domingo, 4 de dezembro de 2011

A lição do Governador do BdP


João Galamba, deputado do PS desde 27 de Setembro de 2009, foi consultor externo da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI), entre 2008 e a data das eleições legislativas, tendo recebido mais de 34 mil euros em dois contratos com o Estado, por ajuste directo.

Um dos contratos, no valor de 13.876 euros, sem data de celebração do contrato, foi publicado em 13 de Março de 2009 e adjudicado a João Galamba pela UMCCI. O objecto do contrato é a aquisição de serviços especializados para um grupo de trabalho da UMCCI. Não especifica o tipo de serviços e o prazo de execução foi 120 dias.
Há também um segundo contrato, no valor de 20.814 euros, celebrado em 15 de Junho de 2009 e publicado em 8 de Setembro desse ano, que foi adjudicado a Galamba pela Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. O objecto do contrato refere 'Serviços para a área financeira para a UMCCI', que não especifica, e tem fixado um prazo de execução de 180 dias.

Não se conhece os resultados destes serviços. O que se sabe é que, durante o Verão, o então consultor financeiro da UMCCI esteve muito ocupado com a produção de conteúdos para o Simplex e outros blogues de apoio a Sócrates, ainda fez campanha eleitoral, teve direito a mais de duas semanas de licença de casamento e gozou férias.
Quando questionado sobre o conteúdo destes serviços, limitou-se a proclamar: "O resultado desse trabalho, que muito me honra, foi vertido para um relatório enviado para o Ministério das Finanças e integra o Orçamento do Estado de 2010".
Com colaborações de boys no orçamento, não surpreende que o País tivesse de pedir assistência financeira em Abril deste ano.

Apesar de ter sido eleito deputado, pela primeira vez, nas legislativas de 2009, João Galamba, que se intitula economista e estudioso de filosofia política, tem integrado várias comissões parlamentares.
Anteontem, na audição ao governador do Banco de Portugal na comissão de Finanças, resolveu evidenciar-se interrompendo o governador, enquanto este explicava que aumentar a exposição da banca à dívida soberana portuguesa ia retirar financiamento à restante economia, com dois sonoros "Isso é uma inverdade!".
Mas o governador não se atemorizou com a malcriadez do boy socialista e deu-lhe uma lição:



"Desculpe, deixe-me acabar porque isso é uma ignorância total. Quando o senhor tem um montante total de crédito, este distribui-se por três sectores, público, privado/empresarial e o sector das famílias. Se o senhor tira de um lado, necessariamente o outro sofre. A isto chama-se 'crowding out' em teoria. Se não sabe o que é o 'crowding out', vá aprender!
Peço desculpa, isto ultrapassa os limites do bom senso. Esta é a realidade a que chegámos em Abril
[data em que Sócrates pediu a intervenção externa]. Se não quiserem reconhecer a realidade, não a reconheçam, batam com a cabeça na parede, porque a realidade é sempre mais resistente que a cabeça. Normalmente não sou de perder a serenidade, excepto com a má-fé intelectual.

É notório o contraste entre a expressão facial de Galamba e a do deputado socialista Basílio Horta, sentado ao seu lado, que demonstra concordância com a explicação de Carlos Costa.

Mesmo assim, na intervenção seguinte do seu partido, Galamba interveio, não para pedir desculpa pela sua falta de educação, mas para… se manifestar ofendido e desafiar Carlos Costa a um pedido de desculpas: "Penso que foi deselegante, desnecessariamente, gostava que me pedisse um pedido de desculpas".

É óbvio que o governador do Banco de Portugal não fez a vontade ao gaiato.




Opiniões recolhidas no Negócios e no Público:


JCSC1942 02 Dezembro 2011
Deputados
Um grupo de inúteis, funcionários partidários sem qualidade nem classe, salvo algumas raras e honrosas excepções.

x_kiter 02 Dezembro 2011
Ignorância Xuxa
Obviamente que se os xuxas soubessem o que era o crowding out, não nos teriam levado à bancarrota como fizeram. Obviamente que se soubessem alguma coisa de economia, teriam aceite que a política económica dirigisse as restantes políticas, em vez de colocarem um suposto “Eng” a dirigir tais políticas.
E os pategos dos votantes aceitaram colocar um fala barato a dirigir o País. Aqui está o resultado.

