Temos sido confrontados com a promiscuidade entre a economia e a política, com as remunerações, prémios e mordomias obscenas de gestores de empresas altamente endividadas do sector público empresarial, com a acumulação de pensões de reforma pelos detentores de cargos públicos e políticos, muitas vezes obtidas antes dos 50 anos.
Ouvimos os nossos governantes mentirem despudoradamente, observamos o crescimento descontrolado da dívida pública, o alastrar da corrupção e assistimos ao bloqueio da justiça pelos códigos aprovados pelos nossos deputados.
Muitos de nós já não confiam nem na competência, nem na ética da classe política.
A poucos dias das eleições presidenciais vêem-se, em comentários nos jornais, apelos à abstenção ou ao voto em branco. Em sondagens neste blogue, que atrai leitores de nível cultural muito superior à média nacional, o voto em branco está em 2º lugar. Daí propor-se uma reflexão sobre o assunto.
Não se apoia a abstenção porque significa alheamento e incumprimento de um dever de cidadania.
Compreende-se o desencanto que conduz ao voto em branco e ao voto nulo, apesar de permitir ao candidato mais votado ufanar-se de ter ganho as eleições à primeira volta.
Porque, caro leitor, segundo uma informação da Comissão Nacional de Eleições, os votos em branco e os votos nulos não têm influência no apuramento dos resultados.
No entanto, os eleitores já foram tantas vezes ludibriados que alguns nem num candidato independente conseguem confiar e vão votar branco ou nulo.
• Ora num país em 32ª posição no Índice de Percepção da Corrupção, o voto em branco pode ser transformado em voto nalgum candidato, frustrando a intenção do eleitor. Cuidado!
• Pelo contrário, o voto nulo é seguro. Para anular o voto pode-se escrever uma frase ou traçar uma grande cruz.
Mas será sempre eleito, à primeira ou segunda volta, o candidato que tiver mais de metade dos votos expressos, qualquer que seja o número de votos brancos ou nulos.
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