponta) de duração ilimitada. Fernando Rosas escreve um livro que demonstra as ligações da formiga com os nazis de Auschwitz.

Para responder às sondagens o Governo faz passar uma lei sobre a igualdade económica e outra de anti-discriminação (esta com efeitos retroactivos ao princípio do Verão). Os impostos da formiga são aumentados sete vezes e simultaneamente é multada por não ter dado emprego à cigarra. A casa da formiga é confiscada pelas Finanças porque a formiga não tem dinheiro que chegue para pagar os impostos e a multa. A formiga abandona Portugal e vai instalar-se na Suíça onde, passado pouco tempo, começa a contribuir para o desenvolvimento da economia local.

A televisão faz uma reportagem sobre a cigarra, agora instalada na casa da formiga e a comer os bens que aquela teve de deixar para trás. Embora a Primavera ainda venha longe já conseguiu dar cabo de todas as provisões organizando umas "parties" com os amigos e umas "raves" com os artistas e escritores progressistas que duram até de madrugada. Sérgio Godinho compõe a canção de protesto "Formiga fascista, inimiga do artista".
A antiga casa da formiga deteriora-se rapidamente porque a cigarra está-se catando para a sua conservação. Em vez disso queixa-se que o Governo não faz nada para manter a casa como deve ser. É nomeada uma comissão de inquérito para averiguar as causas da decrepitude da casa da formiga. O custo da comissão (interpartidária mais parceiros sociais) vai para o Orçamento de Estado: são 3 milhões de euros por ano. Enquanto a comissão prepara a primeira reunião para daí a três meses a cigarra morre de overdose. Rui Tavares comenta no Público a incapacidade do Governo para corrigir o problema da desigualdade social e para evitar as causas que levaram a cigarra à depressão e ao suicídio.

A casa da formiga, ao abandono, é ocupada por um bando de baratas, imigrantes ilegais, que há já dois anos que foram intimadas a sair do País mas que decidiram cá ficar, dedicando-se ao tráfego da droga e a aterrorizar a vizinhança. Ana Gomes, um pouco a despropósito afirma que as carências da integração social se devem à compra dos submarinos, faz uma relação que só ela entende entre as baratas ilegais e os voos da CIA e aproveita para insultar Paulo Portas.
Entretanto o Governo felicita-se pela diversidade cultural do País e pela sua aptidão para integrar harmoniosamente as diferenças sociais e as contribuições das diversas comunidades que nele encontraram uma vida melhor.

A formiga, entretanto, refez a vida na Suíça e está quase milionária...
FIM


mferrer0 07 Março 2012 - 18:25
É sim...
É milionária porque exagerada em relação aos anos de trabalho e em relação aos descontos que fizeram para a CGA. O senhor, como privado e magnata, não precisa da sua reforma. Se, no entanto, observasse a reforma que os políticos auferem, e a que lhes seria devida, veria que eles se banqueteiam com dinheiro que não é deles.

dantaspt 07 Março 2012 - 18:38
Ao apgfsilvasilva
O teu comentário só merece uma resposta, tão estúpida como o teu comentário. Que tal acabar com as leis, e ser a lei do mais forte, se não me pagas o que mereço, dou-te um tiro. Tu vais para o cemitério, eu continuo a minha vida descansado, sabendo que um gatuno está a fazer tijolo.
Mas o teu comentário faz-me lembrar alguém que há uns anos disse algo parecido: "cada um tem o emprego que quer". Isso seria verdade, se não fosse uma barriga para alimentar e não houvesse quase 2 milhões de barrigas dispostas a ir trabalhar por uma simples tigela de sopa.
Só uma ignorância sem limites pode fazer aquele comentário. Gostava de saber onde tem andado desde o dia que começou a ter consciência de estar vivo.

rmopf2005 07 Março 2012 - 18:54
Objectivo das empresas
Para os comunas que ainda se doem do Sr. Alexandre Soares dos Santos ter mudado a sede para a Holanda, só tenho a dizer o seguinte: o objectivo das empresas é dar lucro para os donos/accionistas. Não é pagar impostos, que depois são desperdiçados para alimentar com RSI a preguiça de pessoas de 20 anos.
Como sempre disse, acabar o RSI. Quem tem alguma deficiência física vai para a reforma por invalidez, quem tem bracinhos para trabalhar que se mexa.
Não pode ser as pessoas que trabalham a pagar quem não quer trabalhar.

Anonimo 07 Março 2012 - 19:10
rmopf2005
E o objectivo das empresas é apenas o que interessa? Eu digo não. E porquê? Porque a empresa serve, ou deve servir, como qualquer outra coisa que existe na sociedade/humanidade para ajudar no florescimento e melhoria de todos.
Se estou a falar de comunismo? Claro que não, portanto parem com desculpas bazofiadas. Estou apenas a dizer que uma empresa tem responsabilidade social. Ponto. Se deve ser santa casa? Não. Se deve ser não social? Não.
O pior é que, de um lado, estão uns que querem tudo, mesmo que não precisem, e do outro, os que querem coisas sem trabalhar. Parem de puxar a brasa à vossa sardinha e trabalhem em parceria. Sabem o que é parceria? Tudo, menos situação de escravo e esclavagista!

rmopf2005 07 Março 2012 - 19:25
Para o Sr. anonimo das 19:10
Parceria? Mega lol, o povo só vê mesmo para o lado que lhe interessa!
Pois então vamos à parceria. Se a empresa definha porque não recebe dos clientes e precisa pagar os impostos a tempo e horas onde está a parceria dos funcionários? Um patrão pode ficar sem casa, sem carro, sem os móveis da casa, mas o funcionário não perde nada porque também não arrisca nada.
Paga-se pouco aos funcionários em Portugal porque:
  1. As empresas são roubadas pela ganância em impostos do Estado, alguma dúvida?
  2. Pagam-se os ordenados dos incompetentes que a lei não permite despedir.
  3. O empresário tem de ganhar para o risco do negócio, ou algum comuna duvida que existe risco? Se não se pagar às finanças, até nos vêm buscar a casa.
Portanto é de louvar a coragem de abrir uma empresa em Portugal.


Sem comentários:

Enviar um comentário