sábado, 3 de dezembro de 2011

Reviver o passado com Diego Rivera (sem esquecer Frida Kahlo)


"Não há heróis em 'Frozen Assets'. No mural mais emblemático que o mexicano Diego Rivera pintou para a sua primeira exposição em Nova Iorque, há precisamente 80 anos, são os edifícios que então começavam a definir o skyline de Nova Iorque que se impõem como protagonistas. Os homens que ajudaram a erguer o Empire State Building, o Chrysler Building ou o Rockfeller Center estão na imagem mas quase não se distinguem. Fazem parte da multidão que faz fila na paragem do comboio elevado ou preenchem quase todos os milímetros do barracão que lhes serve de abrigo nocturno, sob o olhar atento de um guarda. Mais abaixo conseguem distinguir-se os funcionários de um banco e alguns dos clientes que aguardam vez para visitarem a casa-forte da instituição.

Entre a imponência dos edifícios e a riqueza escondida no cofre de um banco qualquer, há algo que não bate certo em 'Frozen Assets'. Os homens que edificaram Nova Iorque, na onda de construção que varreu a cidade para combater as consequências da Grande Depressão, surgem como mártires. Primeiro, vítimas do desemprego. Depois, sujeitos a condições de trabalho sub-humanas. Como manifesto de crítica social não é preciso mais.

Oito décadas depois, 'Frozen Assets' volta às salas do MoMA, que em 1929 desafiara Rivera a expor o seu trabalho no recém-inaugurado Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Oito décadas depois, vários quarteirões abaixo da rua 53, uma pequena multidão de indignados ocupou o Zuccoty Park, na baixa de Manhattan. A 13 de Novembro último, o pintor mexicano 'ocupou' Nova Iorque com a exposição 'Murals for The Museum of Modern Art'. Dois dias mais tarde, a polícia nova-iorquina expulsou o movimento Occupy Wall Street da praça que, durante semanas, lhe serviu de quartel-general no combate à ganância empresarial, às desigualdades sociais e ao poder corrosivo dos grandes bancos e multinacionais.

Coincidência ou não, Rivera 'regressa' ao MoMA numa altura em que os Estados Unidos e a Europa estão a pagar a factura da crise financeira de 2008. A situação económica que se vive no mundo ocidental é a mais grave desde a Grande Depressão. O mural 'Frozen Assets' recupera a actualidade de há 80 anos quando contemplado em Novembro de 2011."






"Mas nem só de crítica social é feita a exposição 'Murals for The Museum of Modern Art' (...) Também há imagens de admiração e homenagem à força laboral dos operários norte-americanos, como em 'Pneumatic Drilling'. Frescos de veneração à capacidade de rebelião dos povos da América Latina, seja contra uma potência colonizadora — 'Indian Warrior' —, seja contra um regime opressor — 'The Uprising'."



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