PR1967 02 Dezembro 2011
A ignorância dos boys
Este acontecimento, cuja notícia relata apenas metade (antes da resposta do Governador do BdP o Sr. João Galamba havia interrompido o governador afirmando ser mentira o que este estava a mencionar), é revelador do nível técnico e intelectual que possue grande parte dos boys deste país.
É óbvio que o bloguer João Galamba só é deputado por obra e graça de José Sócrates e, como muitos dos políticos deste país, não tem categoria, competência ou experiência para desempenhar as funções que desempenha.
Além disso o "garoto" é mal educado, como revelam as suas intervenções em blogues políticos.
E ainda há quem se admire com o estado a que o país chegou!

Heliommm 02 Dezembro 2011
Deu-se mal
O Dr. Carlos Costa meteu esse menino no lugar dele. É que já não há pachorra. Não bastam todas estas comissões, como ainda põem estes inúteis a fazer perder o tempo de quem quer trabalhar.

Joaomotta 02 Dezembro 2011
Haja Deus!
Espero que este episódio abra os olhos aos directores de informação da SIC que não podem colocar a comentar qualquer "economista" seja ele da área do PS, do PSD, do CDS ou do PCP.
É tempo de rejeitar toda a mediocridade e sobretudo os supostos especialistas que praticam a má fé intelectual. Quando gente desta entra em minha casa, mudo automaticamente de canal... para não estoirar a televisão.

Mudar 03 Dezembro 2011 - 11:55
Com licença, Sr. Governador
Claro que os socialistas palacianos têm muito por onde levar... Mas o Sr. governador descarrilou! Não foi apenas deselegante. Descontrolou-se, perdeu a cabeça, demonstrou uma irritação própria de alguma senilidade. Onde estava o Sr. governador quando esta crise estava a galgar terreno? Onde estava o Sr. quando era um autêntico fartar vilanagem nos negócios da banca? Certamente que estava com a boca trancada numa boa teta... tal como agora.
"Crowding out", "core tier", "downgrading", e outras partes gagas são de facto conceitos "difíceis" que só "inteligentes e competentes" como o Sr. governador percebem! Começo a desconfiar que este governador também faz parte da escola do Vítor Constâncio. A escola de incompetentes de vida fácil.

PR1967 03 Dezembro 2011 - 12:46
A defesa do absurdo
Caro(a) Mudar,
O que o Governador do Banco de Portugal fez é exactamente aquilo que deve ser feito, colocar a nu a ignorância e a má educação reinante na nossa classe política.
Goste-se, ou não, há terminologia técnica em economia/finanças e a discussão era precisamente numa comissão que pressuponha que tivesse na sua constituição elementos com conhecimentos técnicos. Não era uma entrevista para TV.
Agora que o Banco de Portugal, enquanto regulador/supervisor, deveria já ter identificado as fraudes do BPN, disso ninguém duvida. Porém, deve dizer-se em abono da verdade que o governador à época era Vítor Constâncio.
P.S.: João Galamba é o paradigma de boy que, por escrever meia dúzia de frases vazias de conteúdo em blogs em defesa dos políticos do poder, é premiado com o cargo de deputado e mais umas alcavalas para se "governar".

JoaoAlberto 03 Dezembro 2011 - 22:35
Caramba, Galamba
Com a tua mania de querer sobressair, para garantires o teu tachito de boy, estás a chatear o mais velho Carlos Costa, que tem mais que fazer do que estar a aturar-te. Na maior parte das vezes, perdes óptimas oportunidades de ficares calado.
Na AR, como os deputados do PSD e CDS são jovens, ainda vão tendo alguma paciência para ouvir as tuas bacoradas mas, por favor, não chateies com as tuas parvoíces quem tem competência e falta de paciência para aturar putos incompetentes armados em espertos.

João Menéres, Porto. 02.12.2011 23:15
Economia
O Dr. Galamba, por certo ilustre economista e não menor deputado, podia ter economizado ao dizer que "gostava que me pedisse um pedido de desculpas”.
E ainda falam da ignorância cultural de alguns estudantes...

Indignado, País sem acentos. 03.12.2011 03:20
Atenção, que a memória não é curta
Não sou filiado, nem sequer simpatizante de nenhum partido político, mas chega de fantochadas porque nós não andamos a dormir! Em 2009, o agora deputado João Galamba, na altura candidato a deputado pelo PS, escreveu no blog SIMplex "O João Gonçalves é um filho da puta" quando se referia a um adversário do PSD.
Estes meninos que andaram a abanar bandeiras em comícios e nunca souberam o que custa trabalhar, deviam de facto ir aprender: aprender a ser educados, aprender a saber estar na política, aprender a saber do que falam, aprender a trabalhar e aprender a não se fazer de vítima de quem se sentiu muito ofendido com o que ouviu. Não brinquem connosco, que pagamos os nossos impostos e trabalhamos para que, de facto, Portugal vá para a frente. Deixe-se de demagogias, Senhor Deputado.

Anónimo, aveiro. 03.12.2011 04:20
Concordo com o Governador
O que se passa é que os deputados se habituaram a enxovalhar quem vai lá, em boa fé, expor o seu conhecimento. O que o deputado disse e não podia dizer foi "Não é verdade". Ora se é, então é grave.
Os deputados confundem política com paleio e isso tem que acabar. Se não, tanto se pode dizer uma coisa como outra, só para criar demagogia... Foi muito bem feito o que o governador disse, pois mostrou que o deputado está impreparado para o cargo, pelo menos no que diz respeito à seriedade na argumentação.

Anónimo, Lisboa. 03.12.2011 07:41
Uma lição ao deputado
Foi uma lição ao deputado, que os deputados são eleitos, na maior parte das vezes, sem olhar à sua competência, só porque estão no partido ou fizeram um frete a alguém, ou são amigos de alguém, alguns passam uma legislatura sem uma única fala. É o país que temos em que alguns continuam a defender o Sócrates, depois do que o dito fez a Portugal. Parabéns Carlos Costa.

Jorge Ribeiro, Coimbra. 03.12.2011 16:10
A arrogância
O Dr. Carlos Costa pode até ser um economista emérito. Não tem é o direito de se comportar deste modo. João Galamba é do mesmo modo um economista muito conceituado e, se não está de acordo com Carlos Costa, como deputado numa comissão à qual Carlos Costa foi chamado, tem todo o direito (e o dever) de o confrontar com as opções tomadas pelo Banco de Portugal. A "gaffe" de Carlos Costa não é bem um lapso: é intolerância e falta de educação. No mínimo, Carlos Costa devia demitir-se. O Banco de Portugal não está acima da Assembleia da República e ele demonstrou não ter capacidade para viver em democracia. Não faltam reputados economistas para o seu lugar.
  • João, Londres. 04.12.2011
    RE: A arrogância
    João Galamba um economista reputado? Essa tem piada. O homem foi enxotado da London School of Economics por não valer nada. Tendo em conta o seu historial, não admira que não saiba o que é o crowding-out.
    Ele que vá lá fazer o doutoramentozeco em filosofia de não sei quê. Pode ser que disso perceba. De economia é que me parece difícil.


2 comentários:

  1. Passos Coelho: incompetente. Deixou o país pior do que estava e não é grande economista, portanto. :) Carlos Costa: incompetente e pau mandado da banca. Prova: caso BES. Pedido de ajuda financeira foi exigido pela banca portuguesa e desaprovado por Merkel e Junker. Ficaram furiosos com a queda do governo português. Informem-se. Deixem lá o João Galamba aprender política... é errando que se aprende, ninguém nasce ensinado. E não sejam invejosos ... isso é muito feio. Sejam adultos.

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    1. Passos Coelho: incompetente. Deixou o país pior do que estava e não é grande economista, portanto.

      Apresente estatísticas de fontes fidedignas.


      Carlos Costa: incompetente e pau mandado da banca. Prova: caso BES.

      Compare a dimensão financeira do BPN com o BES — uma formiga para um elefante.

      Depois compare os prejuízos derivados da nacionalização do BPN — 2000 milhões de euros ainda durante o segundo governo de José Sócrates —, já contabilizados em orçamentos de Estado e portanto já pagos pelos contribuintes, com uma hipotética parte — menos de metade dos 3900 milhões de euros emprestados pelo Estado ao Fundo de Resolução da banca — que poderia vir a ser paga pelos contribuintes via CGD, apenas no caso do Novo Banco ser vendido por 0 euros, o que é completamente impossível.

      Afinal quem foi incompetente?

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